Aquele momento enchera sua alma,
E o último beijo, mesmo que não houvesse outro,
Era o bastante para o amor que havia nela,
Alimentaria seus sonhos, seu destino,
E cada passo que andaria a partir de agora,
As palavras acompanhadas de ternura,
Não foram suficientes para convencê-lo a ficar,
Mas, ouvi-las, mesmo que num instante,
Era o bastante para satisfazê-la por uma vida,
Seus lábios tinham o efeito do sol à brisa da manhã,
Afastava cada medo com um calor aconchegante,
De resto, nada além disso, se retira dela,
O coração absorvido por lembranças,
E a alma da nostalgia de ter sido sua,
Feliz por cada sonho compartilhado,
Em um misto de sonhos e loucura,
Onde vale mais o ato de pertencer-se a outro,
Do que retornar a solidão de ser sua apenas,
Apenas lentamente se tornam permeáveis as coisas da vida,
Mas, naquele coração, ninguém duvidaria,
Arrependimento ou dor não o aplacaria,
Seu destino há muito lhe era distante,
Sonhava a tempos com um amor sem nunca pertencer-lhe,
Mas, no segundo em que o teve,
O beijo, o toque, as promessas... foi o bastante,
A pessoa inclina-se, desce do alto e é abatida,
Sofre dor sem dar-se conta do motivo,
Mas, ela despertou, e não foi de forma tardia,
Amou com tudo que pode e na ausência mais ainda,
Seu destino estava encruzilhado,
Mas ela o nota com indiferença calculada,
Foi assim, que quando a noite a tocou,
Trazendo escuridão e neblina densa,
Nem uma ponta de medo a tocou,
Céus se rompiam sobre ela e desciam ao chão,
Mas, não abalava em nada sua paixão,
Com cada estrela caindo,
Uma após a outra,
Até restar escuridão e neblina densa...
Nada disso fez com que desistisse de amar,
Permaneceu segura e serena do que sentia,
De forma evasiva mas muito profunda,
Ama-o sem esperar nada em contrapartida,
Apenas ama porque é capaz,
Não exige troca...
Juras de amor silenciadas
Encerram-se por serem esquecidas,
Mas, as suas foram pronunciadas em alta voz,
E que a alma sente e ouve,
Não há quem negue,
Inclina os ouvidos enquanto as estrelas caem,
Se elas falam de arrependimentos,
Ela não ouve, prefere assim,
Guiada pelo calor do dia,
E pelo clarão que faz ver o horizonte,
Os que amam o reconhecem,
Vê fenderem-se os céus até cair em noite,
E na terra, juntarem-se em rochas,
Acalmando lágrimas que correm nas profundezas,
Acima desta rocha dor não flui ou tem vida própria,
É como se o amor desse ordens a ela:
“Moça, levanta-te e anda,
Se o amas, por quê resiste sem o buscar?”