“Sem perdão,
Nem quartel”.
Gritou do alto o soldado,
Armado até os dentes,
De colete a prova de balas,
Previamente preparado
Para o conflito.
Do alto da BR,
Margens do asfalto,
Ele e muitos outros
Se embrenharam no conflito,
Diziam trezentos
Consigo mesmos,
Contudo, não se deram
Ao esmero de organizar o número.
Marcharam muito moro abaixo,
Logo no início
Resvalaram sobre uma rocha úmida
E caíram para baixo,
Descendo feito pedras
Direto contra uma árvore,
Logo ali ficaram cinco
Desvalidos e desmaiados.
Com a batida,
Houve um tremor
Isto mais todos aqueles
Homens caindo
Fizeram a rocha se deslocar,
O pequeno objetivo
Se tornou enorme
Quando desmoronou
Sobre tais homens,
Ficaram ali cem contados.
Cem corpos foram jogados
No rio,
E retirados seus cordaos
Com nome descritos:
O oficial inferior
Pegou o relatório e anotou,
“cem soldados assassinados
Em trabalho
Cujos corpos foram jogados
No rio
Como forma de ocultar o delito.
Assassino foragido.”
Ninguém discordou,
Mas cada soldado dali
Ajudou a se livrar de um peso,
Um fardo moribundo
A atrapalhar o desenvolvimento
Da ação estratégica,
Qual ela?
Bem,
Isto nos remete a seis horas
Passadas.
Eram seis da manhã,
Tocou o telefone da polícia,
Feito o atendimento
Descobriu-se que o banco
Da cidade vizinha
Foi totalmente furtado,
Não sobrou dinheiro algum,
Apenas restou cadeiras
Jogadas pelos compartimentos,
Mesas quebradas,
Portas demolidas,
E a porta de vidro da frente
Estilhaçada.
Chegada a infantaria militar,
Notou-se uma jovem
Saindo de sua casa
Logo cedo,
Decidiram entre eles que
Cedo demais para estar na rua,
Pele morena, rosto enxuto,
Corpo esbelto, vestida de jeans,
Cabelo raspado...
Isto chocou suas mentes,
Uma mulher sem cabelos?
Alguém precisava deter-lhes.
Esta troca de pensamento
Entre eles
Demorou-se um bocado
Para chegar a consenso,
A definiram perigosa
E isto exigia chamamento
De reforço militar,
Do contrário iria parecer
Que haveria margem para erro
Em seus pareceres
Sobre os dez mil reais
Que sumiram do banco local.
Ocorre, que todos desconheciam
Que tal moça residia
Exatamente no local
Onde foram feito dez ofícios
Pedindo regularização da estrada
Para permissão de tráfego humano,
Dentre outros meios
De buscar que a estrada
Fosse organizada para tráfego,
Já que havia buracos
Em pleno acesso,
Partes estava desmoronando,
E as árvores que passavam
Estavam com os galhos
Sobre a via
Instante que ao trafegar
Batiam contra os carros,
Houve também abaixo-assinado
Com pedidos de que a estrada
Não fosse abandonada
Pela prefeitura,
Pois haviam moradores lá
Que não queriam abandonar
Suas prioridades devido a estrada
Ter de ser interditada
Por impossibilidade de tráfego.
A moça se dirigiu ao local,
Contudo.
A polícia demorou um pouco
Para segui-la,
Somente o suficiente para saber
Que a guarda especial motorizada
Estava se deslocando para
Prestar apoio.
Ao chegar no ponto
Em que garantiram que ela entrou,
A polícia tentou se inserir,
Já que vizinhos apontaram
O local para onde ela foi,
Porém, logo no início
O buraco enorme do meio
Da estrada de terra e pedras
Se abriu
E consumiu duas viaturas.
As sirenes ligadas garantiram
Que os demais tomassem conhecimento
Do que houve.
Os quatro policiais da primeira
Viatura a cair morreram soterrados,
Ou ao menos foram abandonados
Lá dentro dos entulhos.
- que houve soldado?
Passe as coordenadas.
Indagou um soldado
Puxando pela janela aberta
O rapaz da segunda viatura.
- emboscada, emboscada!
A garota atirou contra nós,
Certeza,
Matou quatro neste buraco!
Gritou o homem.
O oficial inferior ali presente
Tomou nota,
Foi a viatura,
Puxou a comunicador e falou:
- mais homens,
Mais homens.
Encontramos o ladrão
Do banco e é perigoso.
Outras viaturas foram deslocalizadas para lá.
O motorista e os outros três
Integrantes da segunda viatura
Ficaram imprensado contra
As ferragens,
Foi preciso chamar os bombeiros
Para cortar a viatura e retira -los.
Também foi acionado o guincho
Para retirar tudo de lá.
Os policiais que restaram
Decidiram pegar caminho adverso,
Eles tomaram nota
De que há muito tempo
Está estrada foi abandonada
Pelo poder público
E ninguém se importava
Com os moradores que restavam.
Deste modo foi,
Que se embrenharam no mato.
Onde as árvores ganham espaço,
O sol perde o brilho,
Tudo se ofusca devido
Ao seu verde intenso.
No bosque há noite contínua,
A sobrevivência depende
De aguçar os sentidos
E esforçar -se por entre meio
A cipós tão grossos
Quanto cordas
E fortes como pedras.
Depois de abandonar
Os corpos no rio
E vê-los boiando sobre a água
Até afundar -se,
Duzentos soldados seguiram,
No caminho se depararam
Com o cipó,
O cabo Rodrigo decidiu
Cortar com sua faca afiada
E o cipó retrocedeu seu caminho
Com força,
Atacando sem querer
Vinte soldados que foram puxados
Para o lado
E tomaram açoite tão intenso
Que caíram sobre as folhas
Molhadas do chão,
Sentindo dor.
Aranhas próximas as folhas
Se levantaram
Desgostaram de todo o barulho
E voaram contra eles,
Eram aranhas de todo o tamanho
Avançando e mordendo.
Alguns jogaram-se no rio
Abraçados aos mortos
Que ainda boiavam,
Outros correram a esmo,
Chocando-se contra as árvores,
Um grupo de trinta
Correu para dentro de um
Ora pro nobis,
A flor se abraçou a eles com
Seus espinhos
E nunca permitiu suas saídas,
Morreram ali
De arma em punho,
Fardados e altivos.
Outros retornaram
Pelo caminho
Que acreditaram ter encontrado,
Na subida alguns quebraram
Suas pernas,
Outros os pés, outros os braços,
Então, começaram a lutar
Contra si mesmos.
Quatorze que correram
Mais rápido,
Reuniram pedras lá em cima
E as fizeram rolar moto abaixo,
Talvez com medo das aranhas,
Talvez, acreditaram que o cipó
Era na verdade alguma espécie de cobra.
Uma chuva de pedras enormes
Começou a rolar moro abaixo,
Carregando homens consigo
Até longas distâncias.
“Um soldado tem olhos
Mas costas”.
Disse um deles
Ao outro que jogava pedras,
Quando este virou-se para trás
Sorrindo se deparou
Com uma pedra em meio a cara
Dele,
Desceu com ímpeto metade
Do morro entre o cair
E o deslizar.
Depois, outro lhe jogou
Uma pedra em cheio
Sobre o peito,
Lhe impedindo de qualquer forma
A sobrevivência.
Um rapaz pulou no cipó
E jogou-se contra
Quem quer que fosse
Que se aproximasse,
Batendo com os dois pés
No peito do indivíduo.
Um homem gordo e corpulento,
Puxou uma rocha
Para joga-la para baixo,
Encontrou um ninho de cobras
Que pularam em seu pescoço,
Nisto, desceu rolando e gritando
Pra baixo puxando com eles mais
Três homens,
Até que perdendo o impulso
Da descida não pode puxar o quarto
Que irritado pisou sobre sua mão
Para esmaga-la no chão,
Não contente com a dor
Do outro que se rolava
Com três cobras penduradas
No pescoço,
Ele juntou uma pedra
E lhe jogou contra o rosto.
O gordo não se moveu mais,
Contudo, as cobras fugiram.
Uma tão rápida
Cruzou para trás do policial
Que atirava a pedra
E pulou na sua nuca,
Ele tentou pular no rio
Mas se chocou num cipó,
E ficou enrolado naquela tramóia
De cipós que subiam,
Desciam e partiam pra todo lado.
Sobrou, de fato, três policiais
Que correram até a BR,
Ou segundo especulações
Nunca desceram atrás da tal moça,
Estes três viram um mendigo
Andando na estrada
Com mochila nas costas,
Vendendo mandulate,
Juntaram suas mãos
Uma na outra,
Algemaram e passaram a máquina
Em seus cabelos,
O virão um negro careca
E isto era o bastante.
O conduziram para a delegacia.
Serviço feito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário