segunda-feira, 20 de junho de 2022

Aline

 


Aline, por acaso e sem saber,

Como faz a vela sem saber que se fere,

Ou encerra-se;

Ela foi a vela, não o alguém,


Como mais tarde virá à tona,

O que não é segredo para ninguém,

Algumas palavras por mais inúteis,

Se prestam a versatilidade do instante,


De resto, nunca conseguira amar ninguém,

Tal como a rosa da roseira vermelha,

Ela por si só apenas existe,

Quem a contempla é que vê o que não há,


Sem amor algum feito um pássaro,

Que ressoa ao vento a cantar ou quieto,

Apenas deixa-se levar por onde queira,

Havia muito que o amor bateu a porta,


Ela nem ao menos abriu para ver quem era,

Se pede licença parece que chora,

Se vem sem pedir beira ao incomodo,

Quando alguém um dia lhe perguntou:


Como você pode ser tão imune?

-Esqueci-me-, disse ela sem pestanejar,

Palavras em demasia são insuficientes,

E se não forem tantas, quem é que sabe...


Seu coração estava vago para alguém,

A roseira que dançava ao vento lhe dizia isso,

Mas, ela mesma não amava a ninguém,

E olha que rosas sentem;


Ver suas pétalas abrirem-se

Lhe enchia o coração e isso era o bastante,

A roseira a ressoar ao sol produz uma ternura,

Só quem a vê como ela é, é que entende;


Dos céus parecem virem juízos,

A terra treme e empalidece,

Ela resiste a tudo com braço forte,

Ninguém duvidaria de que já foi ferida,


As águas puderam ver e como a viram,

Se contorceram em sua dor e mudaram o rumo,

Até os abismos estremeceram,

Jogaram-se sobre as águas em espécie de choro,


Agora, terra, água, flores e pássaros...

Todos se encontram.

As nuvens despejam nos céus seus trovões,

Feito palavrões que não são silenciados,


Os raios do sol subsistem e se jogam de lá,

Alcançam-na e a todos, de todas as direções,

Coisa estranha ver sol e chuva juntos,

No redemoinho do vento na terra,


O trovão parece descer e ver como está,

Relâmpagos se misturam a vela acesa em sua mão,

Ao sol que ainda conta com alguns raios,

Nem sol ou vela são capazes de feri-la,


Mesmo quando a cera derrete sobre ela,

Parece que tudo treme e se sacode,

As pétalas da rosa ainda não aberta por completa

Caem e outras vão embora para longe,


Incline-se e ouça o que tenho a dizer,

Ela sente que o seu redor fala,

Águas poderosas percorrem abismos caídos,

Não chegam até ela, mas ainda assim apagam pegadas,


Inclusive algumas estranhas que ela pensou ver,

Assim, que tomou a vela em sua mão direita,

Foi apenas este o motivo de tê-la acendido.


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