sábado, 5 de abril de 2025

Perdidos e Com Fome

Reuniu-se um grupo de amigos,
Doze pessoas:
Sete mulheres jovens e bonitas,
Cinco homens de igual forma.

Decidiram velejar,
Ocorre que o vento mudou o rumo,
Todos permaneceram no grupo,
Contudo mudaram a rota.

Foram para a quilômetros
De onde iniciaram,
Num local de árvores e flores,
Sem comida ou água.

A fome chegou
E os pegou desprevenidos,
Não havia meio de comunicação,
Gritar não adiantava.

Se uniram um ao redor
Do outro,
Guiado pelo medo e instinto.
Logo, Adão puxou o biquíni de Mineira,
Mineira se irritou
Juntou um galho do chão
E bateu em sua cabeça
De ímpeto.

Adão caiu com o impacto,
Sangrou e não levantou mais.
Jussara e André se abraçaram
Assustados,
André abriu suas pernas
E abrigou ela ali no meio,
Abraçando-a
E beijando seus cabelos.

As estrelas brilhavam,
Mas a lua permaneceu escondida,
Foi uma noite fria,
Barulhos ecoavam nos ouvidos,
Todos se juntaram recostados,
Não se via um palmo.

Quem dormiu acordou cedo,
Quem não dormiu,
Foi tomado pelo medo,
Mais que os outros.

Acordaram e Johana,
Estava com as mãos unidas
Sobre os lábios fazendo toda
Espécie de barulho tenebroso.

Beirava as quatro da madrugada,
Quando identificaram
Aquela forma esquálida e indefinida,
Agindo de maneira aterrorizante,
André juntou uma madeira
Do seu lado
E meteu contra o rosto dela.

Johana se levantou sangrando,
Gritando aos urros da morte,
Chegou por trás de André
E juntou ele usando os cabelos
De Jussara,
Enquanto descabelada a outra,
Enforcava André.

Houve gritos de toda parte,
Jussara se arremessou para trás,
Num movimento onde parou em pé,
Juntou Johana pelos cabelos,
E rolaram as duas na terra.

Johana caiu montada
Sobre o corpo de Jussara,
Desferindo-lhe tapas e socos
No rosto sem parar,
Jussara começou a sangrar,
E André, então, interveio,
Pegou Johana pelo pescoço,
E a retirou de sobre a outra.

O grupo todo emudeceu
Do início ao fim da noite,
André sacolejou Johana
Pelo pescoço,
Até deixá-la cair inconsciente.
Jussara se agarrou aos pés de André,
Chorando desesperada.

André se agachou e pegou ela
Em seus braços,
Levando-a até a beira da água
E chorando.

Mesmo sendo homem
Deixou seu orgulho de lado,
Para olhar para aquela moça
Sangrenta e dolorida
E chorar.

- Allah, aonde estamos?
Ele clamou com a garota
Em seus braços.
- Allah, sinto medo.
Ele disse em suspiros e dor.

Jussara abriu os lábios sangrentos
Pra falar mas não pôde.
Lhe caíram dois dentes,
Um ela cuspiu no mar,
O outro engoliu
E parecia preso na garganta,
Se via morrer
Entre a dor e o não conseguir
Respirar,
Seus ossos doíam,
Seu rosto parecia se abrir,
Sangue escorria sem parar,
Não sentia o nariz.

Mas André estava aquecido,
E sentir seu pênis ereto
E excitado contra sua cintura
Foi bom,
Lhe trouxe calor e vontade de ficar,
Porquê o mundo todo parecia
Não os querer ali.

Desde o vento maldito e frio
Que iniciou e não teve fim.
Até a prancha que estragou
Contra algumas pedras submersas,
E o frio que cortava a pele,
Corroía os ossos.

- que fome.
Ela sussurrou entre dentes.
Suas barrigas roncavam.
Suas boas maneiras foram
Abandonadas há muito tempo.
Não haviam peixes,
Correram atrás de pássaros,
Mas, todos eram rápidos
E voavam num instante,
E os dias passaram.

Correram três dias.
Moscas sentavam sobre
Aqueles cadáveres,
Então, Marcelo juntou um pé,
E puxou Adão através dele.
- me desculpem,
Estou esfomeado
E não vejo saída.

Então, começou a morder
Aquele corpo flácido e mórbido,
E arrancou pedaços de carne
Entre os dentes.
Devorou-o.

Se alimentou até ficar satisfeito.
O grupo de amigos
Começou a disfarçar,
Se esconder um do outro
E comer a carne.

Na imensidão do mar
Não via-se nada,
Peixe ou vida.
Na vastidão do mato verde,
Não havia nada,
Ovos ou pássaros,
Eles fugiram aos bandos,
E outros animais não surgiam.

Tentaram subir nas árvores grandes,
Buscar amparo,
Não se via nada além do mato.
Estavam perdidos
E começaram um a devorar o outro.
E olhavam-se angustiados,
Quem iria julgar a atitude
Dentre eles?

Quem levaria o ocorrido
As autoridades para ter de responder?
Então, Cartian
Esperou todos se juntar e
Deu asas aos pensamentos,
Vida ao conflito:
- ok. Todos estão comendo,
Podemos aguentar algum tempo,
Ninguém irá morrer.
Não de fome.

Houve um silêncio entre todos.
- estamos com cede, certo.
Não há água.
Ninguém esperava isto
De vir parar perdidos
Num local inabitado.
Tiago, sorriu:
- ah. Quem se importa?

Pegou um tronco de madeira
Grossa do chão,
Levantou para o alto,
Fez umas manobras
Em gargalhadas
E meteu na cabeça de Jussara.
Ela caiu sem vida.

André pulou de ódio
E medo,
Empreitou contra Tiago,
E sofreu socos, ponta pés,
E ferimentos graves.

Com um soco de Tiago
Sobre sua testa,
Próximo ao olho,
O rosto de André se partiu,
Parte do cérebro caiu para fora,
E ele esmaeceu ao chão tremendo,
E gemendo.

Gemeu por horas.
Tiago puxou Jussara
Para trás do mato
E gritou de prazer
Mas os gritos se alongaram
E assustaram os demais.

Dirson se levantou do chão,
Onde todos pareciam estagnados
E foi ver o que havia.
Tiago estava estuprando o cadáver,
Jorrando porra sobre a carne fresca.

Dirson, nem se importou
Com o fato de Tiago
Possuir doenças sexualmente transmissíveis,
E ele nem lembrava quais.

Juntou um ramo de árvore,
O cortou com a própria força,
Com único movimento
Em sentido de quebra-lo,
E empreitou contra Tiago.

O ramo cortava o vento,
Fazia barulhos aterrorizantes
E de alcance longo,
Torceu e quase implorou
Que alguém pudesse ouvi-lo
E fazer algo para socorre-los.

Então, bateu em Tiago,
Um movimento contra seu rosto
E o derrubou,
O corpo de Jussara acompanhou
Um pouco a queda,
Depois parou.

Ele bateu em Jussara
E cortou seu rosto,
Depois pisou no pescoço dela,
Sentindo nojo absoluto:
- nojenta, imunda.
Olha o que você desperta monstra?!
Ele gritou.

Depois pisou sobre a barriga
Flácida dela,
Afundou dentro da pele,
Sem rasgar a pele,
Apenas com seu peso,
E foi até Tiago,
Batendo muito com aquele ramo.

As folhas do ramo foram
Caindo e ele ficou com
Os semi galhos limpos
E sujos de sangue.
- morre, desgraçado!
Ele gritou a toda voz.

Sempre batendo,
Até que caiu sobre o corpo
De Tiago,
E o feriu com socos,
Usando toda a sua força,
Quando cansou-se, parou.

Os olhos azuis de Tiago
Escorriam lágrimas,
Suas mãos estavam fechadas
Em punho.
Ele não se movia.
Sangrava silencioso.

Quando saiu de lá
Dirson se deparou com o olhar
Dos outros,
Que nada diziam.
- não sabemos quando iremos
Sair,
Ou se iremos voltar pra casa.

Ele falou arfante.
- não há fogo.
Estou explodindo por dentro.
Estou inteiro ódio.
Odeio tudo que vejo.

Então, se jogou sobre Solitian
E a beijou no rosto
Com força,
Caindo sobre seu corpo
E o mantendo imóvel
Na terra,
Ela respondeu ao beijo
Com afeto e respeito.

Ele tirou o pênis ereto
De dentro do calção
E transou ali em frente a todos.
Apenas afastando seu biquíni,
Transou por horas.

Entre gemidos e sussurros,
Houve a promessa:
- eu sempre desejei você,
Eu não tive coragem de dizer.

Olhou-a e disse:
- te amo.
Ela o abraçou,
Apertando ele em seu peito.

- poxa, cara.
Você é o mais lindo!
Eu gosto de você desde o colegial.
Eu odeio velejar,
Vim por você!
Ela respondeu.

O coração de ambos se abrandou.
Os outros juntaram-se,
E beijaram-se mutuamente,
No grupo mesmo,
Garotas e garotos
E todos.

Beijo a três,
Pegação a solta.
Com direito a se rolar
Beijando e se tocando.
- o frio causa este efeito.
Disse Jorante,
Sentado no chão.

Dirson e Solitian sorriram.
Abraçados.
- não temos escolha
Exceto nos aquecer.
Ele continuou.

- gostaria de conversar em acordo
Com todos sobre a carne,
Que relativamente é pouca,
Não sabemos por quanto tempo
Não teremos saída daqui.

Houve um burburinho
E alguém lá do grupo
Que ainda estava abraçados,
E uma garota sentava
No colo de um rapaz.

Disse:
- ninguém nada por tantos quilômetros,
Estamos fracos,
E não sabemos para onde ir.

- sim.
Temos sorte em estarmos vivos.
Dirson continuou.
- sem comida e sem água
Não iríamos sobreviver,
Ao menos estamos com alimento.
Ele continuou.

Todos se calaram.
- é crime matar,
Violentar pessoa viva ou morta,
Mas quem quer optar pela
Própria morte?
Temos direito a sobrevivência.
Ele disse.

- é certo que sim.
Respondeu Keila.
- estamos numa espécie de tortura,
É normal tomarmos decisão extrema,
E isto,
Ao sairmos permanece
Em sigilo.

Os dias correram,
Os corpos foram comidos,
Antes do fim da carne,
Chegou um navio,
Os avistou e chegou até eles.

Era o dono que veio
Passear pelas terras,
Ele se ofereceu para levar
Todos de volta,
Enquanto subiam no navio,
Ele foi perambular pela terra,
Então, encontrou Tiago,
Com o corpo definhando,
Morto e rasurado.

Chutou o corpo,
Olhou para o grupo de amigos,
Retornou ao corpo
E o chutou contra uma moita.

Caminhou em silêncio
Até a escada do navio,
Olhou seriamente de um
Para o outro.
E não disse nada.

Depois, recostou-se no navio,
Pensou um pouco,
Procurou uma pá
E retornou ao grupo,
Que estava emudecida
E grudados um no outro.

- há um corpo estranho
Lá na mata.
Cavem e enterrem-no.

Todos desceram com medo,
Cavaram fundo
E colocaram lá todos
Os restos,
Se olhavam significativamente
De um para o outro.

Olharam o dono da terra,
Que estava vestido
Em um terno escuro.
Ele desceu até o final da escada.
Ficou lá parado e imóvel.

O rapaz que tinha a pá
Passou por ele
E afundou com único
Movimento a pá aos pés dele.

Depois subiram todos.
Por último ele foi.
Retirou a pá,
E guardou.

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