Viúva do tenente espigão,
Dona Maria odiava a vadiagem,
Dizia ela que os negros estavam
Descarados devido ao pouco
Serviço que o progresso proporcionava,
Já não haviam tantos cativeiros,
É por isso que agora
Clamava-se pelo chicote,
Só o chicote iria pô-los
Em seus lugares devidos,
Chicote é tudo de que precisam,
Tivesse ela muitos,
Pelas bençãos de Deus,
De um a um os usaria
Até arrancar sangue de seus lombos.
Dona Maria, tia de duas moças
Foi a Manuel visitar Ana Rosa,
Quando deparou-se com a figura
De Raimundo:
- pra, veja como se porta,
Parece esquecer suas origens,
Eu mesma vi inúmeras vezes
Domingas, a sua mãe, sendo
Chicoteada.
Disse a tia as sobrinhas.
- não cheguem perto.
Proibiu-as.
Nisto Manuelzinho entra na sala,
E vai até Raimundo,
Nos fundos quando se refere
Ao povo:
-malditas negras,
Escondem-se atrás das brancas
Das casas para lhes passar piolhos
E quais pestes possam.
Afianço, caro doutor,
Se conservo negros a meu serviço,
É por não dispor de outro remédio.
Foi Ana Rosa quem menos
Aprovou o jeito comedido
E distanciado de Raimundo,
Ela era acostumada
A ser o centro das atenções,
Receber elogios de toda a espécie,
Sentiu-se retraída com relação a ele.
Ao final da visita,
Noite a vista,
Raimundo graciosamente
Indagou se a tia Maria
E suas duas sobrinhas
Precisavam de algum criado
Para lhes acompanhar pelo caminho,
Elas aceitaram,
Ele próprio foi.
Ao retornar,
Retirou-se para o quarto,
Abriu um livro
E caiu no sono
Com um charuto aceso
Ao seu lado,
O livro sobre o peito,
Mas não distante,
Alguém velava por ele.
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