quinta-feira, 30 de novembro de 2023

E Outras Coisas

Com suas pernas torneadas
E seu peitoral a mostra,
Ele mantinha os dois últimos
Botões da camisa social branca fechados.

Um boné escondendo os cabelos,
E um calção nada esportivo.
De longe via-se o botão brilhar,
Possuía zíper.
Sim, tive certeza.
Mas quis ver mais,
Bem mais que isso.

Senti as pernas bambas.
Teria caído de joelhos, 
Estivesse mais perto,
Pouco mais perto,
Daria muito por um esbarrao,
Aquele botão pedia para ser aberto.

Pedi a Deus para me proteger 
Dos meus próprios pensamentos,
Desejo, paixão e entusiasmo.
Seu nariz longo e bem-feito,
O queixo empinado é bronzeado,
Sim. Eu queria muito toca-lo.

Homem bonito é coisa boa de se ver,
Mas aquele tinha mais,
Muito mais a oferecer,
Bem,
Rezei por um pênis grande, duro e ereto.
De mãos juntas e unidas,
Rezei quase em voz alta.

Oh, Deus, entre minhas mãos outra coisa!
Há instantes que por mais que nos
Sintamos bem e autossuficiente,
A gente por si só não basta!
Como gostei daquele botão!
Como me vi bem em sua direção.

Confesso que sua aproximação
Mexia em demasia com minhas ideias,
Queria em minha boca outra coisa,
Oh, Deus, que visão bem-vinda!
O dia provava ser promissor,
Desejos, paixão e outras coisas.

-tem cheiro de verão!
Eu lhe disse em tom rouco,
Traiçoeiro quanto a meu querer,
Sedenta não tive como esconder.
-O quê?
Ele disse com lábios graciosos.

-Sua roupa, parece quase excessiva,
Ou então, é sua presença...
Convidativa, sedutora...
Ele passava e mantinha o olhar,
Eu queria muito fazer sexo,
Desejava-o.
E sentia estalar o chão, 
-Onde você está indo?
Ele indaga e eu respondo.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Tardia

Assemelhava-se bastante. 
A recordar-se de longe,
Assemelhava-se o bastante. 
Um beijo presunçoso e indecente.

Que subindo pela pele
Chega ao rosto e ganha a boca,
Permanece, 
Parece que gosta.
Se apetece.
Fica.

Fica por mais tempo que deseja,
Anos?
A ver pela lembrança
Mais que isso.

Teria gargalhado,
Vivenciado outras coisas,
Mas o beijo foi bom,
E não parece ser daqueles fiador,
Que ocorre em convertidas,
E não ganha mais que tempo,
Respeito e rufar de um fôlego 
Que não tarda a partir
E não volta.

A luz brilha sobre a pele,
Parece competir com as carícias, 
Magníficos os lábios que a percorrem,
Resfolega e ganha a lembrança. 

Os gansos partem no horizonte,
Buscam os verões longínquos, 
Por que impor pudores,
Estabelecer diretrizes a uma boca sedenta?
Beija-se e entrega-se,
Hoje tarde e distante,
Pensa se impor presença soaria tardio...
Pensa, pensa, pensa.
Não o faz.

A boca que aperta-se sobre a outra,
A sente,
Distante das horas,
Sente-a quente e sedosa,

Na lembrança vê sua cor mudando,
A forma mais robusta é significativa, 
Na lembrança e fora.
Na laranja há um toque ácido, 
Na boca o beijo que percorre.

Se declarar que o doce é falso,
Atira-se o sabor em uma masmorra,
Abandonar o ácido é o erro 
Prova-se, deseja-se e fica nela.

Percorrer a boca requer tempo,
Tanto é talento.
Ninguém imporá isso,
Garanto.
Percebo isso entre lembranças quebradiças, 
Que puxam-no sempre para mais perto.

Um passo em falso,
E cai-se no lábio inferior,
Muda-se o lado,
O jeito, o sabor,
Doce e fresco. 
Um suco que exige tempo.

Eu perderia meu apoio,
Adentraria e sugaria seus espaços, 
Conheceria seus percursos,
Não soaria estranho...

A língua acha tudo sutil,
Mas ambos os lábios se preenchem juntos,
Montanhas que colidem entre si,
Desmancham-se em prazer e desejos,
Podia ler seu rosto como a um livro,
Percorria ele por entre os dedos,
De linha a linha até cada palavra,
Buscava por sua língua e calor.

Havia calor,
Muito calor fresco.
E a laranja por sua mão agora é raiva,
Saudade, nostalgia e falta.
Gosto bom que não preenche,
Ausência e desespero,
Suga-se da polpa a casca,
Ácida e arredia foge e deixa de servir,
Longe, distante está a boca,
Ácida ferve em ausência, 
Presta-se a sorrir,
Distante e pequena ausência. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Belo de se ver

O singelo olhar 
Alçou o rapaz,
Sem menos,
Ele caiu de joelhos,
O grande cara,
Agora gostava de uma garota.

Estava apaixonado.
Deveria estar,
Quando voltou do chão, 
Não sentia-se em nada um fraco,
Ao contrário, 
Lançou-se até ela.

Tocou de leve sua testa,
E removeu o suor,
Que descia é molhava sua boca,
Sem pedir trocados ou miúdos,
A boca limpou com a sua própria. 
Um beijo.
Mais que isso.

Bamboleou através do pátio,
Com ela em seus braços,
Então, ergueu do chão escorregadio,
Comandado por força sobre-humana. 
O amor.
Sim. Isso!

Na direção do Sol,
Ele ergueu-a feito um troféu, 
Como se entregasse-a a Deus,
Certamente, um anjo.
O amor tomava-o de perto.
Seu coração delirava em felicidade. 

Felicidade é ousadia.
O vestido dela sobrepôs seus corpos,
Deixou a vista suas lindas pernas nuas.
Sob o enfoque de olhos admirados.
Um sonhador de cabelos, pele e olhos negros.
Um homem apaixonado.

Movia-se com ela felino,
Ele parecia conhecer cada movimento, 
Mas não. 
Era a primeira mulher que tomava,
E gritava em alta voz,
Seria a sua única. 
Um homem não carrega sobre si todos os pesos, 
No dele,
Apenas ela
E o roçar de sua pele
Suada.

Um jovem alto e forte,
Parecia magro,
Até aquele instante,
Quem os via diria que ele a carregaria
Para sempre,
Não a via como um fardo,
Seus olhos dançavam sobre ela,
Era seu único ponto.

Bonita forma de adorar uma mulher, 
Até seu olhar irradiava sentimento,
Era belo de ver,
Desejoso e encantador.
Bonito apenas é pouco a se definir amor.

A noite e a lua vieram atrás deles,
Mas eles não tinham pressa,
Os olhos dele eram negros e sonhadores,
Os dela castanhos e simpáticos,
Entraram em sintonia,
E seus corpos emanava isso.
Bonito mesmo de se ver.

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

A Moça

A moça, 
Tornada sóbria depois de presenciar o beijo,
Teria caído de joelhos,
Gritado a toda alma,
Não fosse a vergonha 
Ganhar a raiva.

Traída. 
Descaradamente, Traída. 
Efeito roçar a morte de perto,
Tipo ferir a cobra 
E depois perde-la no mato,
Sabendo que precisa permanecer ali,
E que ela não está longe...

Neste momento,
Joelhos não ajudam nada,
Uma coluna de homens no horizonte 
Não é suficiente, 
Cavalos bonitos e fortes, 
Não são mais o bastante. 

A moça se aproxima dele, 
Com as mãos na cintura
Enquanto puxa o cavalo a frente,
Ele busca se recompor,
Fugir do que fez,
Mas o olhar fundo dela vê tudo.

Ele a segurava em seu manto vermelho,
A protegia do frio,
Coisas de homem solteiro,
Esqueceu fácil que tinha uma esposa...
- Cretino, estúpido!
Ele mantém o rosto risonho.

Diverte-se do que se desenrola,
A cela do cavalo se afrouxa, 
Ele fica erriçado.
A moça já não ganha o mesmo tratamento, 
A estranha que surge o toma.

Desejava que uma cobra selvagem
Surpreendesse a ambos,
Desejava fazer um teste entre eles,
Apenas ver se ela cuidaria dele da mesma forma 
O protegeria com todos meios,
Aquele a quem adorava.
Que agora sorria e partia. 

Ela montou no cavalo.
Chacoalhou as rédeas e saiu,
Fugiu de seus medos,
Cobrar, traição e venenos,
Partiu pela noite
Sentindo o vento nos cabelos,
O sereno noturno na pele.
Ouviu gritos e ruídos atrás dela,
Mas não virou-se para olhar.

domingo, 19 de novembro de 2023

A Culpa



Embora.
-Está bem.
-então, o que acha?
-ora, não destranque a porta!
Ela respondeu de saída, 
Sem olhar para trás, 
Conhecedora de suas lágrimas, 
Sabendo que iria voltar,
Sem ter lugar algum para ficar,
Porém, por ser fraca, 
Preferia o recostar da porta fechada
E que está nunca mais lhe fosse aberta,
Uma vez fechada, 
Assim ficasse por toda a vida,
Homens precisam refletir decisões 
E uma vez tomadas
Que não lhes houvesse rebeliões 
De sentimentos transversos,
Arrependimentos ou outra coisa.

-retrógrado.
Ela disse a passos largos.
Algum tempo após recebe uma mensagem:
-?
“interrogação”.
Ora, ele já não tinha suas certezas,
Fosse quais fossem,
Queria sanar dúvidas. 
“celular bloqueado”.
Tarde, tarde demais agora.

Falsa inocência de um otário,
-Caramba, não cansa de levar na cara?
A cada passo seguido adiante, 
Um “aí meu Deus”
Parece implorar por perdão 
“Como? É tão burra que se faz incapaz de entender?
Será que comem cérebros?”

Mas eu confiava em mim para calar,
Olhos adiante,
O que aconteceu ficou para trás, 
Adotava o clássico comportamento 
Das mulheres decididas e maduras,
Sabia perder assim como ganhar,
“Estúpida inocência daquela que implora”.

Perdedora.
Grande perdedora.
Destruída.
Dilacerada. 
Um nada que não sabe pensar.
Estúpida perdedora.

Ela sabia ignorar tudo que um homem fala ou faz.
Melhor escutar sua consciência.
Acabou e não teria volta.
Entendia seus sonhos passados.
“Comigo Será diferente”.
E nisso, perdoava a entrega do primeiro beijo. 
Mas o tempo trouxe a verdade,
E agora a relação parecia desgastada,
Era como se fosse longa demais.
Desmedida.

Então, tentava não se culpar. 
A culpa não traria um recomeço, 
Nem impediria o voltar atrás.
É sabido que culpa cria fantasias,
Colore o que houve,
E finge.
 
A culpa.
A culpa é sempre falsa.
Mas lágrimas quentes e idiotas
Não podem ser contidas.
E escorriam pelo rosto estúpidas. 
E isso o que ocorre quando 
Se permite intimidade a alguém, 
Dor, lágrimas e arrependimento.
A depressão idolatra a dor e a saudade 

A culpa.
A culpa é sempre idiota.

sábado, 18 de novembro de 2023

Um Próximo

Sorriu.
Este sorriso fez um progresso,
Colocou sentimento novo,
E um tanto de esperança. 

Os lábios cheios e trêmulos,
Continham o sabor da flor,
Que agora, perdia o sentido,
Ante o desejar do beijo plácido. 

Uma flor é jogada a esmo,
Perdida e pisoteada no caminho 
Todo um passado de viver por ela, 
É abandonado e esquecido.

Mudou-se o desejo e o rumo,
Agora havia uma boca tentadora,
Um coração aos saltos
E uma alma a gritar em juras.

Corações desesperados
E um amor objetivando,
Incrivelmente e sem motivo,
Seu sorriso ficou mais largo,

-ótimo. 
Que se aproxime e posicione-se,
Um agir próximo
Beirava mais ao alcance.

Olhou para as pernas expostas,
O coração que batia intenso,
-bem, vou embora.
Disse para si própria. 

-e você, coração, tem apenas uma tarefa:
Pensar em novos desejos e esquecer
Ou querer ainda mais esta boca,
E lutar para ter este homem.

Intenso, trabalhoso e apostador.
Suas pernas tremular
E sentiram-se estatelado.
-vou ficar por aqui e continuar sorrindo.

Não chegou a porta ou jogou a flor,
Permaneceu com ela entre os dedos,
Tola, murcha e despretensiosa.
Porque um coração reflete nova expressão, 
E o seu refletia aquele rosto.

-talvez, homens gostem de ver a si mesmos,
Sentirem-se sob outros olhos.
Olhou ao redor e procurou por concorrentes, 
Haviam tantas mulheres quanto rostos diferentes. 

Mas o seu era único, 
E nenhum outro o refletiria tanto,
-quem sabe ele prefira fugir de si mesmo.
Ela sussurrou para si trêmula e insegura.

-Será que ele conseguirá me ver?
Arriscou um olhar arredio e longínquo,
Sim, era possível ser percebida.
Agora estava sob os comandos dele.
Um estranho.
Um bonito, atraente e expressivo,
Estranho!

-Eu saberei.
Refletiu consigo mesma.
-se ele me amar, eu saberei.
Amores vem antes do contato.
Ele parecia entender sobre o assunto.

Andava seguro e simplório,
Quase despercebido,
Não fosse tão perfeito,
E ameaçador aos seus propósitos:
Permanecer e ser sozinha,
De tão perto ameaçava até mesmo as flores
E isto soava de inteiro dele.

E então,
Antes que sua expressão mudasse critérios,
Antes de abandonar completo o reflexo,
A adorável combinação de perplexidade e adoração
Tomou-a ainda mais para ele.
-Oi, moça. 
O rapaz lhe estende a mão 
E encontra-se perfeitamente parado a sua frente,
Próximo, lindo, atraente e Próximo. 
Próximo, muito próximo. 

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Amor

A frase ganhou intensidade,
A carícia ficou mais forte,
Sem nunca perder o teor de brincadeira,
Ela disse: - te amo, cara!
E é pra valer!

Sorriu de forma doce,
Como se algum amor
Fosse superficial ou falso,
É certo que amor é sempre intenso.
Ele cedeu aos encantos,

Com um passo para a frente a reteve em si,
Colado ao seu peito,
Tão apertado,
Que podia sentir cada um de seus ossos.

O rosto rubro é cheio de vida,
Contava com o coração aos saltos,
Sobre o amor e acrescentava sonhos,
Ao calor da pele cheirosa e macia,
Que vibrava sob a camisa cinza.

Os olhos abertos olhavam,
Queriam reter e guardar o momento,
Os lábios inchados e desejosos,
Queriam mais de cada jura.

Queriam o doce da boca sobre si mesmos,
De maneira a nunca acabar,
-Te amo!
Dispara ela sob ele.
-Te amo! 
Repetia sem gritar.

As juras tinham um teor de seriedade,
Passavam a exigir,
E o sol surgiu por entre as montanhas,
Iluminou cada árvore
E chegou até eles sob a neblina.

Atendendo ao beijo quente e febril, 
Depois da promessa dela,
O silêncio parecia muito alto,
Era como se cada segundo
Falasse ainda deste amor
Que era por ele calado.

Antes da alvorada tocar o céu,
Tomou-o para si.
Não o deixaria por nada,
Assim é o amor,
Ele simplesmente permanece.

 Sem medo do vento que soprava,
Cortava árvore
E arrancava outra pela raiz,
Mesmo após o arrancar dela da terra,
Ainda após houve amor.


quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Um Cara Burro

Não importa como a coisa funciona,
Palavras perdem o contexto, 
Sentia medo, muito medo,
Nem o que disse foi bonito,

Porém, o que fez foi pior,
Não. Ele não gostou de mim,
Apenas isso,
Contudo como me interagir?

Isso mesmo.
Dizer para eu que
Apenas não sou o bastante, 
Ter a preferência dele esfregada na cara.

Era ele,
Não era bem o tipo dele.
Era ele.
Para quê?

Disfarçar ou mentir
Seria considerado enganar, 
Então, ele foi simpático, 
Se recusou ao beijo- 
Nada pragmático. 

Sem interesse e desmotivador, 
Foi bonito isso.
Ele, de início, não quis interpretar,
A questão foi quando a outra cobrou,

Procurou disfarces e exigiu atitude,
Aí ele decidiu se abrigar,
Eram tantos os homens,
E eu bela e dedicada,
Me usar.
Até quê...
(Tapa na cara).

Eu deveria te-lo acertado, 
Mas também, para quê?
Ele nunca ficou sabendo 
De todas as vezes que fui violentada,

Não parecia do seu perfil
Conviver com moças 
Cujos pais usam de quebraduras e forças...
Mas quis quebrar seu antebraço, 
E vi que eu não servia.

Saí. 
A forma como fugi foi boa,
Procurei um abraço, 
Um beijo onde me assegurar,
Quis ser protegida
E isso foi muito bom.

Eu confiava em ambos,
Não sabia que teria motivos sólidos
Para qualquer outra coisa.
Era eu. Não. Não era eu.
Quis me encontrar.

Algo passou a trabalhar dentro de mim, 
E as coisas pareceram se elucidar
Sem tanto esforço ou esmero,
Os sonhos de outra me buscaram,
E eu tentei. Querido. Tentei.
Vale o esforço. 

Que força, 
A força que sempre me segurou,
Me ergueu e fez seguir.
Ninguém além de mim sentiu isso.
Quando retornei ao lugar de antes,
Com todas as aproximações e pegas possíveis. 
Não foi notada ausência ou nada. 

Talvez ele tenha notado meus olhos trêmulos,
De repente viu o sorriso forçado, 
O rosto tristonho, 
Mas a aproximação do beijo dela
Lhe soou efeito devastador,
Havia um quê de ácido até no chegar perto.
Ri disso.
Teria sido divertido.

Vê-lo corroer por água abaixo,
Choro lânguido e mecânico, 
Não saberia de mim,
Então seria apenas o líquido lhe corroendo.
Que feio.
Feri-o.

Me senti obrigada a deferir o tapa.
A esmo vejo outro interesse, 
Nada traiçoeiro ou arredio. 
Não me remeti a força cruel,
Mas lhe vi o efeito devastador.

Meu amigo puxou-o,
Para mostrar-me mais longe,
Cara burro!
Estupidamente burro,
Dizem as línguas que me procura 
Ou sente falta.
Pouco acredito nisso.
Mas e quanto ao ácido?

terça-feira, 14 de novembro de 2023

A Abadia

Sim. Mandei-os embora.
O amor, a raiva, o cara!
-Não há espaço em minha vida!
Procure outra que o satisfaça. 

Descobri que era forte o bastante,
Consegui trancar a porta
Sem desmoronar muito,
Esqueci de reter a cópia da chave,
Não esqueci as promessas,
Estremeci com o motor do carro.

Não busquei seu olhar,
Não quis sentir a chuva,
Não procurei seu beijo.
Ferida até a alma,
Já não entendia o que houve,
Procurei o travesseiro. 

Me sentia mais segura escondida,
Sufocada entre lágrimas, 
Embebida em ódio puro.
Normalmente, quando choro
Não dura tanto,
Porém, não cessava.

Lá fora ele chorava,
Eu pensei nisso com minha alma,
Lá fora ele sentia,
Eu acreditei nisso para minha vida,
Lá fora ele queria voltar,
Me escondi nesta certeza.

Que pessoa baixa,
Esconde suas atitudes em outra pessoa,
Que ser humano medíocre
Se bancaria tanto em dinheiro,
Que vadia...
Não era capaz de ser de alguém.

Saber o que  pertencer,
Entregar-se a um só homem,
Sentir? Nunca.
Vadia completa.
Que sua unha de ouro se rompa,
Que seu filho nunca me esqueça.

Pensando bem, o amo.
Espero que ele guarde as lembranças, 
Me doaria mais ele chegar ao fim do seus dias
E nunca ter sido amado,
Ou visto além do dinheiro,
Pobre de alma.
Vazio de sentimentos, 
Criado por uma vagabunda, 
Fraco para ir adiante disso.

A ferida que não cicatriza,
É capaz de sarar sozinha,
Que ele seja incapaz de esquecer,
Parece ser melhor a conhecer apenas o desprezo
De ter sua boca beijada por dinheiro.

Não desejo a ele o esquecimento 
O mundo já possui muitas várias,
De repente, ele seja capaz de algo,
De ver e sentir fora do ouro e entorno.
Medíocre.
Inferior, subalterno de uma cadela.

Ele seria capaz de sentir realmente, 
Amar alguém, 
Me sinto desolada e traída, 
Não sou capaz de me conter,
Ah, quem dirá outra lhe cobre sentimento,
E possa ele, então, amar.

Por ele,  certo.
Somente por ele.
Que as palavras não rejam seus atos,
-A uma vadia ele pertence!

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Admiro Isso!

O sorriso sumiu tão rápido, 
E seu rosto não demonstrava medo,
Anos depois,
Ele a vê dormindo,
Admira-se.

Passa sua mão direita
Pelo rosto adormecido, 
Sim, com medo.
Agora ele pareceu estar com medo.

O teor adormecido 
Não desejava deixar aquele rosto.
Não! Ele tentou gritar,
Acorda-la, chamar...

-Sabe você tem olhos bonitos, 
Lábios cheios e belos,
Sobrancelha tracejada,
Ossos intactos e posicionados.
Eu admiro seus contornos.

-Olha-se ao longe e vê, 
É ela que vem.
Ela acorda-se e toca-o.
-Ah, eu dormia.
Sorri para ele docemente.
-Obrigada. 

Todos a veem,
Todos a notam.
Não haverá o que não a admire.
Você é como um sonho.
Ela percebeu com suor sobre a pele
Que era bom ouvi-lo,
Desejou-o ali para sempre.

-Fica em pé. 
Coloque suas mãos para frente,
Junte-as uma a outra.
Eu gosto do fato de você ter um eixo.
Admiro seus contornos.

Disse ela em tom casual,
Levantou sua mão direita
E desceu-a com força sobre ela,
No meio do seu rosto,
Sobre a nariz e testa. 

-jamais solte as mãos 
Não importa o que eu faça, 
Contra eu você esta im-pe-di-da!
Olhe-me firmemente,
Eu gosto da sua sinceridade. 

Me olhe a partir do peito,
Da altura dos meus olhos
Eu gosto de saber seu tamanho,
A partir do peito olhe em meus olhos,
Eu quero saber se está mentindo.

-Você é desenhada,
De longe eu posso saber seus contornos,
Alvo certo.
Não tome cuidado,
Você é impedida de sentir isso.

(Coitado,
Ele foi impedido de ter um contorno,
Agora desejava os meus,
Não se tratava de merecimento...
Cada vez que me via isso ficava óbvio,
Mas, eu não quebrei nenhum dos meus ossos,
Admiro tanto isso!).

-Ainda hoje sinto medo
De sangue, ossos e músculos,
Lembro que o pênis dele fedia muito,
Só mais tarde, muito tempo após, 
Eu soube que tive medo de pênis. 

Casa Comigo

-Quer se casar comigo?
Cinco segundos de ternura,
Duas mãos entrelaçadas uma sobre a outra,
Ela estende a dela sobre ambas,
Suspira, sorri e determina:

-Pensei que seria comigo!
Contém o soluço 
E se volta a recostar na cadeira,
Desistindo do movimento
De aproximar.

-Por quê?
Pensou isso com base em termos transado?
Ele ri sem expressão, 
Seus dentes brancos trincados
Revelam comando,
Felicidade é sonhos.

-Eu era virgem...
Ela olha para seu decote,
Os contornos da blusa que usa,
Deseja fecha-la,
Conter-se.

-E... daí?
Ele se aproxima e retorna,
Coloca uma mão sobre a dela,
Que permanece sobre a sua outra.

-Cara, desculpa.
Você falou de amor...
Ela sente-se mal,
Pensa que não há retorno.
Foi um erro.

-Eu ganhei o que queria.
Ele sorve a cerveja,
Mantém contato,
Suas unhas fortes
Parecem mais intensas.
Dedos marcados...

-Você me queria?
Ela puxa sua mão, 
Com sofrimento remove
De entre aa dele.
Está torcida, ferida.

-Ah...
Ele abre a boca
E olha para o lado esquerdo.
Não sabe o que dizer...
(Então, queria).
Ela repete em pensamento. 

Pensa em pegar a mochila
E sair depressa,
Não voltar-se,
Até sentir-se longe o bastante. 
O coração padece,
O corpo maculado se arrepende.

-Vamos falar de outra coisa.
Ele diz enquanto toca suas mãos, 
Não parece ter notado 
A falta da mão dela.
Nem ao menos (dela).

domingo, 12 de novembro de 2023

Guardado

Eles olharam.
Antes, durante e depois.
Olharam.
Para ele era importante isso.
O capo do carro estava quase preto,
Sujo, empoeirado,
Pertencente a um alguém, 
Porém.

Não houve sinal de fumaça, 
Gás para obrigar,
Houve sentimento e ternura,
Mãos entrelaçadas. 

Ela passava de um beijo,
Esbarrou no cos da calça, 
O bastante para ser segurada,
A mão levantou e veio ao rosto.

-Na cara?
-Não, desculpa. 
É que você estava lá beijando,
Depois esbarrou em minha calça. 

Ela puxou sua orelha,
Tocou no rosto,
Puxou-o para ela,
Ele parecia tonto.

-beije-me.
Não houve tom de ordem,
Mas havia um quê de Comando,
De ambos os corpos.

Ele tropeçou no chão espasmodico,
Ambos foram para o capo,
O riso foi contido pelos rostos colados,
A respiração entrecortada na cara,
O cheiro forte ganhando lugar.

Seu peso a continha, 
O rubor na face dele denunciava,
Ela iniciou uma música, 
Ele a reconhecia.

Frases sussurravam sobre os lábios,
Tocavam sua maciez e calor,
Corações aos saltos
Entre corpos e mãos colados.

Tudo ocorreu naquele instante,
Zíper aberto,
Dentes esbarramos,
Calça puxada sem jeito,
Camisa removida as pressas...

Gemidos, granidos, juras...
Plateia para presenciar,
Desconhecimento e certezas
Se misturaram ao nunca mais se ver...
Coisas que não se repetem.

Juventude, medo e imprudência.
Perfume impregnado na pele,
A escuridão pareceu se flexionar,
E conte-los,
Em si mesma e um no outro,

O peso lhe roubava o ar,
Lhe doava lufada,
Olhares clamavam conquista,
Mas, bem, ele não quis esperar,

O aglutinar das pernas,
O apalpar de mãos entrelaçadas, 
Que percorriam unidas
Seus próprios corpos,
Fechadas uma na outra,
Apenas a ponta dos dedos acariciava,
Era o bastante,

Para mil arrepios,
Desejos cegos,
Olhares escurecidos de vontade de estar próximo, 
Rostos suados unidos,
Suor a romper a poeira da negritude,

Um nome escrito num capo de carro escuro e empoeirado 
Feito tatuagem de uma unha,
E duas mãos úmidas e unidas,
O grito cresceu,
Sem nunca abandonar aquele negro de desconhecido, 

Dois passos masculinos se puseram para trás,
Ele, deitou-se, jogou-se,
Sem juras ou pressa,
Nem para sempres.
Apenas um romper,
Um escorrer,
Palpitar destrutivo.

Pálida, Olhos saltados,
Roupa suja,
Calcinha rasgada por entre os dedos,
No escuro apenas as marcas,

-dedo a conter as palavras,
Pulmões pesados pra respirar,
Portas abertas e fechadas,
-Não, pera aí, pera aí que eu pago.

Sem pressa no correr das horas
E resvalar no capo desconhecido,
Intenso e febril sobre suas pernas,
-deixarei-o guardado.
Ela sussurrou com sua mão em seu peito.



quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Dói Demais

-Vem cá. 
Ele estende a mão, 
Deixa-a.
Ela inclina-se com emoção. 

-Não vou te machucar.
Ela viu-se a reviver a cena,
Com algumas lágrimas no olhar,
Não, ainda não estava inteira.

Virou-se e encarou seus olhos,
Haviam vestígios dela neles,
-olá, lembrou de nós?
Ele gagueja e esboça um sorriso,
-lembrar-se?

Então, parte.
Vai embora da mesma forma,
Ela toma direção oposta.
- qual o motivo do chamado?
Vê-se a indagar em voz alta.

Inspira a incerteza,
E aspira a liberdade,
Cala o grito do espanto,
Não queria te-lo visto,
Ouvi-lo ainda produzia efeito,
Nefasto, devasso, perverso.

O silêncio abre o botão da primavera,
Terceiro dia e primeira flor,
Impactante feito um golpe de faca,
Porém, apenas o desenrolar dos dias.

As lágrimas estavam mais perto.
Bem, ele disse que a amava,
Que era a segunda em sua vida, 
E a primeira foi um erro...
Mas, em quê isto acrescentava?

Talvez, a que ele esperava
Estivesse indisposta...
Pessoas esperam umas as outras,
Acho que são por isso que as escolhem.
Não é questão de melhor ou pior,
Rostos não preenchem opiniões, 
A questão é rótulos, propaganda
E facilidades...

Não , não gostava dele.
Não sentiu-se segura ou atraída por ele.
-se ele perguntar sobre mim,
Irei dizer que estou bem.
Não preciso estender conversas paralelas.

Sentia medo de chorar,
Lágrimas com o tempo são desnecessárias,
Se não há com quem dividir a dor,
Expor sentimento, 
Penso que lagrimas são para consolos,
Chora-se por que precisa de um abraço...

Não faz sentido amar para esquecer,
A cabeça grita muito,
O coração custa para entender,
Não faz sentido amar para esquecer,
Está situação é embaraçosa, 
Traiçoeira e dói muito.

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Seus Contornos

Medo do ridículo?
Autodepreciação?
Não. 
Nada disso.

Assim que toquei seu braço, 
Senti seus pelos erriçados
Enrolarem-se aos meus,
Como se a deter-nos.

Caminhos entrecruzados.
Sem controles ou linhas escritas,
A partir daquele instante
Éramos eu e ele, 
Apenas.

Apontar erros?
Buscar medos,
Esconder-se?
Não. 
Sem culpados. 

Apenas o sentimento. 
Não precisávamos de mais que isso.
Senti meu coração compadecer-se,
Era como se eu conhecesse se passado,
E sentisse que ele precisava de mim,
Que eu ne-ce-ssi-ta-va estar perto.

Não chore mais,
Não chore agora,
Apenas entrega-se,
Não sofra.
Havia um teor de intolerância, 
Urgência,
Havia comprometimento. 

O sucesso se devia aquela proximidade, 
Sem competitivamente,
Eu precisava ganhar seu beijo,
O abraço, 
O toque, 
O carinho,
Ele sentia minha urgência, 
Eu conseguia entender.

Ganhar seu beijo
Ou desobedecer a ordem mais proeminente,
Ordem vinda do coração, 
Não há como impor resistência. 

Aproximei-me,
Toquei seu rosto e o trouxe,
Não vi humilhação no gesto,
Nem beirava ao abusivo.
Claro que não, 
Havia amor acima do todo.
Até mesmo da multidão. 

Entre tantos rostos, finalmente, 
Eu estava no favoritismo,
Encontrei o que desejava,
Todo o resto ficava embaçado,
Embasbacados pelo que viam,
Eu estava amando
E não fazia tentativa alguma de negar. 

Perfeccionismo?
Imperfeição seria qualquer dia
Em que eu não contasse com seu beijo,
Não tivesse seu olhar em meu caminho,
Ele a minha espera no final de cada dia.

Isso beira ao surreal?
Não pra quem nos via,
Havia um sujeito ideal,
Agora com minhas duas mãos em seu queixo
Eu conseguia entender,

Agora que meus seios arfavam ao seu encontro,
E a blusa estourava em sua boca,
Agora que eu percorria com o dedo
Seu lábio ferido pelo botão,
Que saltou sem aviso ou estalo,
Apenas o feriu...

Agora que eu estava a centímetros,
Sussurrando,
Sugando seu cheiro
Trazendo para mim a doçura 
Da pele de sua boca,
Desenhando seus contornos com a língua, 
Agora que eu me via sua.

Não tinha ligação com habilidades, 
Tratava-se da intensidade do que eu sentia,
Do que eu via nele,
Há um valor acima de tudo para todos?
Então, que valor este senão o amor?
Eu o tomaria,
Eu não conseguiria fugir disso.

Não haveria outro destino,
Pela primeira vez
Eu deixava de lado
Meus medos de correr riscos,
E desenhava todos os riscos em seus contornos,

Do primeiro contorno ao último, 
Nunca foi tão perfeito um caminho,
Nunca senti tanta satisfação, 
Nem haveria outra perfeição. 
Um caminho novo estava ao meu dispor.
Não, eu não tinha como desistir do amor!
 

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Estou Apoiada Em Suas Pernas

Olhou seus olhos,
Sorveu seus lábios líquidos 
Feito o néctar de uma flor,
Absorvendo o cheiro que não quer perder,
O gosto de nunca esquecer,

São prazeres que não conhecia,
A sensação foi devastadora,
Ela nunca pode passar despercebida,
Investiu neste amor tudo que pode,
Deu-lhe o melhor de si mesma.

Sentou-se em frente ao seu joelho esquerdo,
Passou a mão em frente ao seu pescoço, 
Segurou-o pelo lado direito do rosto,
Depois se colocou nele,
Sentiu cada parte para nunca perder.

Ela juntou com a mão esquerda,
A moreia branca,
Moveu-a sobre seus lábios 
E sem olhar para trás 
Passou por baixo dos lábios dele,
Sem toca-los,

Sentia ciúmes de que algo fora dela
Pudesse tocar, 
Entender tudo que sentia,
Oh, Deus me livre, Sentir mais que ela.

Por Deus, 
Hoje estes lábios já não são tocados,
Estão impedidos,
Talvez, triste Deus, 
Nunca mais poderão ser sentidos.

Nada tão lindo ou impactante, 
Ele- Aquele que é amado.
Uma vez uma moça gorda
Teve cuidado redobrado com ele,
Mas isto nunca fez com que ele pudesse esquecer-me
Ou eu a ele.

Me empurrei contra seu joelho,
Fiz dele alicerce e abrigo,
Até hoje minha coluna não é a mesma...
Preciso dele comigo.

Mas ele recolheu o joelho tão rapidamente,
Oh Deus, eu tivesse outra chance,
Hoje faz falta até mesmo as brigas,
Mas o amor tem aquele quê de proibido...

Sim, sempre que me sento a pensar,
Percebo isso,
Onde ele está é seguro,
Frio e distante...
Espera por mim sempre,
Já não pode fazer mais que isso.

Meu hábito persiste em busca-lo,
Não há lágrima em meus olhos
Que não pronunciem seu nome,
Não há por-do-sol onde não o veja comigo.

O vejo andar lentamente e seguro,
Ouço sua voz,
Respeito seus argumentos, 
Busco nele mudanças, 
Mas está tão guardado,
Que permanece sempre o mesmo.

Os quadros emoldurados na parede
Demonstrariam isso,
Mas eu fiquei irritadiça 
Então , retirei todos.
Daquela época o tempo mudou,
Aa coisas estão diferentes. 

Seus olhos nunca foram tão lindos,
Eu ainda não sou capaz de desenha-los,
Seu cheiro de terra fresca,
Eu ficava olhando suas pernas...
Seus ossos, força, músculos, 
Ficava pensando nelas,
Apoio confortável e bom.
(Ficava apoiada em suas pernas).

domingo, 5 de novembro de 2023

Não Haveria Outro

Quando achou que era o bastante, 
Afastou-se,
Ainda de olhos fechados e incrédula, 
Acabou o beijo,
E não haveria outro.

Viu algo no rosto dele,
Olhos abertos e espertos,
Trêmula de medo do que encontraria,
Não assimilou o tanto que via,

Baixou o rosto para as mãos, 
Assim que elas deixaram o rosto dele 
E chegaram a altura do abdômen, 
Estavam trêmulas e inseguras.
Não, não haveria outro beijo,
Não com este homem.

Já não sabia o quanto lhe custaria,
De entrega e fugas,
Mas nunca mais tocaria estes lábios, 
Pronunciaria o Eu te Amo
Que chegava tão fácil a sua boca.

Não havia descrença do que acreditava,
Pavor, medo, insegurança...
Não haveria outro beijo,
Achou que suas unhas cairiam,
Pareciam tão frágeis e palpáveis, 
Desejou ter uma lixa consigo.

Tentou afastar o pensamento, 
Olhar segura para ele,
Porém, a cabeça pesava,
Ombros e pescoço não obedeciam.
Não haveria outro beijo.

Ela sentia o olhar dele sobre ela,
Sempre seguro e íntegro
De tudo que queria.

Ela odiava estar tão próxima de suas mãos,
Sentir-se tão ao seu alcance,
Nem conseguia consultar direito
Tudo que esta proximidade lhe causava,
Porém  estranhamente,
A distância parecia trazer mais sofrimento. 

Ela desejou ter uma história bonita para contar,
Quis, assim que viu sua boca,
O maldito outro beijo,
Este mesmo que prometeu-se:
Não existir o próximo. 

Tentou falar rápido alguma frase,
Qualquer coisa,
Então a disse.
Ele respondeu com intensidade e força, 
Entendeu cada palavra sua,
Ela o odiou por isso.

Como ele poderia entender tão bem,
Se ela nem ao menos sabia o que dizia,
Ele estava muito ciente,
Havia uma força potente e estranha nele,
Nada de força com ela.
Não haveria outro beijo.

As palavras tropeçaram em urgência e dor,
No momento seguinte,
Já não sabia o que havia falado,
Já não tinha mais como manter a conversa.

Terminou aos soluços, 
Mas conteve as lágrimas, 
Apenas não haveria outro beijo,
Também lhe poupou a ternura
De um último abraço, 
Como poderia?
-Não haveria outro beijo?!

Ele

Sempre que contemplo seus lábios, 
Sinto as pernas bombas,
É como se não houvesse obstáculos, 
Vejo o mundo em tons de rosa.

De volta a infância esquecida,
Naqueles momentos em que
Se colhe uma flor
E senta-se sozinha,
Para sonhar.

Retorna-se lá,
Adulta, então, 
Colhe os sonhos esquecidos,
Junta cada pétala da rosa,
Que ficou a esperar.

Há uma flor imaginaria entre os dedos,
E é como se a boca dele soubesse,
É como acredito ao ouvi-la,
É assim que me sinto,
Sempre que se aproxima.

Peço seu beijo,
Seu abraço e carinhos,
O mundo é tomado das rédeas, 
No lugar há uma rosa,
Sedenta do carinho
Que sempre esperou.

O sempre que almeja o futuro,
Já existia e nunca foi esquecido,
O presente que se sonha,
Já vivia lá atrás, 
São espaços que se misturam.

Por um momento,
As certezas entram em queda,
Ouço um gemido,
Não são meus lábios que se apegam,
São os do outro 
E há neles todas as promessas de que preciso.

É como se uma música romântica soasse,
E embalasse dois corpos,
Será que ele pode ouvi-la?
Eu gosto de músicas românticas...

No segundo em que ele toca minha boca,
Sinto a rosa cair das minhas mãos, 
Esqueço tudo que houve,
Desisto do futuro,
Me abrigo na segurança que há nele,
Não há outra necessidade.

Mas, logo que dou por mim,
A rosa está nas mãos dele,
A mesma da qual desisti,
Agora os objetivos que eu tinha,
Não são apenas meus..
Me abrigo nele.

Olho em seus olhos e a vejo,
É como se ela ganhasse vida
De seus atos.
A imagem surrada se apoia no abraço que eu gosto,
Faz do seu peito um fundo colorido,
Ela gosta da estampa que ele usa.

Eu o prefiro desnudo,
Será que ela sabe disso?
Rosas requerem cuidados específicos,
Que droga, 
Ele está impedido de tirar a roupa,
Me vejo insegura segura.

Lábios sorridentes,
Escondem seu gosto sedento,
Minha sede derrama-se,
Exibo tudo que penso,
Preciso dele comigo,
Essa rosa sabe disso.

Penso que ela faz cobrança, 
Ora, Quisera eu nunca ter tido este passado,
Mas nunca te-lo sonhado em minha vida?
Querido ele ao meu lado?
Droga, o preço do apenas agora é pesado,
Perde-lo.
Não posso!

Rosas mortas não renascem,
Flores esquecidas perdem-se,
Estremeço,
Castigo perde-lo.
Não assumo este risco.

Me aproximo dele,
Sabendo da rosa frágil em suas mãos, 
Cuido dela sabendo que é minha,
Busco sua nuca,
Procuro seus lábios e mudo a música, 
 
Penetro sua boca,
Toco sua língua,
Sinto o líquido de sua boca,
O gosto dela me preencher,
Na margem logo próximo ao meu útero, 
Há a rosa adormecida.

Eu o amo.
Amo a forma como sua mão esquerda
Encontra minha coluna,
Acho que ela gosta do que me alicerço.
Ele.
Me segura firme nele.
É onde quero estar pra sempre...
05/11/2023.

