O campanário de cores desbotadas
Das casinhas que de longe vejo
Me inspiram medo,
Para não dizer pavor.
Um aglomerado de pequenas
Construções numa civilização
Do medo.
Quando voltei para a minha cidade natal
A avistei aquelas construções,
De longe me pareceu ver
Aquele povo se espalhando
Pelos casebres a espalhar fofocas
E fazer intrigas.
Meu caso não é certamente
O único,
Ainda sinto aquela velha náusea
Só em pensar de passar perto
De pessoas que nada fazem
Ou buscam de suas vidas
Exceto se engrandecer as custas
Dos outros.
Muitos que partiram a pretextos
Nunca mais voltaram a seus lares
Não importando que circunstâncias estivessem,
Preferiram entregar-se ao esquecimento
E tracejar suas vidas da maneira
Como foi possível,
Sendo que em nenhuma hipótese
A ideia de retornar
A este vilarejo lhes fosse acolhida.
Alguns partiram em busca
De educação,
Outros crescimento profissional,
A verdade é que este vilarejo
Nunca proporcionou nada
De positivo a ninguém,
Eu mesmo me indago:
Como alguns sobrevivem?
Meu auge do medo
Foi numa manhã bem cedo
Quando levantei para tomar
Meu banho
E na minha janela já havia
Um grupo de fofoqueiros
Postos para buscar boatos,
E espalhar mentiras por entre
Os preguiçosos
Que nada desejam a não ser isto:
Falar mal da vida alheia.
Meus pensamentos
Com relação a eles
São curtos e rudes:
Vão se embora,
Afastem-se deste que sou.
Mas, para sobreviver aqui
Eu preciso me enturmar,
Fazer parte destes grupos,
Interagir com os vizinhos,
Penso se devo frequentar
Alguns igreja,
Mas, a distância já ouço
Os discursos acalorados
Em busca de dinheiro,
E espalhando os boatos
Sobre os residentes,
É eles falam alto,
Usam microfones,
A igreja é local disto:
“Falar o que eles gostam de ouvir”.
A distância se vê a cruz da igreja
Se distinguir por entre os casebres,
Uma onipotência de oração,
Onde tudo se apregoa,
Menos o que defino por religião:
Fazer bem ao próximo,
Ajudar o vizinho...
Tudo permanece sempre igual,
Não importa quanto tempo passe,
Menos as construções de orações,
Estas crescem e se aperfeiçoam,
Se distinguem das pequenas casinhas
Do seu redor que a tinta escorre,
E pequenas lascas de madeira
Ou cimento caem.
Até mesmo os frequentadores
Da igreja se distinguem,
Nas vestimentas,
Nas palavras,
Parece que só entram os escolhidos,
Não sei se se deve aos discursos,
Ou se é mesmo uma operação financeira
E pronto.
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