quinta-feira, 19 de junho de 2025

Bolso Rasgado

Deslumbrante em seu vestido
Vermelho de cor viva,
Unhas e batom
Na mesma cor,
Um requinte especial
Aos seus olhos verdes,
Contraste perfeito com sua pele
Morena da cor do sol
De um verão intenso.
Por sinal, tudo nela
Era intenso,
Inclusive o olhar
De seu esposo,
Que ao ver Francisco
Olhando-a daquele jeito,
Jogou seu braço
Pela cintura de Mirela,
E a puxou para si.
Ela era dele,
Totalmente dele,
Isto ficava explícito
No jeito fogueado
Em que a beijava,
E na aliança de suas mãos.
Casada.
Plínio pensou irritado
Enquanto soltava o copo
De whisky sobre a mesa
Em que estava.
Não conteve-se,
Pôs-se em pé,
E lhe ousou sorrir.
Mirela lhe devolveu o sorriso,
Abriu seus grandes lábios vermelhos
Para lhe exibir dentes brancos
E grandes em sua boca perfeita.
Seu cabelo soltou-se
No penteado ao virar-se,
Depois de olha-lo, sorrir,
E se voltar para o lado oposto,
Ela usava um lápis de escrever
No coque grosso e horizontal.
O lápis levemente se soltou,
E o coque soltou uma linda mexa
De cabelos
Que logo foi puxada
Por seus dedos,
De maneira a enrola-los
E solta em contorno
Ao seu pescoço,
Indo parar em seu colo nu.
Salete chegou por trás de Plínio
Exibindo sua aliança,
A que continha seu nome...
E lhe passou a mão
Em frente a sua barriga gorda,
Indo de encontro ao copo,
Pegou-o e encheu de whisky,
Depois o bebeu
Com seus lindos lábios finos,
Delineados em marrom
No batom claro.
Seus cabelos enrolados
E negros caiam em cachos
Perfeitos sobre a pele morena,
Seus olhos escuros faiscavam
Feito estrelas na noite,
Ele soube se conter,
Bebeu com ela no mesmo copo,
Depois disso,
Lhe serviu um próprio,
Beijou seus lábios com prazer,
Ela era realmente perfeita,
Em seu vestido verde limão
Contrastante com suas sandálias
Verde mamão de metal
Estilo baixo,
Que tinham uma corda
Que passava no meio do pé
Até o dedão,
E daquela corda
Uma segunda que lhe
Dominava o tornozelo
De maneira impecável.
Sandi era realmente incrível,
Seu pescoço estava
Docemente contornado
Por um colar de ouro grosso
Que descia-lhe duro,
Feito uma serpente,
E no final guardava uma folha
Verde pendurada
Num pingente móvel,
O desenlace da cobra
Chegava até abaixo do ombro,
Ali descia uma linha fina
E suave até o final da cobra
De ouro dura e grossa.
Ela era impecável em seus detalhes,
Os brincos eram composto
Por uma linha dura que pegava
Toda a orelha
E subia até o meio dela
De onde uma linha mole
Caía com uma pérola
Ao final.
Seus pingentes balançavam
Feito um carinho por seu corpo,
Não havia um único ser
Naquela sala recheada de gente
Que não a notasse.
Havia música
E uma apresentação de novos
Modelos de carros
De uma marca famosa.
Os carros chegavam ao meio
Daquela sala dirigidos
Por um motorista,
A pessoa saía de dentro
E apresentava o modelo.
Depois de feita a apresentação,
O modelo era retirado
E outro era colocado
No lugar.
Mirela também
Não ficou despercebida
Com seu anel de pedra amarela
Gigante sobre o dedo fino,
E um bracelete de ouro
Que iniciava próximo ao ombro
De maneira grossa,
E descia em um desenhado fino
De linha de ouro e pérolas
Até chegar ao punho
Enrolando-se através do braço
Esquerdo,
E encerrando em outra linha
Grossa de ouro duro.
No pescoço
Ela usava um colar retrô
Com uma espécie de cipó
Mil homens e um pingente
De pedra branca,
Feito uma pérola enrolada
Em um cubo de ouro.
Chegado o terceiro carro,
Mirela aproximou-se dele,
Era uma camionete
Cor de madeira,
Ela tropeçou e caiu sobre o capô.
Plínio aproveitou
E se aproximou,
Não se importou
Com o esposo que estava
Ao seu lado.
- boa noite?
Eu sou Plínio e você?
Ele indagou lhe ajudando
A levantar pegando ela
Pelo ombro
No mesmo momento em que
Seu esposo a ajudava
Pegando ela pelo braço.
Francisco olhou Plínio,
Sorriu para ele.
Plínio rapidamente
Se colocou em frente aos dois
E retribuiu de maneira amigável.
- Oi. Sou Mirela.
-Prazer senhora,
E o senhor?
Indagou rapidamente.
- sou Francisco.
Ambos se cumprimentaram
Com um aperto de mãos.
Mirela aproximou-se
De Plínio e beijou-lhe
Um lado do rosto,
Depois o outro,
E por fim estendeu a mão.
Plínio foi cortez
Serviu whisky para todos,
A conversa soou amigável.
Sandi aproximou-se
E todos rodearam o carro
Vendo suas vantagens
E comodidades.
Mirela ficou encantada,
Comprou-o,
Pegou as chaves
E saiu com ele
Deixando-o estacionado
Lá fora,
Num local que pudesse
Levá-lo depois,
Ela própria.
Plínio não perdeu a oportunidade
Foi correndo atrás
Batendo palmas
E encostando na traseira do carro
Como se o empurrasse
Para fora da sala,
E gritava feliz.
- lindo carro,
Lindo carro,
Lindo carro!
Segurando o copo
De whisky
E levantando para o céu,
Todos olharam e sorriram.
Ela dirigiu muito bem.
Até que ao chegar na porta
Errou a marcha
E causou um barulho alto.
Plínio correu para a janela,
Encostou o ombro
Na panela aberta
E fez menção de empurrar
Com o ombro o carro
Como se tivesse apagado
E sem bateria.
Ela colocou em ponto morto
E deixou o carro deslizar para a porta
E depois subir na grama
Até estacionar próximo
A um poste e uma árvore
Junto aos demais dos clientes.
- tome o whisky garota!
Plínio gritou lá fora,
Nos últimos metros
Ele correu para o lado
Do motorista,
Pois estava no lado oposto,
Dando o whisky para
Mirela bebericar,
Enquanto dirigia.
- puxe o freio,
Ou vai bater!
Ele gritou com o copo
Quase vazio.
E se jogou para o lado
Da janela puxando
O freio de mão.
Então, abriu a porta.
- e aí moça?
- obrigada por me ajudar!
Ela falou altiva,
Se colocando para fora
Do carro e o abraçando.
Plínio aproveitou
E passou o endereço
De um motel próximo do local,
Marcando também
O número do quarto
Em que estaria.
Mirela e Plínio
Se encostaram na traseira
Da camioneta
E ficaram bebendo whisky,
Que Francisco trouxe
De uma garrafa.
Francisco bebeu
Dois copos e saiu
Para dentro
Enquanto eles ficaram rindo
E bebendo o restante
Do líquido da garrafa.
- deixe a garrafa, Francisco!
Gritou Plínio,
E Francisco entregou
Com prazer.
Então, Sandi veio até a porta
E começou a ligar
E desligar o disjuntor
Das lâmpadas lá de fora
Rindo em alto tom.
Muitos estavam ali
Bebendo e se voltaram
Para ela com gritos:
- he he he.
E levantaram um braço.
Plínio e Mirela
Foram rindo para dentro.
- entrem, não fiquem no sereno.
Sandi disse.
Encontrou marcado,
Plínio passou a cuidar as horas,
Ocorre que as chaves
Do quarto de motel
Logo foi colocada
No mesmo bolso
Que o relógio de ouro,
Redondo, envolto num
Cipó mil homens,
O ouro contornava o cipó,
E ambos seguravam o relógio,
Que não tinha pulseira,
Pois, o couro arrebentou
Assim que Plínio entrou
Para dentro
E gritou para um dos motoristas
De uma camioneta duplada,
Lilás.
- e a Lilás?
Ele gritou,
Tempos após a camioneta
Ter saído
E o motorista nem saber
De qual se tratava.
Ao segurar o copo
Na mão esquerda,
E levar a mão direita
Para pegar o copo,
Ele enroscou os dedos
Na pulseira
E arrebentou.
Ela era de cipó mil homens,
Entrelaçados em ouro
E couro negro.
O cipó era fino
E tinha três copos corridos.
- ah, droga.
Arrebentei minha pulseira.
Ele disse,
Um tanto embriagado.
Então, retirou o relógio
E pôs no bolso.
De tanto ver a hora
Por não esquecer do encontro
Marcado para a madrugada
Daquele mesmo dia,
Ele perdeu a chave do bolso,
Não notou isto.
Seguiram-se as horas
Rápidas feito poeira
Em noite de neblina:
Não se vê que existem,
E sereno apaga pó,
Então, foi muito rápido.
Após se despedirem,
Duas horas depois disso,
Os casais rumaram
Para suas casas.
Mirela e Francisco foram
No carro novo,
Plínio ajudou levando
O antigo,
Sandi dirigiu o deles.
Chegaram todos a casa
De Francisco,
Preferiram não entrar,
Se despediram
E foram embora.
A noite nem terminou,
Plínio não dormiu,
Pegou o carro e saiu.
Chegando no motel,
Percebeu que perdeu
As chaves para entrar,
Ficou atordoado,
Também não tinha
O número do telefone de Mirela.
Esperou lá fora
Até amanhecer
Mas não a encontrou.
Pois é, chaves e horas
Não combinam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Transporte Ilegal

Terceiro ano de trabalho Na mesma empresa, Cansada de ir ao serviço No transporte público, Vez que, no mês anterior, Um rapaz ...