Gostaria de poder voltar no tempo,
Retomar todos os momentos.
Tê-lo.
Tê-lo não porquê não o tenho.
Mas porquê queria tempo.
Tempo para estar com você,
Te abraçar mais forte,
Ficar mais tempo.
Tempo para cheirar seu maxilar,
Sentir seu pescoço.
Querer seus beijos.
Desejar cada um de seus cheiros,
Cuidar de seu temperamento.
Voltar no tempo.
E vê-lo chegar perto,
Então, correr ao encontro.
Abraçar e ficar.
Te segurar até te impedir de ir,
Estar apertada junto a ti.
Sentir.
Não ter o coração apertado,
E prestes a chorar.
Perder cada motivo
Que incita em me fazer brigar.
Olhar nos seus olhos,
E deseja-los altivos e vitoriosos.
Fazer seus chás,
Cuidar de seus temperos.
Valorizar cada um de seus traços,
Ver nossos filhos correndo para os abraços.
Queria voltar no tempo.
E desde lá atrás cuidar mais.
Ver você de um jeito mais forte,
Imaginar seus ossos mais potentes.
Seus dentes mais bem cuidados
E o sorriso mais brilhoso nos lábios.
Queria ver seus músculos mais salientes
E depois nem tanto.
Cuidar de suas cores,
Reconhecer os torpores,
Desenhar seus sabores.
Queria saber a data do seu aniversário,
Não ter medo de carregar seu nome
Em meus lábios,
Poder chama-lo sem ter que gritar
E fingir rancores.
Queria ter momentos mais bonitos
Para me recordar,
Ter inventado mais motivos
Que te fizessem ficar.
Queria ter sido melhor,
Feito coisas mais bonitas,
Cativar seus carinhos
E não estar agora tão atônita.
Queria me aproximar de seus amigos,
Odiar seus inimigos,
Proteger você de tudo em que caí,
Te livrar de cada mal que sofri.
Ter sido um pouco mais o alvo
E ter podido te contar antes os causos.
Te avisar.
Fazer você prever o que viria,
Te contar tudo de que são capazes,
Reconhecer.
Queria voltar no tempo,
Não estar ferida,
Não cair em rumores,
Não ignorar você.
Não imaginar vultos e acreditar neles,
Não querer proteger seus carinhos,
Ou achar alguém para frentear tudo isso.
Odeio a distância de você.
Estas pessoas por trás de minhas atitudes.
Odeio estas vozes.
Me dói a garganta,
Me dói a cabeça,
Os dedos de tentar buscar.
São vozes e vozes e não querem cessar,
São tantas e me dão medo.
Queria ter mais forças,
Ser ousada da forma certa,
Não sentir esta dor na barriga,
Não querer tanto voltar atrás.
Deixei você lá para trás,
Ignorei seus sentidos,
O que você era
E tudo que seria capaz.
Eu segui.
Segui sozinha.
E com demônios em companhia,
Segui perdida,
Não entendi coisas suas.
Coisas minhas.
Meu pé dói ao meio
De tanto que caminhei,
Dei tantas voltas sem paradeiro,
Sem destino certo,
Hoje você concerta tudo isso,
Como um nervo que se desloca,
Você toca, aperta e deixa do seu jeito…
Logo faço 35 anos.
Com você ao meu lado,
Sem poder voltar no tempo,
Antever.
Destruir sistemas definidos a tanto tempo…
Rasgou pele,
Deslocou nervos,
Fraturou a carne,
Modificou o osso.
Definiu movimentos,
Obrigou posturas…
Quem sabe criou palavras,
Obrigou crenças…
Estou ferida,
E agora é doença.
Você sabe e entende.
Me protege.
Reconhece meus medos.
Há um sorriso bonito a sua espera,
Sempre lhe entreguei o melhor,
Aquele amarelo,
Meio torto,
Sabor limão,
Bem caseiro.
Havia ali um tiro.
Uma dor,
Você cuidou disso.
Havia sobre eu um sistema corrupto,
Que não gostava do meu jeito,
Do meu existir,
Meus pensamentos,
Você soube descobrir,
Me encontrar entre tantos enleios.
Queria voltar o tempo
Ter sido mais sua por inteiro,
Mas, você entende meus medos,
Reconhece os perigos,
Pode compreender os riscos,
Obrigada por estar comigo!
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