quinta-feira, 5 de junho de 2025

Infância Articulada

A guerra nunca foi
Mais sangrenta,
As estratégias
Ganhavam ares de fracasso,
Precisava-se de braços fortes
Aptos ao combate,
Rosto bonitos
Estavam dispersos
Para capa de revistas,
Na luta exigia-se força bruta
E mira certeira.
Nisto, o capitão pega
Pelo braço seu melhor soldado,
O leva para fora do batalhão,
Descendo os degraus da escada,
Sem dizer nada.
Chega até a sala de entrada,
A passa,
Chega a porta,
A abre e o olha.
Então, retira do bolso
Um lenço branco
Com o desenho de um cravo
Vermelho e verde.
-ganhei do meu avô,
Neste chão,
Quando ele saiu
Para a sua primeira batalha,
Venceu e retornou,
Aqui ele recebeu sua medalha,
Aqui mesmo nasci
E tive meu choro e corpo
Limpo por este lenço...
O soldado ajoelhou-se
Emocionado,
Pegou o lenço com sua mão
Calejada por manejar armas
E munições,
E beijou-o,
Fechando os olhos,
Usando de seu sentimento.
- sei da história, capitão!
Ele respondeu.
Saiba, minha mãe,
Oficial de polícia,
Me ganhou nesta calçada,
No campo de batalha,
Eu nasci dentro desta farda,
Lutar é meu solo,
Brigar é minha vida!
Ele falou com fervor.
O soldado olhou
Para os olhos de seu chefe
De polícia
Com os olhos marejados
Pela emoção de estar tão perto
E conhecer de sentimento tão profundo,
Depois, virou o olhar para a vidraça
Da sala de trabalho do capitão,
De onde ele nunca saiu
A não ser para treinar o pelotão
No campo do batalhão,
Em meio aos prédios
De frente a sua sala.
- o senhor se esforça muito
Capitão, lá de sua sala.
Disse o soldado.
- certo que sim.
O capitão respondeu,
Olhando de frente o soldado,
Pegando em seu ombro.
- eu sou a polícia estratégica,
Eu defino como o seu trabalho
Será realizado,
Meus oficiais subalternos
Lhe dão o treinamento!
Ele respondeu seguro,
Com meio sorriso
Em sua boca grande.
- e eu dou o melhor de mim
Capitão.
O soldado respondeu
Erguendo a cabeça
Para o alto.
Com sentimento de orgulho
Estampado no rosto
E a mão sobre a arma,
Conforme ensinado
Para ele se apresentar em público.
- certo.
Agora me ouça,
Eu preciso que você corra
Estes matos,
E procure cada casa
E cada agricultor,
Lá de frente para este sujeito,
O convide para a guerra,
Lhe apresente meu lenço
Bordado, eles conhecem minha
História,
Eu nasci lutando,
Não fugirei jamais do campo...
Convide a todos para lutar,
Chame o primeiro que vir,
Convide o segundo,
Chamei a quem dm encontrar,
Avise que os tempos são de guerra.
Ele levou a segunda mão
Para o seu outro ombro,
O apertou com força
E puxou algumas vezes
Para frente e para trás.
- confio em você.
Os poucos lutadores
Que conseguir serão
O bastante,
Precisamos de número
E de força,
Haverá guerra nas ruas
E guerras nos arredores,
Não irei me isentar
De alinhar os agricultores
Embaixo da linha do alvo
De tiros,
Avise a todos pra pegar
A arma que souberem usar,
No menor tempo possível
Quero ter mais de mil agricultores
Alinhados nestas matas,
Serei visto como o estratégico
Das moitas,
Farei emboscadas por toda parte,
Vamos meter o inimigo
Em fogo cruzado.
O povo civil todo entrará
Em guerra,
Todos prestarão auxílio,
Chame-os.
Embrenhe-se por toda a parte,
E diga que o convite
Me pertence,
Mas a luta é deles,
A causa é de todos.
Fará isto, compreendes?
Indagou pegando no
Adesivo com seu nome
Preso ao uniforme amarelo
E cruzando o dedo sobre ele,
Depois descendo até
As medalhas do soldado
Recebidas pelo comprometimento
E bom desempenho.
- é certo que sim, capitão.
Chamarei a todos até
Que as solas dos meus sapatos
Desgrudam e descalço
Eu não possa seguir,
Você me verá,
Eu os tratei.
Ele respondeu,
Levando a mão até a farda
Do capitão
E apertando na parte
De seu ombro,
Onde ele limpa, organizada
E de perfeito acabamento,
Afundou-se até tocar seus ossos,
Quente e segura de sua importância.
- não esqueça o lenço.
Ele indicou.
O soldado guardou o lenço
No bolso,
Se embrenhou na mata
De logo a frente do batalhão
E andou até perder-se de vista,
Tendo cansado seus pés,
Virou para trás,
Não vendo mais o capitão
Soltou o lenço num ramo
De árvore próximo ao solo,
E perdeu-se de si próprio
Indo para muito distante.

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