quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Um Beijo e o Adeus

 


Se a cilada não existisse,

Naquele beijo ela seria inventada,

Ou, um pouco antes, por ele,

Não, em nenhuma outra boca,


Pela sua apenas,

Seu abraço, seu cheiro, seu sabor,

Com aqueles toques de palavras macias,

Parecia enaltecer qualquer coração sonhador,


Oh, belo é o beijo de um sedutor,

O seu não, é mais que isso,

Encanto, fascínio, amor,

Não toleraria menos,


Nenhuma parte sua,

Tive essa certeza...

Nós dois, juntos?

Nosso enlace encerrou antes do fim do beijo,


Mesmo tendo havido promessas,

E do meu lado, alguns sonhos,

Encerrou-se na forma em que começou,

Eu a contemplá-lo e ele,


Penso que sem me ver realmente.

Não, não precisamos ir até o cais da praia,

Amantes que se amam não precisam repetir nada,

O lugar, a areia quente,


Sua jaqueta caída ao longe...

Nada disso, nada é necessário,

Na esquina de onde estou,

Um relógio conta as horas,


Eu não me preocupo,

Fico aqui, não sei se a esperar,

Ou apenas por estar,

O frio desce até o chão,


O calor foge, eu permaneço,

Sentimentos fazem sangue correr no coração,

Um destes, talvez, o amor,

O gelo começa a tocar a pele,


Parece que já não sinto tanto,

O amor, será que ainda existe?

Nem fecho os olhos vejo o beijo,

Sinto como se fosse comigo,


É você e outra no mesmo lugar,

Na minha frente?

Não me despeço: permaneço,

Os olhos do amor protegem,


Sinto isso no meu coração que ama,

De alguma forma eu estava no lugar certo,

Quando se tenta apagar um beijo,

A verdade não se desvia,


O desespero parece se acalmar,

Vê-lo, ainda me faz melhor,

Suas palavras ressoam infiéis,

As ouço, calada e a esperar,


Não desejo ver o final entre os dois,

Mas, algo me prende no mesmo lugar,

O coração parece sussurrar:

Há um amor a espera lá fora,


Serei açoitada em meio a rua,

Pela verdade de promessas desfeitas,

A realidade ainda parece distante,

É como se não me pertencesse,


A conversa do homem que mente

É uma cova profunda,

Nela cabe ele,

E parece que ele sempre se joga,


O homem que sabe ouvir falará para sempre,

Mas e aquele que apenas joga conversa fora?

Talvez o amor exista,

Mas, este não, este não me pertence.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Caso a Caso


Ele fala com voz destemida e honesta,

Parece falar com propriedade,

Quase convence que ama,

A um instante da sua pele,


Aproximo o rosto, mas desisto,

Não sei por quê,

Simplesmente não insisto,

O amor não teme,


Sei disso,

E a honestidade é válida,

Mas, ainda assim não tento,

Porém, a meia noite ou mais ainda,


Me sento na cama com as mãos no rosto,

Me sinto pálida e indisposta,

Procuro pelo sono...

Podia bem ser próximo da uma,


Apenas algumas horas me separam do amanhecer,

Contei cada segundo pela noite,

Mas, não queria estar onde estou,

Preferia, bem acho que sim,


Preferia estar ao seu lado,

E ter provado o beijo,

Então, não entendo o meu desistir,

A boa conduta gera a redenção,


O amor verdadeiro é capaz de riquezas,

Talvez, por ter ganhado um não,

Ele ainda não desista,

Desfrutar da auto estima vale muito,


Não queria me ver chorar depois,

Apenas isto,

Não sei se ele poderia entender,

Nem ao menos quero me abrir tanto,


O que ama e o que busca o amor

No fundo tem algo em comum,

O obscuro, um passo no inseguro,

O amor é quem dá força a ambos,


O prudente percebe o risco e busca refúgio,

O que já ama nem pensa mais nisto,

Procura o beijo, o abraço, os carinhos,

Acho que quem ama aceita as consequências,


A recompensa do que não ama é a insônia?

É abraçar o travesseiro para buscar o sono?

Que pena, o lado da solidão também é perverso,

No caminho do amor há espinhos,


E também armadilhas,

Ele ouvia as pulsações das suas artérias,

Era o bastante para dizer que vivia?

