quinta-feira, 19 de junho de 2025

Afogamento

Em certa tarde
De sol pleno
A mãe de Jucenir
Decidiu levá-lo
Para passear.
Pegou uma cesta,
Pôs nela sanduíches,
E frutas frescas,
Também colocou
Uma garrafa de suco.
Pôs a cesta em uma mão,
Segurando através da alça
Feita toda ela de cipó mil homens
Trançado em formado
De retângulo.
E pegou Jucenir
Com o outro braço,
Fechou a porta,
E seguiu pela calçada.
Encontrou um banco
De madeira e ferro
Sobre um gramado
Em frente ao rio
E sentou -se ali com o filho.
Ao chegar e tirar os sanduíches,
O cãozinho Lara pegou
Um para ele.
- Ora, Lara.
Você veio conosco
E nós nem o vimos.
- eu vi mamãe!
Disse Jucenir para Lucenir.
Ela olhou o filho,
Pegou seu boné
E o puxou para cima
Para deixar o rosto a mostra,
Beijou o menino de três anos
E sorriu.
- fique conosco Lara,
Estamos felizes por ter vindo!
Servido o pequeno sanduíche
Para o menino,
Ela pegou outro
E pôs-se a comer.
O tempo foi passando,
E ela ficou cuidando
Os peixes pular na água
Limpa e transparente.
De repente, ouviu um espasmo,
Então, uma espécie de vulto
Empinando a bunda para o céu
E pendendo o resto do corpo
Para dentro do rio.
Era seu filho,
Ele se aproximou do barranco,
Caminhou até a margem
E foi pegar água com as mãos,
E agora acabava de mergulhar.
Mas, ele aos três anos
Não sabia nadar,
Ela aos trinta menos sabia.
Nisto, Lara se aproximou
Do leito do rio
E começou a latir
Com intensidade
E a mover-se ao redor
Do barranco.
Depois, ela começou
A esfregar os pés
No gramado e arrancar grama
Para o alto,
Latindo nervoso sem parar.
Lucenir se levantou desesperada.
- Meu Deus, meu filho,
Me ajudem.
Contudo, não havia ninguém
Nas proximidades,
E alguns carros passavam
Porém, o barulho
Não permitia que ela fosse ouvida.
Ela correu até a margem,
Resvalou, quebrou um dedo
No barranco,
Arrancou grama sobre o dedo,
Fez um vergão na terra
Onde o dedo passou,
Se jogou no chão
Para não cair no rio
E gritou:
- meu filho,
Me ajudem,
Socorro!
Lara correu até ela,
Puxou a manga de sua camiseta
E latiu ao redor.
Ela começou a chorar.
- socorro,
Me ajudem,
Socorro!
Pode olhar para o filho
E vê -lo descendo
Para o fundo da água,
Lindo e assustado,
Sem mexer-se feito um boneco.
- meu filho,
Se chacoalhe,
Moça os braços,
As pernas.
Filho, socorro,
Me ajudem!
Ela se levantou,
Correu até onde ele caiu,
Que ficava a dois
Metros de onde ela resvalou,
Se agachou,
Jogou os braços pra frente,
Tentou alcançar a criança
Mas não pôde.
Se levantou olhou para trás,
E gritou com a força
Que só uma mãe possui:
- meu filho,
Socorro,
Me ajudem!
Então, chacoalhou os braços
Para o alto
Em desespero,
Alguns carros continuavam
A passar na rua.
Um homem olhou para ela,
Mas não parou.
Ela, então, correu até
A calçada e pôs -se a gritar
Desesperada:
- me ajudem,
Eu não sei nadar,
Salvem meu filho.
Meu Deus!
Contudo, ninguém parecia
Dar atenção,
Muitos olhavam para ela,
Viam seu calção branco
Sujo de terra,
Sua camiseta amarela
Suja de grama,
Mas não faziam nada,
Simplesmente seguiam.
Depois disso,
Ela invadiu a pista,
Deu socos sobre os capôs
De quem passasse
E gritou nervosa:
- me ajude, socorro!
Um homem irritado
Lhe desferiu um tapa na cara.
Ela retornou
Para a calçada,
Chorou desolada,
O filho fazia bolhas
No fundo da água,
Descendo ainda.
Isto lhe deu novo fôlego,
E sem pensar ela
Retornou para a pista
Tentando fazer alguém ajudar.
- so-co-rro.
Meu filho,
Ajudem.
Não...
Gritando e movendo
Os braços no meio do asfalto,
Ela foi impedida de terminar
A frase e foi atropelada
Por um carro
Que pegando em cheio
Sobre suas pernas
A bateu contra o parabrisa
E com um movimento
A jogou para fora
E fugiu com o parabrisa
Quebrado:
- vadia,
Maldita!
Gritou o homem.
E fugiu.
Ela levantou atordoada
Da calçada
Com dores e muito medo.
Olhou para a rua assustada,
Lara gritava ao seu lado,
Latis sem parar,
E corria até o rio
Depois voltava latindo.
Com uma última olhada
De dor e desespero
Lucenir chorou todo o medo,
De uma maneira desesperadora,
Levantou olhou as pernas cortadas,
Sentiu o rosto sangrar,
Viu todo aquele vidro
Jogado no chão
E retornou para a margem do rio.
Desta vez, porém,
Tomando coragem
Se jogou na água
Colocando um pé,
Depois o outro.
Escorregou no gramado,
Tentou se segurar
Gravando as unhas no chão,
Lara a puxava com os dentes:
- Lara, te amo!
Ela disse,
Olhando o cão
Pela última vez.
Depois jogou o braço
Para o fundo da água,
Não alcançou o filho,
Mas viu seu boné,
Descer sobre o rio,
Voltou a olhar o fundo,
E pode ver a criança
De olhos abertos caindo.
Ela, se empurrou na margem,
Se empurrou com os pés
No barro do lado do barranco,
Aí pôde alcançar o filho:
- filho, te amo.
Ela disse em seu último fôlego.
Depois ela o abraçou
Com um braço,
Com o outro cravou os dedos
No barro do barranco
E pôde subir para fora,
A criança chorou,
Ela chorou
De encontro a barriga
Do filho
Que ela soltou no barranco,
O filho levou a mão
Pequena sobre seu rosto
E tirou dele um pedaço
De vidro que estava cravado.
- mãe, eu desobedeci,
Desculpa.
Ele disse fraco,
Entre soluços,
Num murmúrio rouco.
- eu te amo, filho.
Ela gritou chorando,
Não teve forças naquele
Instante para sair da água,
Então, ficou ali um pouco.
-senhora, você está
Dentro da água.
É proibido!
Ela ouviu um homem dizer.
- me ajude.
Eu sinto dor.
Ela respondeu
Sem levantar o rosto,
 Não tinha forças,
Atolou-se no barro.
O cachorro se desesperou
De medo,
Pulou na água
E nadou,
Foi até a bunda dela
E empurrou com o fucinho,
A removendo,
Ele foi até a camiseta
E a puxou,
Ainda nadando e latindo.
Ela conseguiu sair,
E Lara saiu na frente
Puxando ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Transporte Ilegal

Terceiro ano de trabalho Na mesma empresa, Cansada de ir ao serviço No transporte público, Vez que, no mês anterior, Um rapaz ...