Alguém bateu na porta,
Três vezes,
Chamou meu nome.
Eu estava com o chuveiro
Ligado,
A água morna
Percorria meu corpo.
Eu cantava
Uma canção romântica,
Antiga e esquecida.
Ouvi de volta,
Palmas altas surgiam
Da minha área,
Pensei comigo mesma:
Mas o portão esta fechado,
Não há como alguém
Ter entrado”.
O barulho continuou,
Eu desliguei o chuveiro,
Parei para ouvir
E não pareceu engano.
Mas eu não esperava ninguém.
Saí fora do banheiro,
Olhei o celular,
Não havia mensagem,
Então, sem avisar
Ninguém viria.
O que seria?
Soltei o celular
Sobre o sofá,
Estava abrindo a porta
Do banheiro,
Quando surgiu um estranho,
Me abraçou pelas costas.
Eu quis reconhecer o cheiro,
Tentei me esquivar
Para ver quem era,
Mas dois braços fortes
E masculinos me envolveram
Sem dizer nada.
Apenas usou sua força,
Eu estava nua,
O chuveiro estava desligado,
Então, ele me empurrou
Até a água,
Ligou fortemente o chuveiro,
Pegou o chuveirinho,
E o empurrou
Contra as minhas narinas,
Até o final.
Eu tentei suspirar,
Tentei gritar,
Tentei respirar...
Eu lembro que meu ex marido,
Finalmente foi embora,
Depois de dez anos de casados,
Ele deixou nossa casa.
Mas não sem prometer,
Eu volto,
E você irá me querer
Menos ainda que hoje.
Meu último suspiro
Foi está lembrança,
Ele abrindo a porta
Depois de ter saído,
Colocado o rosto lá dentro,
Com seus olhos azuis ofuscados,
Seus lábios me dizendo isto,
Ele retornando o passo
Que deu até a sala,
E fechando a porta.
Depois disso,
Tudo se apagou,
Eu arfei,
Arfei sem querer,
Eu busquei o ar,
Eu quis viver,
Por Allah,
Como desejei a vida.
Água retornava
Do meu corpo,
E água entrava por ele.
Me vi aos doze anos,
Sentada sobre minha
Cama de solteiro
Lendo o Alcorão:
“Ó Meus servos que vos excedentes em detrimento de vós mesmos, não desespereis da misericórdia de Deus. Deus perdoa teus pecados. Ele é compassivo e misericordioso.”
Logo, as páginas se ofuscaram,
Eu movi a mão,
Quase abri os olhos,
Eu estava inerte no chão,
Tudo foi se apagando.
Eu me senti carregada,
Eu acreditei que estava,
Não sei se naquele estado
Se acredita em algo,
Fui, depois, jogada no asfalto.
Não senti dor.
Tudo ficou escuro.
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