quarta-feira, 21 de maio de 2025

Anos Infelizes

Aos quinze anos
Eu reconheci
Em alguém traços
Que considerei
Por amor.
Foram meus primeiros carinhos,
A primeira vez de tirar a roupa,
Eu pensei que tinha discernimento
Para fazer a escolha,
Apontei ele a dedo,
Em meio a muitas pessoas,
Lá entre amigos,
Ele foi o escolhido.
Eu bebia os primeiros porres,
Tomei álcool como não poderia,
Seria ilícito,
Mas serviam a mesa,
Depois do beijo,
Eu disse pra eu mesma
Amo a este e não outro.
A idade infantil
Me cobrou no rosto,
Primeiros de casamento
E veio o estapear de mão cheia,
Mas, se eu for pensar
Um pouco,
Desde o namoro
Era previsto o fim prematuro.
Ele não suportava
Nossos gastos,
Eu menor de idade
Não tinha trabalho,
Auxiliava no ramo familiar,
Ele aos seus dezoitos anos,
Sadio e homenzarrão,
Não buscou emprego fixo.
Me pedia dinheiro emprestado,
Contudo, eu adolescente
Não recebia salário,
Me inseriu bebida no cardápio,
Despiu minha roupa
Cada vez que pôde,
Onde e como foi de seu alcance.
Uma vez,
Lá no bar do Seu Ronildo,
Outra vez na beira do asfalto,
Por seguida na entrada
Da estrada que dava
Para a casa do Seu Romeu,
Por fim, me levou ao motel.
Sagrado lugar barato,
Onde deita toda a arruaceira,
Com o fim único de sexo,
Motel não hotel,
Todavia, o fim era o próprio.
Lençóis frescos de amor
Recém acabado,
Mais uma conta a acrescentar,
Chegou a data feliz,
Casamo-nos,
Nem lá foi como eu quis,
Passaram os anos
E em cada um fui a mais infeliz.
Me separei,
Após dez anos,
Entre traições,
Motéis baratos
E desentendimentos,
Enfim, desprendimento.

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