terça-feira, 2 de agosto de 2022

Noite Sem Lua


Era outono crepuscular,

Caía o entardecer do dia,

Ela aconchegava-se as sombras,

Sentia-se bem na ausência da lua,


A noite que antecedia a lua cheia,

Bem, ela sabia:

Isso poderia lhe custar a vida,

Mas, a mentira não lhe pertencia,


Não lhe fazia bem a boca,

Proferir qualquer coisa acerca,

Se a boca do insensato leva a ruína,

A sua não seria capaz,


Quem ama com integridade sente segurança,

E ela sentia,

Mesmo que veredas tortuosas estivessem ao seu olhar,

Fecharia os olhos e aproveitaria as sombras,


Mas seguiria,

Há um caminho que abre-se aos que amam,

E ela perambularia por ele até lá;

Chegaria, ela sabia, chegaria.


A boca d’aquela que ama é fonte de vida,

Não se envaidece na mentira,

Nem faz uso da maledicência,

Apenas ama,


Aquele que controla a língua

Entende mesmo quando se cala,

O que a alma que ama deseja ela encontra,

Passa a tempestade e o céu retorna,


Tudo sempre volta ao seu lugar,

Assim é com os que se voltam e aos que procuram,

Mas, a’quela que ama permanece a espera,

Não se cansa,


Quem é capaz de amar o outro, a si mesma o faz,

Quem procura encontra,

O amor antecede por quem o busca,

Ela se escondeu por entre as árvores do bulevar,


Por trás daquela grama havia uma história,

Logo no início quando ela ainda era plantada,

Quando os pequenos montes ganharam a terra,

Desejosos de suas flores e da vida que se abria,


Ali, naquele cantinho um beijo repousava,

Naquela hora,

A escuridão serviu de véu para as juras,

Guardou em si cada promessa,


Como uma espécie de macha que não se apaga,

Ou um perfume que não sairia,

Ali, o beijo nunca seria desfeito dela,

Então, parou por um momento recostada,


Se colocou contra a árvore – silenciosa-,

Não temia a noite que a abraçava,

Aquele que a disse: eu te amo, ela não esqueceria.

O beijo soou feito uma flor que não murcha,


Que os dias passam mas ela fica,

Permanece intacta e cheia de vida,

Inerte as horas e cheia de expectativas,

Diferente das que estremecem e ao final fazem chorar,


Afinal, pensou ela:

Por que uma flor levaria as lágrimas?


 

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