sexta-feira, 23 de maio de 2025

Ramo de Trabalho: Homicídios

- alô. Empresa Lirow de engenharia,
Em que posso ajudar?
Indaga a secretária,
- preciso contratar um serviço.
Diz um homem do outro
Lado da linha.
- está certo,
Vamos agendar um horário.
Ele responde,
Pega a agenda analisa
Um horário disponível
E o expõe.
- o horário disponível
É das dezessete horas
Do dia quinze,
Na sala do térreo.
Estaremos aguardando.
O homem anota a data
E horário e comparece.
É guiado até uma sala
Onde ele é visto
Pelo vídeo escurecido
Contudo não vê quem
Está do outro lado.
Anota-se nome da pessoa,
Idade e demais características,
Bem como, local onde mora
E quais frequenta.
- Paula? Moça jovem com filho?
Somente a Paula?
Indaga uma voz feminina
De onde ele não vê nada.
Ele senta -se mais seguro.
- sim, o filho é meu
Eu quero tê-lo em meu poderio,
Mas, não desejo mais Paula.
A moça o olhou.
Depois baixou o rosto
Para a folha de papel
Que tem em mãos,
Sobre uma agenda
E continua anotando.
- está certo.
O valor é vinte mil reais.
Ele se assusta,
Acha o valor interessante,
É baixo e simples,
Ele odeia Paula,
Iniciou um relacionamento
Apenas para diversão,
Dele proveio um filho,
Contudo, passado o tempo
De convívio,
Ele sentiu-se incapaz
De adaptar-se ao casamento.
- sim, tenho o valor.
Ele respondeu.
- passe imediatamente
Para a caixinha que está
Ao seu lado
Em madeira
Presa a parede
É só puxar que ela
Vai até você,
Você coloca ali
E sai.
Ele riu.
Você tem dois dias.
- vinte e quatro horas.
Se tudo que você informou
Se confirmar são vinte e quatro horas.
Ele puxou o compartimento,
Colocou o dinheiro
E saiu para fora
Sem ter visto ninguém.
Saído da sala,
A secretária passou
O valor e os dados
Para Fagundes,
Ele os pegou.
De sua sala,
Sentado atrás de sua mesa
Amarela de madeira nobre,
Ligou para um dos rapazes
Que faziam a parte da rua.
- Edivaldo, você pega um veículo
Sem permissão ou conhecimento
Do dono,
Que tenho um serviço para você,
Em posso do veículo,
Ligue para o número coordenado.
Edivaldo, usando outro celular
Ligaria também,
Para outro número.
Edivaldo agendou
Encontrou com a namorada
Que estava no trabalho,
Iria esperar ela
A partir daquele instante
Na praça para tomar sorvete
No carrinho
Que sempre fica lá.
- tá bom, meu amor.
Em suas horas saio
Do trabalho e vou.
Ela respondeu
Com um sorriso.
- tenta vir o quanto antes,
Vida.
Estou com saudades.
No caminho
Ele comprou uma
Caixa de bombons
E encaminhou para ela.
Sempre tão gentil,
Quando queria.
Ao lado do bar
Onde encontrou os bombons,
Encontrou o carro perfeito,
Pagou a um moto táxi
Para levar os bombons,
- diga a ela, que estou aqui,
Esperando ansioso.
Ele falou
Para o rapaz na moto.
O rapaz abriu a viseira
Olhou seu rosto,
Pegou a sacola
Pendurou no braço
E foi até a empresa
De calçados.
Edivaldo, neste instante,
Usando uma chave extra,
Abriu a porta do carro de passeio,
Entrou como se fosse dono,
Ligou a ignição e foi até três quadras distante.
Lá parou,
Comprou uma cerveja,
Voltou ao carro,
Abriu a cerveja
E a tomou,
Enquanto com a mão esquerda
Fazia a ligação para a empresa.
Ele não tinha carteira assinada,
Mas, tinha o vínculo de emprego
Com ela,
Conforme o trabalho
Ele era contratado e pago.
Tudo no mesmo instante.
- alô?
Alguém atendeu.
- alô, sou eu.
Edivaldo respondeu.
Era a senha
Quando se tratava
De trabalhos agendados
Para ele.
- anote os dados...
Ele anotou tudo bem certinho,
Tinha uma pequena agenda
No bolso.
O local onde ela iria
Mais depressa
Seria na creche
Buscar o filho,
Ele tinha uma hora
E meia para encerrar o serviço.
Foi até o local,
Aguardou em frente a praça
De recreação
Dentro do carro,
Chegado a moça
Que veio caminhando
Pois morava perto,
Ele não pensou duas vezes,
Dirigiu em sua direção
E a pegou em cheio,
Acostumado ao trabalho
Nem parou para se certificar,
Apenas olhou pelo retrovisor.
Pegou o celular
E enviou a mensagem “feito”.
Agora ele receberia o dinheiro
Em espécie por meio
De um moto boy
Que nem parava
Apenas alcançava a carteira
E seguia.
Era simples,
Ele foi rápido o bastante
Para devolver no local
Onde pegou,
Ninguém o viu,
Ele não disse nada.
Agora, se alguém tivesse
Visto o acidente fatal,
O carro não teria sido furtado,
Por tanto, nem mesmo o dono
Compreenderia o que houve.
Ele saiu dali,
Pelo outro lado,
Logo uma moto encostou
Na calçada ao seu lado,
Ele recebeu a carteira,
Cumprimentou com um
Soco na mão dele fechada,
E o rapaz foi.
Edivaldo comprou um picolé,
E continuou no local,
Comendo o sorvete de palito.
Esperando a namorada.
Edivaldo aguardou sentado
No banco em meio a praça,
Passado uma hora,
Um homem estranho
Aproximou-se dele,
Sentiu ao seu lado,
Retirou o chapéu da cabeça
E se virou para ele.
- você morre, agora!
Edivaldo jogou o picolé
No chão,
Levantou as mãos assustado,
Ao tentar levantar do banco
Foi impedido.
O estranho o segurou
Pelo braço
E o manteve sentado.
- tenho um revólver dentro
Do chapéu,
Minha filha morreu,
Faz pouco tempo,
Eu encontrei ela caída,
Num acidente de moto,
Morta,
Usando suas roupas de trabalho,
Lá estava sua carteira e celular.
Ela foi atropelada num cruzamento
Por um caminhão,
Não sobrou rosto dela,
Eu não me senti seguro,
Eu não me sinto bem,
Eu confiei muito
No quanto ela dirigia
Para ela ganhar a motocicleta,
Ela não teria caído,
Ela foi morta,
Ela jamais se colocaria
Em perigo.
O principal contato dela
Depois dos familiares
Era o seu,
Eu mantive o contato,
Eu não apaguei,
Eu guardei o telefone,
E agora o usei.
Foi sempre eu quem te respondeu,
Logo depois de marcar encontro,
Ela não foi,
Mas eu fui,
Você nem me notou,
Eu te cuidei,
Você foi o responsável,
Eu o peguei,
Você é assassino de aluguel,
Você a matou,
No mínimo com seu ofício.
Me leve ao dono,
Me leve ao seu chefe,
Ou morre imediatamente.
-Eu estou impedido.
Ele respondeu trêmulo.
O homem atirou contra ele,
O rapaz caiu para trás no banco.
O homem revistou seus bolsos,
Encontrou o celular,
E os manteve consigo.
Seguiu até seu carro,
Dirigiu para longe,
E olhou cada conversa
E cada mensagem.
Encontrou o número da empresa,
Ligou.
- Empresa Lirow de engenharia...
Ele desligou.
Então, esperou um pouco,
Ligou de volta.
Depois ficou escutando,
Pareceu ouvir uma voz
Ao longe que dizia.
“morte por encomenda”.
Desligou assustado.
Suas mãos trêmulas
E inseguras.
Depois, lembrou do rosto
Da filha desfigurada,
De encontra-la em um
Compartimento de necrotério,
Embalada para ser levada
Por funerária...
Chorou com a cabeça
Encostada no volante,
Depois tomou coragem
E retornou a ligação.
- empresa Lirow engenharia?
“ Morte por encomenda”.
- eu ouvi, morte por encomenda?
Ele disse.
- de quem se trata?
A secretária respondeu.
Ele deu um nome.
- Daniel.
Ele deu o nome
De um estuprador reconhecido,
Foragido da lei,
Condenado e não encontrado.
- sim, preciso de mais detalhes.
Ela respondeu.
- qual o valor?
Ele indagou atônito.
Parecia tudo tão simples,
Tão a vista.
- vinte mil em espécie
Trazido na empresa.
Ele acertou de imediato,
Retirou o valor,
Chegando na empresa,
Desesperada ao se deparar
Com a porta de entrada
Para a sala de vidro,
Arrombou com um coice.
A porta caiu para trás,
Sem muito barulho,
De imediato ele atirou
Na moça que estava
Com a agenda,
Pegou seu telefone,
Ligou para o número imediato,
Era seu chefe.
Ele subiu os andares,
Eram dois,
Chegou lá disparou
Seu terceiro tiro,
Matou também ele,
Sem fazer perguntas.
Ao sair para fora,
Suando frio
E amedrontado,
Foi embarcar no carro,
Abriu a porta...
- polícia.
Você está preso!
Chegou a ouvir,
De um homem de uniforme
Policial,
Ele estava armado,
Com a arma já apontada
Contra ele,
Em sua nuca,
Por suas costas.
- o que houve?
Ele indagou,
Deu um chute certeiro,
Derrubou a arma
Levando um tiro
Contra o rosto.
- eu fui ferido,
Mas você foi morto.
E disparou seu quarto tiro.
Contra sua clavícula,
Depois puxou o colete
A prova de balas,
E o quinto foi direto
No peito.
Ele estava sozinho,
Ele correu para o carro,
Ligou a ignição
E correu o mais depressa
Que pode.
Parecia não haver câmeras
De vigilância,
Mas, o trabalho era tão sórdido
Que não lhe parecia
Parar nisto.
Contudo, não foi perseguido,
Não que ele tenha visto,
Seguiu sua vida.
Levando um buquê de flores
A filha no cemitério.

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