Houve o passar das horas,


Mesmo sem estar próximo ao relógio,

Sente como se contasse o tempo,

Imagina que poderia estar com ela,

Que a noite poderia ter sido de outra forma,


Quando ela se aproximou de um lado,

Ele apenas pensou em desviar o rosto,

Não tinha medo,

Mas, não podia conter o estremecimento,


Das outras pessoas ele não era diferente,

Algumas vezes, algumas aventuras são diferentes,

Essa parecia ter pedido mais algumas horas,

Não que beijá-la fosse fazer parte do seu sonho,


Ainda não havia se programado a tanto,

E julgar que agora era vítima de um pesadelo,

Sentia o frio da pistola de aço no bolso,

O cheiro que exalava e a intimidade,


Abre a janela e mira,

A moça levanta sobressaltada,

Parecia também não ter dormido ainda.


domingo, 21 de agosto de 2022

Um Olhar


 

Quanto ao zombador é castigado,

Sim, não correspondo a amor traiçoeiro,

Seus olhos me enganaram única vez,

Mas a sabedoria também chaga ao inexperiente,


Já não o amo como antes,

Não, não pense que sou aquela que conheceste,

Quando o coração recebe instrução,

Ele obtêm mais que conhecimento,


O sangue não pulsa apenas por paixão,

Também requer reconhecimento,

O coração justo é aquele que observa,

Que se entrega ao máximo e não se cansa,


Não me dou pelo amor que me leva a desgraça,

Se me conduz a desesperança,

É por única vez e não outra,

Quem fecha aos ouvidos as juras expressas,


Aquele que vê a boca e dela tira proveito,

Fecha-se não apenas à voz que há nela,

Mas, ainda ao amor que derrama em seu peito,

Um dia há de chamar e não ter resposta,


Apenas para saber o quanto é doída,

A lágrima que sai do olhar que ama,

E que um dia cessou sua busca,

Por ver-se correspondido,


E por pouca coisa, ou nada,

Perder-se por não encontrar mais o destino,

Sim, neste dia irá de saber,

Também os que amam sabem perder-se,


O amor que queda em segredo sofre calado,

Mas nele também cabe a angústia por não ter falado,

Já aquele que nem tentou se apaixonar...

Creio que para ele não há mais que desgraça,


Sim, estou aprendendo com você,

É difícil chamar e não obter resposta,

Nem por isso irá ser fácil o dia que irei vê-lo sofrer,

Mas, no amor também há a força,


Hei de passar, também, por isto...

O suborno dos seus beijos apaziguou as queixas,

Sim, as professas que não fez em alta voz,

Você soube como contornar,


Há neste coração que te busca, hoje mais que fúria,

Quando o amor faz justiça,

O bom coração se alegra,

Mas, no coração que feriu há apenas o pavor,


O amor que afastou-se em insensatez,

Há para ele a queda dos mortos,

Esquecimento e um pouco de saudade... (apenas),

Ela andou até a janela,


Buscou lá fora por alguma coisa,

Com o coração apertado,

Já nem sabia o que traria contento,

A chuva tornava a cair,


Riscando o céu em pontos desfeitos,

Sozinhos, por mais de um dia,

Estiveram em lugar afastado e juntos,

Fizeram tudo o que não se pedia,


Hoje ela se ajoelha e reza o Pai Nosso.

Um olhar capaz de revirar do avesso,

Podia-se dizer daquele olhar,

Não que duraria...

Tudo menos isso.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Basta...

 

Basta,

Bastar, até que não basta,

Mas, foi o suficiente naquela hora,

Recordo de algumas palavras,


Sim, sei nome me lembro bem,

Das juras é que quero distância,

E dele, acho que também,

Se me apego a tal esperança?


Lembro seu nome,

Falei mais do que queria falar,

Disse até mesmo o que não queria dizer,

Doces juras pronunciadas ao pé da orelha,


Vem até eu e se definem saudade,

Para aquela mulher que ficou lá atrás,

Isso seria o bastante,

Mas, para esta que sou agora?


Bem...

De repulsiva acho sua voz medonha,

Sim, lembro, lembro muito bem...

O amor obtido por língua mentirosa,


É feio e não merece ficar para sempre,

A violência da solidão a arrastará,

Acredito nisso e sei que posso esquecer,

O amor culpado é tortuoso,


Não sobrevive,

Mas a conduta daquele que ama é reta,

Recordo que te vi olhar para trás,

Não dei ouvidos ou dediquei palavra,


Apenas segui o meu destino,

Como se nem ao menos o tivesse visto,

Melhor é viver num canto as sós,

Do que conviver com alguém que não sabe amar,


Sim, o que vem através da mentira,

Parte antes que a verdade possa chegar,

Já lhe disse uma vez,

Eu não consigo mais olhar em seus olhos,


Tudo que possas dizer,

Parece que ressoa em falso,

O desejo do perverso é fazer o mal,

Você desejava me ferir ao se aproximar?


É que eu provei dos seus lábios,

E aceitei algum dos seus afagos,

De fato que nem todos,

Mas, nem tão poucos,


Bem, para a situação em que nos encontramos,

O melhor é trocar o assunto,

Dizem que o perverso não tem dó do próximo,

Eu e você, nós dois juntos,


Até que ponto estamos próximos?

Quando a mentira é descoberta,

A cortina cai e com ela a beleza,

Tudo as claras e me sinto cega,


Quando o amor fala ele provêm do conhecimento,

Sim, está certo não sei bem o que digo...

Joana abriu um armário próximo,

Tirou dali uma velha echarpe,


Fez dela uma espécie de vestido,

Limpou os lábios,

E saiu sem olhar-se... 


quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Saudade

 


A bondade e a fidelidade

Preservam o amor,

Também faz amortecer a saudade,

Traz ao coração aquela sensação de calor,


Efeito de abraço em dia frio,

De calor logo após um dia chuvoso,

Faz renascer tudo que é de melhor,

E desarma os segundos de desentendimento,


Mas, um olhar é tudo,

Sim, um olhar dá firmeza ao trono,

Amar por amar é incrível,

Mas, poder ver, contemplar é indescritível,


A beleza do amor é o que dá toda a força,

Mas, um olhar...

Ah, o olhar faz a magia acontecer,

Faz o sorriso dar brilho a pele,


Faz aquele efeito de "meu-bem,

Mesmo que quisesse não iria te esquecer";


A glória do amor está nos cabelos brancos,

Aquele clarão que vem da lua,


Ou do sol poente que se vai,

E traz aquele brilho na pele, nos olhos...

Talvez seja porque amar é para o dia inteiro,

Não é uma escolha de lugar ou de hora,


Mas, de influências e de olhar,

Os golpes da saudade eliminam amores fracos,

Mas os açoites reforçam os beijos,

O coração é feito o fluir de um rio,


Ele vai do profundo as margens,

Do mais calmo até as águas turbulentas,

Mas, não se esconde à superfície,


Deixou-se cair sobre a cadeira,

Já esteve sentada em seu colo naquele lugar,

Agora resta a chuva, as flores e o olhar,

Há sempre um olhar que procura,

Pelo menos enquanto o coração ama,


Apoiada no cotovelo,

Pensamentos iam e vinham sem que pudesse conter,

Assim é a saudade que traz uma lágrima aos olhos,

É como se ela também tivesse jurado não esquecer,


O amor produz o efeito de vertigem,

Havia naquela espera algo de porvir – acontecer,

Tudo que se passou a poucos dias,

Ou nem tão pouco como ainda aparenta,


Está presente em cada barulho, cada detalhe,

Desde o beijo, o abraço, o olhar profundo,

Então, não demorou e veio o desaparecimento,

Aquele dia calmo acabava de lhe dizer algo,


Um sussurro chega ao ouvido e pede calma,

Pensamentos flutuam feito desespero,

Parece sonho mas ela sente que ele o chama,

Tudo isso preenche bem a sua ausência,


Assim, ela fecha os olhos e repousa,

Sente um beijo sobre sua face,

Não ousa despertar,

Tem medo de perder,


Depois um beijo repousa em seus olhos,

Não há como não despertar,

Este está molhado,

Pisca, fecha os olhos de repente,


Ele está a sua frente aos prantos,

Ela não acredita no que vê,

Mas, o envolve fortemente em seus braços.


terça-feira, 16 de agosto de 2022

Se Desfez


O peso do amor que sentia foi adulterado,

A balança de precisão falhou,

No instante do beijo de olhos cerados,

Outra coisa se fechou:


Seus braços e nele o abraço,

Sim, me aproximei com um sorriso,

Estendi os braços e me joguei,

Dei de encontro ao seu peito – me estagnei,


Como poderia desistir no meio do caminho?

De alguma forma ele pode e o fez,

É uma armadilha construir sonhos,

Corre-se o risco de ficar presa neles,


Se eu estava presa no que construí? Sim,

E ele? Não soube dizer,

Havia algo entre nós e era gritante,

Embora, não tenha sido necessárias as palavras,


Apenas o gesto e um cruzar de braços,

Olhos abertos e certos quanto a atitude,

Sim, eu o amo e ele?

