segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Olhar Opaco

 


O amor que se perdeu,

Queda em águas profundas,

Mas, somente o que não esqueceu,

É capaz de trazê-lo a tona,


Muitos dizem:

Te amo para todo o sempre,

Porém, poucos são leais,

Alguns preferem outros caminhos,


Juras adulteradas e promessas falsificadas,

Produzem lindos momentos,

Que se arraigam na lembrança,

Mas que não merecem contento,


O que ama detesta a distância,

O que desistiu a admira,

Ouvidos que querem ouvir são os que ouvem,

Outros são os que imaginam,


Se apegam ao que desejam,

Recriam o que não existiu sem ter porquê,

Oh, amor que se foi por pouco,

Não ame o sono,


O amor que ama, também é,

Aquele que não permanece,

Fique desperto amor que ama,

E terás em seu coração sentimento de sobra,


Pegue a estrada e não olhe para trás,

E um dia, há de aquela que sente,

Também conseguir te esquecer,

Não, não ouça isso, não ouça isso,


Dê ouvidos somente ao que sente,

E o que mais há de querer,

Aquele que ama não precisa fechar os olhos,

Cego é apenas o amor que não quer ver,


Quando se for gabe-se de bom negócio,

Mais vale o amor que o peso do ouro,

Mas, o ouro cansa para ser carregado,

O amor não, o amor não tem peso,


Mas, engrandece em dobro por ter valor,

Os lábios que falam e cumprem,

São os que são preciosos,

Tome-se a veste de sentir o que diz,


Talvez, a felicidade também o tome,

Outro brilho há de tomar os seus olhos,

Lágrimas não são o bastante para dizer: senti!

Sirva de penhor aquela que te dá a garganta,


Entenda, poucas é que irão promover sua fala,

Acreditar no que você diz,

Entenda: ela!

Saborosa comida há de vir de mentiras,


Não tento nem desejo negar,

Mas, o que permanece e engrandece: entenda,

Há de existir alimento melhor que o amor?

Seus olhos foscos já não choram ou brilham,


Apagam-se como se estivessem em escuridão,

A herança de um amor que ganhou no princípio,

Dorme lá atrás abandonada ao esquecimento,

Entenda: apenas os que amam recordam,


Pertence a eles o fruto do amor puro,

Aos que se vão não resta nada,

Nem o gosto do ter vivido,

Aquele que se fia no amor não é estranho,


Não se garanta em língua leviana,

O amor que se vai nem sempre retorna,

Não diga: eu te amo não irei te esquecer,

Se no outro dia virar as costas a dizer: não vivi!


É desumano o esquecer, sim,

Mais triste é o mentir!

A mulher que ali estava,

Olhando-o sem dizer nada,


Sorriu e levantou a mão em afago,

Ouviu o que ele disse em cada palavra,

Decidiu levantar-se com voz lenta e embargada,

As palavras que chegaram aos seus ouvidos,

Por algum motivo, a deixaram congelada...


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