A embarcação estava
Em alto mãe
Rumava ao seu país
De origem,
Que, contudo,
Estava em estado de guerra.
Guerrilheiros treinavam
Em mar aberto,
Permaneciam em navio
A distância segura,
E de lá atiravam
A tiros de canhão.
Tudo seguia rumo certo,
Chegar até determinado ponto,
Mirar no inimigo
E atirar sem ser visto,
Vários países eram signatários
Da guerra,
O navio seguia sem bandeira,
Não havia face,
Apenas uma bala enorme
E redonda voando pelos ares
Até o adversário.
Todavia, foi levado vinho
Para o mar,
Alguns barris,
Não tantos,
Não podia ter tanto peso,
O navio seguia,
Atirava,
E voltava,
Na volta os soldados bebiam.
Assim se fez,
Os tiros foram dados,
A estação do ano
Era propícia pra facilitar
A estratégia,
Havia frio,
Eco frio trazia neblina,
As luzes apagadas,
E nada se via.
Só se sentia o canhão
Que ardia
E cuspia fogo ao alto,
Até o pico da neblina
E ao fim destroços.
Três barris foram abertos,
O vinho foi servido
Feito água na garganta,
Risos soltos,
Contudo, Norberto retirou
A arma do coldre
E disparou para o alto,
Isto não estava previsto,
No entanto,
Todos gostaram,
Aplaudiram e seguiram
A ideia.
Porém, Norberto se desiquilibrou,
De arma em punho,
Caiu sobre o painel do navio
E quebrou o local onde
Se dava a localização
De onde estava e para onde iria.
O capitão se desesperou,
Agora teriam que usar o rádio,
E isto possibilidade ser interceptado
Pelo inimigo bem no calor do tiro.
Não teve alternativa,
Norberto foi condenado a morte
Instantaneamente ao fato:
- você colocou em risco
Nossa manobra estratégica,
Você colocou a guerra em perigo,
Agora estamos mediante
Duas alternativas nos chocar
Na encosta ou sermos avistados.
Norberto, chacoalhou a cabeça
Incerto e amedrontado,
No entanto, o oficial não pestanejou:
- pondo a guerra em risco,
Você será morto,
Você não vale a vida de todos
Que deixou em jogo.
Então, ele tirou sua arma
E apontou para Norberto,
Destravou a arma
Com um clique seco.
- vá até a amurada,
Você será morto
Para lembrete de todos.
- senhor, me perdoe.
Não tive a intenção.
Norberto tentou conversar,
Porém, não houve acordo.
Um tiro seco acertou-o
Em meio a sua testa,
E um corpo de braços abertos
Caiu em alto mãe
Sangrando e sem vida.
A bebida continuou,
Já não havia tanto.
Nisto, além do convés,
Adiante no horizonte,
Se avistou embarcação,
Tudo indicava que fosse inimiga,
O capitão pegou o binóculo
E os notou:
- são seus lábios guerreiros,
Armados como o nosso!
Eu preciso sair,
Preciso garantir minha vida
Já que sou o oficial da categoria militar,
Saindo, nós temos chances
De ganhar a guerra,
Ficando iremos naufragar juntos.
Ele decidiu,
Não tinham tempo
Para mudar a rota,
Era colidir e naufragar
Em águas salgadas e frias,
Ou insistir e lutar.
A luta trás risco de morte,
A colisão é morte certa,
Mais vale uma esperança
De sobrevivência,
A encarar águas geladas
Rumo ao fundo do oceano.
- eu o levou, capitão.
Vamos buscar o bote salva vidas!
Se ofereceu um soldado.
Imediatamente, o bote foi organizado.
Agora o capitão e o soldado
Se salvariam rumo
A alguma forma de ajuda
Por terra.
Dois temos foram dispostos,
O soldado iria para remar.
O capitão para insistir
Na estratégia até vencer.
Assim se fez.
Pouco após virar as costas,
Ouviu-se o primeiro tiro
Contra o navio que se aproximava,
Logo após, choveu fogo
Em resposta.
Foi tiro sobre tiro,
Três navios contra um,
Era certo o fracasso
Deste outro.
O soldado remou rápido,
Logo o fogo armado
Não foi mais visto,
Apenas ouvido.
Neste instante,
O soldado com os braços
Cansados de remar
O mar cheio de ondas
Cobertas de sangue
E chamuscada de negro,
Com destroços e até fumo
Sobre ela,
Soltou os temos,
Retirou a arma de seu coldre,
Destravou,
Apontou para o rosto do capitão,
Puxou o gatilho e disse:
-capitão, eu sou irmão
Do homem que você fuzilou.
Então, ele soltou o gatilho,
A bala saiu de dentro da arma
Com uma espécie de faísca
De suas entranhas
Atingindo a testa do capitão
E fazendo-o cair depois do bote,
Sangrando e emudecido,
Sem chances de sobreviver
Como o irmão que uma vez perdido,
Nunca mais seria recuperado.
Lá ao fundo,
O navio de guerra afundava
Aos poucos e em destroços
Para o fundo da água,
Poucos pareciam pular
Por decisão própria
O que iria representar
Que todos morreram em guerra,
Nenhum teve opção.
O sangue ganhou a superfície
Da água e veio junto a espuma branca
De encontro com as pedras
Da beira mar,
Azul, vermelho e branco
Se misturavam em sua frente.
Ele remou até as pedras,
Pulou entre elas,
Amarrou o bote para caso
De necessidade
E saiu em terra seca,
Depois disso,
Virou para trás,
Sem poder avistar
Nem ao menos o corpo
De seu irmão
Para ser enterrado,
Deu um beijo na própria arma,
Como sinônimo de força,
E atirou para o alto,
Por ter honrado sua morte
Com o impedimento do assassino.
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