Sem pensar nas consequências o fez,


Baixei meus braços caídos ao lado do corpo,

Perdi toda e qualquer força,

Com muito esforço contei a fala,

Medi cada palavra mas não consegui dizer,


Senti minhas lágrimas debulharem-se,

Não tentei secá-las,

Estavam dentro de mim sôfregas,

A vasculhar o que restou da que fui,


Não poderia dizer que restara algo do meu ser,

Quanto tudo que você confia está ali,

E logo após já não está,

Simplesmente, não resta nada,


Era ele,

A resposta estava nele,

Só quem sentiu isso conhece o sentido,

Aquelas palavras que não consegui falar,


Cada uma delas eram importantes,

Era ele de fato.

Com dificuldade consegui erguer o olhar,

E com isso encontrei ele,


Subitamente o encontrei embora fosse difícil encará-lo,

Era doce em tudo que fazia,

Mas, agora, ausente,

O amor que sempre busquei em cada segundo,


Não sabia ao certo sobre nós dois,

Não sei se contava as horas,

Mas, se via distante,

Aqueles olhos, aquela fonte,


Senti que talvez nunca mais iria ver,

Seu rosto e lábios bem definidos,

Roguei a Deus por único segundo

Vê-los sorrindo,


Era meu refúgio,

Agora fechava-se em fortaleza,

E eu estava fora,

Não pertencia a ele,


O amor que em mim clamava,

Nele desaparecia,

E ao anoitecer,

Na mesma hora em que os grupos se encontram,


E comentam sobre tudo que houve,

Discutem histórias, corrompem notícias,

Falam em voz baixo sobre o que não se sabe,

Não houve dúvida alguma,

O laço que existia entre nós se desfez.


 

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Olhar Opaco

 


O amor que se perdeu,

Queda em águas profundas,

Mas, somente o que não esqueceu,

É capaz de trazê-lo a tona,


Muitos dizem:

Te amo para todo o sempre,

Porém, poucos são leais,

Alguns preferem outros caminhos,


Juras adulteradas e promessas falsificadas,

Produzem lindos momentos,

Que se arraigam na lembrança,

Mas que não merecem contento,


O que ama detesta a distância,

O que desistiu a admira,

Ouvidos que querem ouvir são os que ouvem,

Outros são os que imaginam,


Se apegam ao que desejam,

Recriam o que não existiu sem ter porquê,

Oh, amor que se foi por pouco,

Não ame o sono,


O amor que ama, também é,

Aquele que não permanece,

Fique desperto amor que ama,

E terás em seu coração sentimento de sobra,


Pegue a estrada e não olhe para trás,

E um dia, há de aquela que sente,

Também conseguir te esquecer,

Não, não ouça isso, não ouça isso,


Dê ouvidos somente ao que sente,

E o que mais há de querer,

Aquele que ama não precisa fechar os olhos,

Cego é apenas o amor que não quer ver,


Quando se for gabe-se de bom negócio,

Mais vale o amor que o peso do ouro,

Mas, o ouro cansa para ser carregado,

O amor não, o amor não tem peso,


Mas, engrandece em dobro por ter valor,

Os lábios que falam e cumprem,

São os que são preciosos,

Tome-se a veste de sentir o que diz,


Talvez, a felicidade também o tome,

Outro brilho há de tomar os seus olhos,

Lágrimas não são o bastante para dizer: senti!

Sirva de penhor aquela que te dá a garganta,


Entenda, poucas é que irão promover sua fala,

Acreditar no que você diz,

Entenda: ela!

Saborosa comida há de vir de mentiras,


Não tento nem desejo negar,

Mas, o que permanece e engrandece: entenda,

Há de existir alimento melhor que o amor?

Seus olhos foscos já não choram ou brilham,


Apagam-se como se estivessem em escuridão,

A herança de um amor que ganhou no princípio,

Dorme lá atrás abandonada ao esquecimento,

Entenda: apenas os que amam recordam,


Pertence a eles o fruto do amor puro,

Aos que se vão não resta nada,

Nem o gosto do ter vivido,

Aquele que se fia no amor não é estranho,


Não se garanta em língua leviana,

O amor que se vai nem sempre retorna,

Não diga: eu te amo não irei te esquecer,

Se no outro dia virar as costas a dizer: não vivi!


É desumano o esquecer, sim,

Mais triste é o mentir!

A mulher que ali estava,

Olhando-o sem dizer nada,


Sorriu e levantou a mão em afago,

Ouviu o que ele disse em cada palavra,

Decidiu levantar-se com voz lenta e embargada,

As palavras que chegaram aos seus ouvidos,

Por algum motivo, a deixaram congelada...


Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...