O rio encheu
Tão de repente
Quanto iniciou
A chuva.
A água ficou marrom,
E o barulho
Se tornou ensurdecedor,
Otaviano acordou assustado,
Eram cinco horas da manhã,
Não havia previsão
No dia anterior para chuva,
Porém chovia.
Ele notou pelo barulho
No telhado,
Teve certeza,
No instante em que
Uma telha se rachou,
E começou a pingar
Sobre a cama.
A chuva estava tão densa,
Que o foro não suportou
Segurar a chuva
Para impedi-la de cair,
Ela escolheu cair sobre seu pé.
- acorde, Judite.
Está chovendo sobre a cama,
Acho que molhou os cobertores,
E talvez, já tenha chegado
Ao colchão.
A esposa dele acordou
No mesmo instante,
Assustada e sonolenta.
- não permita que molhe tudo,
Temos poucas roupa
De inverno.
Ela respondeu,
Saindo da cama rapidamente,
E pegando ao lado da cama
Para puxa-la
Para o seu lado
E tentar evitar que a goteira
Molhasse completamente.
- puxe a cama
Até que a goteira suma.
Ela disse.
- você não acha melhor
Trocar a telha
E cobrir o furo?
Respondeu Otaviano.
Auxiliando Judite
A empurrar a cama
Para a direita.
- como você trocará a telha
Embaixo da chuva?
Pode cair um raio,
Ou então, você pode resvalar
E cair de lá.
Judite respondeu preocupada.
- tem razão amor.
Se retirar a cama debaixo
Da goteira ajuda,
Já fizemos o bastante.
Ele encerrou.
Encostando a cama
Para o lado
E ajudando Judite a sair de lá.
Judite aceitou a mão
Que ele lhe estendeu,
Depois aceitou encarecida
O abraço que ganhou,
Se demorando recostada
No peito do esposo.
Otaviano saiu para a sala,
E foi até a janela da cozinha,
De onde constatou
Que o rio estava cheio,
Uma enchente sem tamanho
Chegou e seu caico
Poderia ter se perdido,
Ou arrebentado a corda
Que o mantinha preso
A margem.
- querida, o rio encheu
E nosso caico se perdeu.
Ele disse,
Se virando assustado
Para o lado da esposa
Que entrava da sala
Para a cozinha
E abria bem a cortina.
- talvez a árvore esteja
Já dentro do rio,
Mas não tenha se quebrado,
Então, ela o segurou...
- tem razão.
Ele respondeu,
E correu trôpego
Para abraça-la,
A esposa sempre lhe traziam conforto.
- eu preciso nadar até o caico,
Desamarar a corda
E puxa-lo para a margem
É de lá que tiramos nosso pescado,
Sem o peixe que nos sustenta
Morremos de fome.
- mas amor,
O rio pode estar cheio demais,
Vamos escolher deixar o caico...
-querida, não podemos.
O caico é difícil de fazer,
Caro pra comprar...
- amor, você não está
Pensando direito,
Você não pode arriscar sua vida
Desta maneira.
- querida, entenda:
Eu nado bem!
Otaviano respondeu,
Dando a conversa por encerrada.
Abraçou a esposa com carinho,
Pegou o guarda-chuva
Que estava pendurado
Num prego atrás da porta
E saiu para fora.
Judite ficou boquiaberta,
Sem entender o motivo
Seus olhos lacrimejaram.
Chovia muito.
Estava escuro.
O céu não dava trégua
E o rio não perdoava.
Buscou sua sombrinha
Atrás da porta
E correu atrás do esposo.
Não o deixaria sozinho.
Na saída da porta
Uma lufada de vento
Quebrou a sombrinha
Para trás,
Agora nada adiantaria.
Ela jogou a sombrinha
Sobre a área
E saiu embaixo da chuva,
Preocupada com o esposo.
Ao chegar próxima
Ao porto,
Resvalou na terra,
E foi parar dentro da água,
A água estava rápida,
Porém ela se firmou
Sobre uma galho
E se puxou para cima.
Em terra dura,
Ela se agarrou
Num galho ao lado
E buscou o esposo,
Ele estava nadando.
Realmente, a árvore
Que segurava o caico
Estava no meio da água
E o caico foi puxado para baixo
E batia contra as pedras
E árvores.
- a corda não irá mantê-lo?
Ela teve tempo de gritar
Ao esposo,
Ele estava chegando lá,
Em meio a braçada na água
Ele olhou para ela.
Um olhar assustado.
Um olhar apaixonado,
Talvez, um último olhar.
Chegando lá,
Ele foi obrigado a cortar
A corda
Para poder puxar o caico
Para seu lado.
Isto demorou um pouco,
Então, ele cortou,
Puxou o caico,
E subiu nele buscando o remo
Que continuava dentro dele,
Que embora cheio de água
Não se perdeu por estar amarrado.
Com o remo ele retirou a água
De dentro
E então o empurrou
Para o lado da margem,
Pulando dentro dele
Rápido.
Quando ele estava
Próximo a chegar,
Na metade do caminho,
O caico bateu contra
Uma pedra debaixo
Da água
E Otaviano caiu contra a borda
E quebrou a perna,
Estabilizado,
Não foi capaz de impedir
Que o caico se perdesse
Para baixo
Levando ele em cima.
Judite correu pela margem,
Juntou um cipo mil homens,
O cortou da árvore
Em que ele subia
E laçou o caico,
Então, a árvore o manteve.
Impedido de seguir o caico
Chegou a margem,
E ficou lá.
Judite correu,
Subiu nele,
Pegou sua corda e
O amarrou numa árvore.
Agora ele estava seguro
Pelo cipo
E também pela corda amarrada.
Depois disso,
Ela ajudou Otaviano
A voltar para a casa,
Seguros.
Também seu ganha pão
Foi salvo,
Agora restava apenas
Trocar a telha
E esperar a chuva acalmar.
Logo, o dia foi amanhecendo,
A chuva continuou,
O rio aumentou ainda mais,
Porém, não foi capaz
De levar o caico
Ou causar danos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário