O amor vem em doses de paciência,
Ou pelo menos deveria,
Pois a cada instante de sua ausência,
Sinto que o tempo não nasceu para mim,
Mas, lembrar é ignorar a ofensa,
De querer mais que tudo e não ter,
Sentir, em cada parte sua e resistir,
O amor é feito o rugido de um leão,
Perto parece manso distante é aterrador,
Mas o amor tem efeito orvalho sobre a relva,
O amo e por ele aguardo novo instante,
Gostaria de falar sobre isso, chama-lo para mim,
Mas nem sei como resisto me indaga o coração,
O amo, eu respondo, chame a isso amor:
Sonhos de todos os viajantes,
O amor é como uma goteira constante,
Toca a pele e ao escorrer – percorre,
É mais que um transcorrer,
Os que sonham possuem sono profundo,
Os que amam sabem disso,
O amor tem por feitio despertar a fome,
Recordo seus beijos sôfregos,
Sinto salivar a boca e suar a pele,
É uma necessidade de tê-lo,
Embora as palavras queiram,
Eu não conseguiria explicar,
Quem respeita o mandamento do amor,
Respeita a si mesmo,
Quem tem amor por sua vida,
Se entrega,
Mas, o desprezo que a distância provoca,
Faz com que me sinta morta,
Há algo que se queira mais que estar com quem se ama?
Sempre que tento falar algo,
Me vem a boca um vazio entre as palavras,
Há um espaço e este espaço nem quer diálogo,
Precisa tê-lo ao meu lado,
Ouça o conselho e acabe sendo sábio,
Tentei consultar o coração,
Pedir a ele uma saída,
Nada além de um acelerar de pulsação,
Sozinha em cruel distância,
Será que se eu parar de ouvir as instruções,
Terei mais sorte em conquista-lo?
A razão fala e exige reconhecimento,
Se o coração ignora porque lhe darei ouvidos?
Não há igualdade no amor,
Sinto isso ao me ver aqui, morta,
Olhe só para este rosto,
Nem parece o mesmo de quando o beijava,
Aí de mim recordar da despedida,
Me esvaeço, não me pertenço,
Os grandes, aqueles que amam,
Devem ter uma resposta e a guardaram,
Troco o cd do aparelho,
A música me exige este esforço,
O caminho que antes era feito de sonhos,
Agora tem uma pessoa para dar pavimento,
Sinto que não quero percorrer esta estrada sozinha,
Talvez, ele aceite ser minha companhia,
Dou uma espiada na rua,
Vejo se se aproxima o carro que já reconheço,
Os pequenos, aqueles que duvidam do amor,
Será que sabem mais que eu, que agora amo?
Ora, uma flor caiu da árvore lá embaixo,
Na calçada onde cruza a lama e os desavisados,
O amor sabe mesmo deixar-nos de joelhos,
Estou a um segundo de confessar que o amo,
Quando a distância nos acorda do beijo,
Por quê é que o tempo não passa mais depressa?
As pessoas cruzam ali fora,
Desatentas, daqui ninguém pode vê-los...