domingo, 6 de abril de 2025

Lá na Chácara Ahmed

Chegou o final do verão,
Foi difícil aguentar
Imenso calorão.

O sol há milhas de distância
Queimou como se estivesse
Na própria terra.

Ele chegou na laje,
Aqueceu ela,
E ela espalhou calor,
Feriu algumas árvores,
Derrubou folhas
Por todo o chão,
Queimou os frutos.

Agora os frutos sofreram
Amadurecimento precoce,
Nem todos ganharam doce,
Alguns nem poupa.

Caíram.

Apodreceram no chão,
Mas a galera da chácara Ahmed
Não ficou tão triste,
Nós fizemos uma rodinha
De oração com todos,
As galinhas, os patinhos,
Os gatinhos,
Os cães, mamãe e papais,
Nos abraçamos.

Aí abrimos o livro de Allah,
O Alcorão,
E o lemos.

Estamos ainda lendo,
E a chuva veio lá do céu,
Intensa e forte,
Molhou as folhas,
Molhou o caule ceco
Que nem parecia mais ter vida.

Molhou a laje quente,
Fazendo evaporar água
Para os céus,
Molhou os frutos que ainda
Estavam no pé
E deu a eles suco.

Deu a árvore seca,
Folhas novas,
E deu flores a outras.

A água que já estava escassa
Voltou a fonte.

Veio também o frio,
Chegou o outono.

Contudo,
Cada frutinha adquirida
No mercado
Para alimento,
Nós plantamos sua semente.

Estamos com uma plantação
Nova de frutíferas,
De todas as espécies e sabores.

E estamos lendo o livro
Todos os dias um pouquinho.

“Ele sabe o que encerram os corações.”

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