Alguns instantes depois,
Haviam muitas marcas por dentro,
Poucas por fora,
Porém, a dor queria ser provada,
Sente-se rasgar a pele,
É como escorrer sangue,
Pior.
É um vai e vem que não dessa,
Dor.
E vontade de ver tudo terminar.
Não querer contemplar um rosto,
Desejar não sentir-se fraca,
Um ângulo desaprovado,
Apenas um fechar de olhos.
Punhos serrados e seguros entre seus dedos,
Mãos estendidas,
Ao alto.
Dor a romper o peito.
Ossos que rasgam-se…
Já não pensava em dor passageira,
Queria falar não podia,
Queria ter um alguém pra ouvi-la.
Lágrimas a cortar a face.
Tentar escoar o sangue,
Apagar marcas que existem
Mas não aparecem para o quanto doem,
É provável que,
Nesta ocasião,
Tivesse se soltado,
Soltado um tapa,
Um pum ou coisa afora…
Evitar, empurrar, desistir,
Simples não querer que queima,
Pulasse uma lágrima em seu olhar,
Visse em seus olhos compaixão ou dor,
Piedade ou carinho,
Neles já não cabiam mais nada.
Casualmente,
Mantinha os olhos escondidos,
Evitava contato,
O cara ali, desconhecido.
Assim, a convenceu de segui-lo,
Disse: vai ser bom.
Ela não soube porque bastou.
A dor rompeu a inocência de menina,
Dois braços a punham contra o chão,
Mantinham.
Desgraçado.
Ela sussurrou o nome dele em seu rosto,
Não queria respirar ou viver aquilo.
Sozinha no espelho,
Passou a unha por seu rosto,
Quis dilacerar, marcar, destruir,
Via-se e não se reconhecia,
Não podia marcar-se assim,
E simplesmente sair para fora
Com o mesmo sorriso de outrora.
Não,
Aquele rosto não se mantinha,
Desgraçado.
Era esse sim o nome dele,
A partir de agora e depois.
Chamava-se desgraçado poderia dizer,
Agora o estranho de olhos esquivos tinha nome,
Ficou tempo ali imóvel,
Escorada no espelho,
Olhando-se sem se ver,
Mil pedaços inteiros num rosto vazio,
Constroe-se do nada onde não há,
Mesmo que um dia tenha existido,
A dor, o sangue,
Vertia dor e sangue,
Como não podiam ver?
E como ela poderia ver?
Olhar-se a partir daquele instante,
Continuar o caminho de antes?
Pensativa e com passos vacilantes?
Desgraçado era sem nome,
Assim se chamava o cara de olhar arrogante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário