Os olhos dela sustentavam seu olhar,
Pareciam seguros e firmes,
Como se ela tivesse algo a buscar,
E este algo estivesse presente.
Você fica boquiaberta,
Simplesmente sem palavras
Quando algumas coisas se organizam,
E tudo parece conspirar a favor,
Mesmo um piso que não se movimenta
É capaz de te levar a algum lugar,
Sem que para isso,
Você mova único passo.
Mais tarde, quilômetros após,
Pensaria sobre isso,
Neste instante pensar estava fora do alcance,
Mas, aquele que estava ao seu olhar,
Aquele que a olhava compassivo,
Este estava muito próximo,
Ela baixou-se para coletar uma bagagem,
Percebeu incrédula que não havia,
Mas seria preciso,
As certezas lhe chegavam em disparada,
E ela simplesmente sabia estas coisas simples,
Então, se pôs ereta sem tirar os olhos dele,
Em sua percepção não havia espaços escondidos,
Tudo estava a mostra,
Ela volta-se direta e sabedora,
O rosto mostrava todo o momento,
Ou seja, as certezas que possuía,
Sem simplesmente saber como,
Ele não sorria,
De lado mantinha-se impassível,
Ele parecia gostar de olhá-la,
Era como um movimento de esteira,
As pernas tremulas simplesmente seguem,
Mas o corpo, a alma, tudo fica a espera,
Um cansaço vago a toma por inteira,
Mas não há movimento,
Não há um sair do lugar,
Poderia correr,
Sabia disso,
Poderia correr muito,
Mas seria incapaz de mover-se,
Seria incapaz de qualquer coisa
Que a pusesse distante dele,
Quis fechar os olhos e desejar com toda força,
Que a velocidade do pensamento entre os dois,
O pusesse no mesmo ambiente,
Na mesma linha de direção,
Parecia que um dos dois estava a frente,
As certezas lhes possuíam,
Mas era como se um estivesse mais longe,
Não dá para manter o equilíbrio,
Não quando se é tomada por sentimento forte,
Quando não se consegue mais desviar o olhar,
Quando suas certezas se posicionam num lugar,
Se apossam de uma pessoa,
Já não buscava mais um ambiente,
Era mais importante ter um alguém,
Mais cedo ou mais tarde,
Iria cair de cara no chão,
Não se pode andar tão depressa sem desviar,
Manter um ponto fixo ao sair do lugar,
Isso não era possível não por muito tempo,
Mas se fosse cair,
Ele seria capaz de segurá-la?
Sabendo das certezas como ela,
Seria capaz de impedir?
Sabe-se: há um ponto onde as certezas falham,
Há um lugar fixo que não se pode desviar,
Não depois de alcança-lo,
Depois de tê-lo tão próximo...
Não poderia, nunca mais poderia,
Mesmo que toda a paisagem passasse,
Que ela andasse muito depressa,
Mesmo que o todo mudasse,
Há um ponto fixo que chama a atenção,
É estranho alcança-lo,
E conseguir ainda manter o equilíbrio.
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