segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Meu Anjo Protetor

Estava eu a seguir o meu caminho, 
Perambulando por entre a multidão, 
Foi quando entre tantos rostos, 
O meu olhar cruzou o seu, 
Foi como se o tempo parasse e diante de tanto encanto, 
A vida passou a fazer sentido.

O brilho e o fascínio que irradiavam de ti, 
Não deixavam dúvidas, 
Pois referiam-se a um anjo que caiu do céu, 
Uma estrela que se desvencilhou da constelação 
E decidiu traçar sua própria história, aqui, 
Camuflado entre os mortais, 
Decidido a espalhar o amor e cultivar o bem.

A verdade é que foi Deus quem te esculpiu, 
Tanto que a magnitude da escuridão da noite 
Foi parar em seus cabelos escuros 
Com traços iluminados pela lua, 
Enquanto a vitalidade da terra deu forma
Ao castanho dos seus olhos, 
Iluminados por estrelas, 
Já o sabor das frutas frescas formaram o doce dos seus lábios, 
Que se abriam ao me avistar em um sorriso perfeito
Com dentes tão lindos e brancos quanto a neve.

Enquanto terras e céus uniam-se 
Para dar forma aos seus traços perfeitos
Eu me perdia em seu encanto, 
Ao longe a te olhar, te cuidar, 
Te admirar, até que, por obra do destino, 
Nos encontramos, foi quando me deixei envolver pela luz, 
Calor e humanidade que irradiavam de ti, 
Como os raios do Sol iluminam os espaços escuros 
E dão vida as plantas terrestres, 
Pois iluminam sem cegar e aquecem sem queimar, 
Dando vida sem ferir.

Ao sentir meu corpo envolto em seus braços fortes e acolhedores 
A muralha que havia construído ao meu redor para me defender 
De fatores ofensivos foi se dissipando, 
Permitindo que você adentrasse em meu espaço,
Me preenchendo, até que me vi repousando, 
Tranquila e segura em seu corpo másculo. 
Ao seu lado, eu finalmente pude respirar com facilidade 
E pude fechar meus olhos para dormir em um sono tranquilo.

Enquanto eu descansava meu corpo e alma atormentados, 
Você trabalhava para me dar segurança, 
Enfrentando riscos e adversidades em prol dos nossos sonhos, 
Seu amor dissipava as sombras tenebrosas das noites escuras, 
Pois seus carinhos faziam luz para acalentar meus sonhos.

Mesmo quando meu pânico calava minha voz, 
Seus olhos penetravam minha alma 
E alcançavam as palavras que eu não podia pronunciar
Ali, deitada, envolta em seus braços protetores, 
Você teve acesso aos meus maiores segredos, 
Acolhida em seu corpo, 
Meu coração batia ao pulsar do seu, 
Construindo um diálogo mudo e desesperado, 
Que dispensava o uso da voz.

O medo e o desespero batiam na porta 
E gritavam ao nosso redor, 
Atormentando o escuro da noite e nós 
Nos uníamos em um encontro de almas, 
Enquanto você, entre beijos, afagos e desejos 
Me prometia a eternidade ao seu lado, 
A unicidade de pertencer a sua carne, 
De unir nossas almas.

Antes de nos encontrarmos éramos dois seres errantes, 
Perambulando pela Terra, 
Um a procura do outro, 
Buscando em cada rosto, 
Em cada olhar nos encontrarmos, 
Até que enfim, a espera acabou 
E nossos destinos se cruzaram.

Na busca angustiante pela paz, 
Me guiaram aos mortos para pedir ajuda,
Buscando no silêncio fúnebre o equilíbrio 
Para dissolver o caminho criado 
Em pedras de maldade e mentiras, 
Porém, depois de me encontrar face a face com os mortos, 
De tanta dor, me perdi em lágrimas, 
Trancada em minha casa, 
Atormentada por mágoas fantasmas, 
Criadas na profundeza ameaçadora do cemitério, 
Que das tumbas renasciam e lá queriam retornar.

Sentia uma dor tão insana que não conseguia 
Suportar a claridade da luz, 
Que ao roçar minha face, 
Molhada por minhas lágrimas salinas, 
Que teimavam em chorar uma dor que não era minha, 
Queimava minha pele, 
Em uma tentativa inútil de destruir 
Os fantasmas que ameaçavam minha paz, 
Buscando evidenciar que a luz e as sombras 
Não habitam o mesmo local, 
Portanto, enquanto eu estivesse perturbada
Por pesadelos que não eram meus, 
Com meu coração chorando uma dor fúnebre 
Que não me pertencia, 
Minha luz não poderia irradiar 
Ao meu redor e iluminar o meu dia.

Tanto era assim, que mesmo o sol se escondia por entre as nuvens, 
Anuviando dias e noites, 
Em uma demonstração de luto pela dor que,
Até então, não era sentida, 
Fazendo com que as mesmas se extinguissem em lágrimas
Evidenciando que, as vezes, 
Seres de luz precisam sofrer pela dor do outro
Como meio de semear a vida
Afinal, se não houver água, 
Também não haverá vida, 
E sendo as nuvens um conjunto visível 
De pequenas partículas de água ou gelo em estado líquido, 
Ou mistas - de ambos ao mesmo tempo - 
Que se localizam em suspensão na atmosfera 
Após ter encontrado os fenômenos propícios para tanto, 
É concebível que para regar 
A superfície terrestre as nuvens diluídas 
Em água ou até mesmo em gelo, 
Necessitem descer ao chão, 
Pois, se um ser de luz não irradiar 
Amor pela dor de um ser das trevas, 
O bem não reinará e o sol não iluminará.

Ao ver que minha dor não era solitária, 
Pois não apenas o humano, 
Mas também o universo compadeciam-se 
Com o sangrar do meu coração... 
Vi minhas lágrimas secarem 
E minhas marcas se apagarem, 
Como quando a terra recebe a água da chuva 
E a guarda em si, gerando a vida.

Minha dor não foi em vão, 
pois, muito antes disto, 
Deus já havia posto 
Em meu caminho um anjo guardião.


Ao encontrarmos um ao outro, 
Tanto amor transbordou de nossos corpos e almas
Que não apenas preencheu nossas diferenças e espaços,
Formando uma só carne, como também se espalhou em luz.

Quando nossos corpos e almas se uniram, 
Todo o medo se dissipou, 
E o sol então brilhou, 
Aqueceu e iluminou.

Posto que, o transbordar do nosso amor 
Compensa qualquer sacrifício, 
Cada momento de dor e de espera. 

É quando o inimaginável toma forma, 
Dissipando cada dúvida e cada medo, 
Harmonizando nosso pulsar, 
Até que nossas batidas formavam um só coração, 
Foi quando nosso amor valeu 
E vale até mesmo o risco da própria vida.

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