A vida tornou-se austera, não sem motivo,
Perder as horas, alguns fios de cabelo pela casa,
Isso não era nada perto de perder seu tempo,
Sim, porque amou sem medidas e disso não sobrou fagulha,
Ela penteou os cabelos contou os fios caídos,
Pensou que de perder quem se ama,
Dói mais ainda ver-se escoar pelos vazios,
Não deveria perder a si mesma aquela que se entrega,
Pelo contrário aquele que fere é quem deve perder mais
ainda,
Negar a si mesmo, fingir sentir sem amar coisa alguma,
Jurar em falso e beijar sem amor,
Isso sim deve ser o verdadeiro sofrimento,
Embora ela o saiba, não compreende e sem compreender chora,
O que chamam amar corrói em chamas,
Primeiro o medo de entregar-se e depois a alma,
Com a dignidade jogada sobre o chão frio,
E seus cabelos sobre ela em tentativa fútil,
Para não se utilizar o inútil,
Quando se entrega por inteira a alguém,
O inútil é a última palavra que convém,
O desalento, uma lágrima solta pelo rosto,
Só lamento, do beijo não ter restado ao menos o gosto,
Quem dera nem mesmo as memórias,
Seus sorrisos a gargalhar pelos cantos,
Aquele doce olhar que aparece mesmo sem querer,
Parece que quanto mais foge mais o vê,
Sua alma aprendeu a devorar todas essas coisas,
Inclusive, não foge de questão devorar a si mesma,
Não se alimentar direito, fugir a todo custo,
Não enfrentar tudo que houve de frente e cabeça erguida,
"Sim, amei por única vez e ainda fui traída,"
Aprendeu, infelizmente que devorar a si mesma
É o mais fácil, perder-se ao se dar e não saber se
encontrar,
Nem mesmo a maquiagem sabe recuperar o orgulho,
Porque necessitou de amor, não soube se conter,
Escarnecida porque entregou tudo que tinha,
Sem muito por receber,
Poderia quase se considerar vazia,
E triste, porque ainda o amava e o queria,
Não como antes, mas o queria,
Na fase em que o amor enche os olhos e contenta,
No instante em que tudo que se quer é seu abraço,
Nesta hora ele simplesmente vai embora,
Ela baixou os olhos para as meias furadas,
Sentia os dedos gelados sobre o assoalho,
Conheceu a derrota de perto,
Mas, ao menos amou por inteiro,
Admirável provação passam os que amam assim,
Não dá para dizer que sorri aquela que ama,
Assim que o vê partir,
Mas, também não tem tantos motivos para chorar,
Os momentos fortes foram sublimes,
O adeus que ele levaria não os suprime,
A felicidade em estar na desgraça,
O amor se compadece daqueles que o provam,
Mas chora e sofre por aqueles que não o conhecem,
Aos olhos da alma amar é que é precioso,
Ai daqueles que fogem,
Como devem sofrer em silêncio!
Tenha o amor vida longe,
Que o receba todo aquele que for capaz,
Que esta boca que agora se afugenta,
Retorne a fartura de beijar por amor,
Que não seja capaz de entregar-se a sentimento fugaz,
Guardará para sempre aquele nome e o lembrará,
Por cada instante em que o sol retornar a brilhar,
Mesmo quando outro chegue a sua vida,
Pois o amor que se dá só tem a abençoar,
É o coração o único capaz de feitos gloriosos,
O resto, orgulho, ressentimento nada disso,
Bendito seja o nome de quem é amado para sempre,
Pois, abençoado foi aquela que soube além do sentir: compreender.
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