sábado, 9 de setembro de 2023

Lembranças

 


A dúvida em sua voz se torna palpável,

Mas, as vezes, a esperança é mais forte,

E as lembranças confortam e faz acalmar,

Permite o fechar de olhos em noite insone,


O seguir em dias desconfortantes,

Ah, sim, lembranças confortam,

E abraços se tornam desnecessários,

Quase insignificantes,


As vezes, lembranças são o bastante.

Dispensada de sua companhia,

Uma oração parece suficiente,

O unir de mãos que foi recusado,


Encontra um abrigo – em si mesmo.

Lembranças.

Um abraço desejado,

Um lugar em que se ficar,


Relógio desligado,

Um fechar de olhos...

O infeliz saber de que podem abrir-se,

E ele simplesmente, não estar,


E que mesmo que não se abram,

Ele tem hora certa,

Irá embora.

Aparência de saudade,


Contagem de instantes que se quer guardar,

Se está querendo estar-se para sempre,

Aproveita-se o que não consegue ceder,

O beijo, o abraço, a segurança do ter,


Insegura lembrança.

Dura apenas um momento,

Ela pensa que nem parece durar,

No rosto, nos lábios, no pensamento,


Lembranças do que está,

Tudo caberia no que não se fala,

Ela já não é capaz de pedir –

Oh, por favor, não vá embora!


Ele sabia disso tanto quanto sabia dela,

O nome, a carreira, o amor que sentia,

Lembranças que mantém,

Ela esconde os olhos feridos,


O quer em sua vida e isso é importante,

O conforto do seu abraço,

-Meu Deus, por quê você faz isso?

Ela deseja indagar,


Em soluços abrigada a seu peito arfante,

Em seguida, procura seu beijo,

Soluça seu choro para dentro,

Como se engolisse cada desculpa,


Com os beijos a preenche-la,

Lembranças guardadas.

Ausência jogada fora.

- O quê?


- O Adeus?

- Oh, por favor, não agora!

Existem coisas que não possuem voz,

Mesmo que tenham vida dentro de si,


Estas coisas são incapazes por si próprias,

Inseguras demais para emergir,

A maquiagem escorre em linhas pretas,

São como linhas que marcam sonhos,


Que não são ditos mas são escritos,

Guardados em lembranças,

Que confortam e acalentam.

Isso, o falar, isso não é tão importante,


Não mais importante que tê-lo,

É até gostoso vê-lo partir,

O virar de costas até o torna mais bonito,

Ele parece um tanto mais suscetível.


Dá para brincar de deixa-lo,

De imaginar viver sem ele,

Gritar que ele perde a importância

Tanto quanto se demora.


Mas quanto mais se aproxima,

Mais deixa tudo para trás,

Há tanto em seu abraço de segurança,

Sexy e intrigante,


Lembranças.

Isso deixa tudo mais excitante,

Ao menos quando ele não está,

Apenas quando está distante.


Com o imaginar-se sem ele vem a culpa,

Uma agonia que parece sufocar,

Isto é mais importante que chorar,

Expor a dor – sufocam-se as lágrimas,


Lembranças e um pouco de sua ausência,

Só isso!

Ela não tenta abrir a janela

Não procura deixar o ar mais cômodo,


Está bom da maneira como está,

Não há nada melhor que tê-lo,

Estar abrigada ao seu abraço,

Não tenta se virar de rosto pálido,


Esconde-o em seu peito,

É tão delicioso o seu abrigo,

Não o vê assustado,

O entende sereno – imagina-o,


- Você não pode,

Você não deve me deixar.

Não é preciso dizer isso,

Ela sabe e entende,


Cobranças fazem sufocar

Sufocam e doem mais que a distância,

Há um momento em que o estar seguro

Ganha prioridade e supremacia,


As lembranças são ruins para quem ama pouco,

Mas, não são nada num relacionamento duradouro,

Ela tenta encontrar um tom,

Um ritmo correto de fala,


Mas, os lábios dele parecem trêmulos,

Isso toma primazia,

-Não posso e não.

É só o que deseja ouvir,


Mantem a todo custo a voz calma,

Por dentro a efervescência toma conta,

Há urgência, amor e quase um ódio,

Ódio de si mesma,


Um soco involuntário contra seu peito,

Sôfrego e frágil, quase uma carícia.


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