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Ele Foi Embora

Mas, ela manteve o silêncio,
Mesmo quando ele fechou a porta,
A luz apagou-se sem motivo,
E a escuridão a tomou.
Cruzou os braços,
Manteve-se:
Acordada, parada, por horas,
Olhando o rádio ligando,
Prestando atenção no som,
Imaginando se a próxima música
Poderia dizer algo sobre sua vida,
Fazer uma escolha,
Definir objetivos.
23:30 o rádio sessou,
Tudo a volta ficou escuro,
O ar frio e mal cheiroso,
Como se houvesse uma presença,
Ela esperou ser abraçada,
Não o foi,
Esperou ser tocada por entre as pernas,
Não o foi,
Esperou o puxão de cabelo,
O tapa na bunda,
Não houve nada.
Mas a ideia da presença
Não lhe deixava,
Deveria ser sua própria companhia,
Que se fazia mais intensa.
E, como sempre,
Ela sentiu que o via sumir de vista,
Ir para mais longe,
A sensação sorrateira de alívio,
A percorreu,
Rápida e arrepiante por seus pelos,
Logo passou,
E lágrimas vieram ao rosto,
Pesadas feito chuva,
Algo nela é sobre ela,
Este algo era apenas dela,
Sua dor, solidão, heresia...
Odiou-se por isso.
Segurou um grito,
Por entre os dentes fechados,
Pressionou-os com toda força,
Intensa para não cair de joelhos.
Ele era bom demais,
Frente a tanta bondade,
Ela ficava impotente,
Ele parecia-se com o melhor do mundo,
Mas então ele foi embora,
E levou a ilusão com ele.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Vulnerável

Num único instante,
Autenticidade,
Mediocridade,
Um quê de autocompaixao naquele olhar,
Nenhum pouco da minha piedade,
Se meu espírito flexível
Preferiu partir ao punível?
Eu não saberia determinar motivo,
Mas por um único instante,
Minha gratidão é alegria,
Me guiaram a agir com fé,
Mesmo que a intuição não fosse costumeira,
Que o destino fosse determinado,
Eu quis fugir daquela publicidade,
De deixar tudo exposto,
Vida contada aos flagelos,
Não desejei olhar de ternura,
Quis ter mais criatividade,
Preferi o descanso de andar a pé,
Seguir por muito tempo aquela estrada,
Até me cansar ou fazer calos,
Não olhar para os lados,
De que me adiantaria discutir fatos?
Naquele instante,
Não me vieram a boca argumentos,
E desisti de usar os punhos,
Melhor os calos da pele
Que os da garganta.
Acreditei ter visto algo naquele olhar,
A calma e tranquilidade
Que apenas o caminho me concederia
Iriam me mostrar mais,
Naquele único momento,
Discutir não beirava ao interessante,
Não convinha ou era relevante,
Dentro de mim estava errado,
Quando estamos juntos,
Preciso me afastar de outros,
Há sempre uma necessidade de troca,
Apego e entrega única.
O mais importante!
Aquele único dono da atenção,
O centro de minha vida,
A opinião que não aceita argumentos,
Parece haver a mão maior
Que rege nós dois,
Esta mão impera por nos juntar demais,
Só pra separar após,
Esta entrega apenas para um é estranha,
Haviam outros em minha vida,
Agora faz-se a necessidade única.
Prefiro cultivar risadas, danças e músicas,
Aproveitar de forma leve,
Você se pesa a qualquer coisa,
Caramba, que horrível ter uma medida!
Tenho medos,
Diz-se que isto me faz vulnerável,
Que bom,
Sou a maleável...

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Estar Apto

Parecia,
Absolutamente parecia,
A intensidade, nervuras, posicionamento...
Mas, ao fim nada deu certo.
Quando meu pai chegou,
Meus lábios ficaram trêmulos,
Rosto rubro de emoção, 
Olhos encharcados,
Não precisei falar o nome do rapaz.
Meu pai levantou o olhar,
-Amor!
-Ah?
Eu indaguei sem compreender,
O coração pulsava forte.
-Você está apaixonada,
É isso.
Eu suspirei,
Já sentia que o havia perdido,
Mas então ainda era amor?!
-Filha, chega o dia
Em que os filhos abandonam a casa,
Sim, eles saem,
Vão para outro lugar,
Outro abraço, 
Mas não, exatamente, outra família. 
Fungicida com força 
E contive os soluços. 
-Sim, pai eu sei disso.
Tentei passar o máximo da certeza possível, 
Agi como se estivesse com todas as respostas. 
-Você sente medo desse assunto?
O abandono da família 
Sem deixar de amar e até mesmo,
Estar perto?
Ele retira os olhos dos céus 
E baixa-os para as minhas mãos, 
Então, as pega entre as suas.
-Você tem medo de desapegar?
A pergunta fica presa no ar,
Como se não tivesse respostas,
Mas nunca mais fosse se soltar,
Uma espécie de peso
Sobrecarregou minha cabeça, 
E turvos qualquer resposta.
-Ora, filha, você já nem mora mais comigo!
-Mas o senhor disse que eu tô apaixonada pai,
E meu coração se apertou com isso.
Minha resposta foi fraca,
Mas precisa.
O coração parecia que nem batia.
-Você tem medo de amar um homem mais que a eu?
Filha, o amor não troca pessoas,
Você acha que eu te amo pouco?
Ou que você me ama muito
E não saberá substituir?
Num rompante, eu respondi:
-Ora, pai, acaba de dizer que amor não substitui!
A certeza torna a frase forte,
Porém, a voz fina e embargada.
-Ontem, eu beijei ele,
E hoje mudei minha voz.
-Filha, você não quer estar vulnerável?
-Mas, sempre aprendi que o amor era forte pai,
Você me ensinou isso!
Ele olha para o lado e pensa,
Agora duas frases pesam muito sobre nós. 
Tanto que dói e faz chorar,
Mas o amor deve ser desta forma...
-Já não sou tão jovem para está conversa,
Já a tinha por mais experiente. 
-Mas, agora, penso que ano.


Saudade

Aquele seu único beijo, Arrastou-se sobre minha espinha, Efeito de fogo abrasador, Agora,  Vertente em saudade, Se assemelha a g...