sábado, 17 de maio de 2025

De Árvore pra Banda

De menina
Eu subi na bergamoteira,
Sentada a me embalar
No seu galho,
Eu formei minha própria banda.
Eu fazia o vocal,
O som provinha das frutas,
A baterem uma na outra,
Caírem no chão
Sobre os galhos secos,
Mais suas folhas
A voarem pelo vento...
Até pousar bem distantes,
De tudo isso
Retirei minha melodia,
Compus minha própria letra,
Tentei não me arranhar
Nos galhos,
Não fazer um rock da pesada
Pra não quebrar os galhos,
Não curtir metal
De forma muito intensa
Pra não matar a árvore toda.
Na hora de descer
Eu soube pular do tronco
Para a terra,
Soube chamar meu pai
Para me buscar,
Soube pedir o colo
Da minha mãe...
No caminho do sucesso
Da banda,
Eu convidei os amigos
Para o show,
Chamei ao palco,
Chamei meu irmão
Para fazer voz dupla,
Chamei os vizinhos
Para a plateia,
Fiz até plaquinhas
Para o fanatismo...
Tudo isto me preparou
Para o futuro de sucesso
Que estava por vir,
Chegar na banda que me inspirou,
Que me fez pular os versos,
Construir outros,
Juntar todos
E chamar de música...
Me fez eu valorar as velhas fitas,
Poxa, eles já não estão
Tão jovens,
Nem brincam em árvores,
Seus cabelos estão brancos,
A barba desfeita,
As roupas que usam
Pertencem a épocas passadas,
Mas nunca estiveram
Tão intensos
E tão da hora.
Pelos bons,
Pelos velhos tempos,
Eu os vejo em pranto,
Vibro em seus sons,
Me declarou fã
E grito te amo
Galera foda!

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