quinta-feira, 15 de maio de 2025

Minha Religião

Estou perdendo
Minha religião,
Isto não são momentos,
Eu não consigo mais crer,
Algo dentro de mim
Se quebrou.
Paro o carro em frente a capela,
Está aberta,
Tem velas acesas,
Não há ninguém nela,
Me coloco de joelhos
Logo ao abrir a porta do carro,
Ali mesmo,
Em plena calçada
Em frente a todos,
Que se danem,
Não creio mais em nada,
O que for dito não me abala.
De joelhos na calçada,
Eu me viro para trás,
Ando ajoelhada,
Terço entre os dedos,
Nem sei por quê,
Sigo até o asfalto,
Ultrapasso mesmo sob
Risco de ser atropelada
Pelos carros que passam
E podem não me ver tão pequena.
Chego ao outro lado
Da calçada sozinha,
Subi os degraus da escada,
Chego a capela,
Vou até o altar,
Pegou uma das velas acesas
Com ela acendo todas as outras.
Meu terço ainda está
Entre meus dedos,
Então, ajoelhada e ferida
Eu rezo.
Penso se sou capaz
De abandonar a bebida,
Deixar de brigar com meu esposo,
Não aceitar toda opinião contrária
Como uma razão para discutir,
Elevo meus olhar ao alto,
Penso em tantas vezes que
Meu esposo acreditou em mim
E diante disto
O quanto foi tão pouco
Que cri nele,
Uma lágrima desceu meu rosto,
Ele merece mais que isto,
Então, peço perdão a Deus.
Abaixo minha cabeça
Sobre minhas mãos unidas
Em oração e agradeço
Deus o enviou,
O colocou em meu caminho,
Ele me amou,
Soube me entender,
Aceitar minhas fraquezas,
Me defender.
Me coloco de pé,
Estou segura agora,
Deus enviou-me um alguém,
Este é diferente dos outros,
Ele me abraça se tenho dor,
Ele impede que me firam,
Deus me ouviu,
Meu esposo o atendeu.
Obrigada, Deus.
Te amo, Deus.

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