O preguiçoso não procura a boca,
Ele abraça a nuca e toca o pescoço,
Se isso basta?
Bem, é um começo;
Os propósitos dos apaixonados
Não mergulham em águas rasas,
Não sei ao certo o motivo,
Mas parecem gostar da ousadia,
Respirar o ar do desafio,
Mesmo que a tentativa seja falha,
Vale o sentimento,
E o gosto que fica na alma,
Sobre o discernimento?
Ele é tudo que fica à tona,
O orgulho, a dor estes fazem parte do destino,
Mas a razão, vem e volta,
Há beijos que soam menos desleais...
Estes preguiçosos parecem planejar,
Engraçado, quem há de duvidar?
Purifico os meus lábios,
Estou livre de cair aos seus pés, apaixonado?
Sob pesos adulterados e medidas falsificadas,
É difícil precisar, confesso,
Há aquele que afirma e depois detesta?
Aqui entram as juras e após as lágrimas,
Sonhos quebrados e pecados rompidos,
Triste dor que nem o coração aprova,
Então, os preguiçosos são os que amam a mentira?
Enganar o coração e ser, assim enganado,
Prefiro o sofrer da decepção à viver a conversa,
Daquele que fala, fala, mas por trás detesta...
Na miséria das falsas juras apaixonadas,
Os corações se amontoam uns aos outros,
Antes do fim do beijo já se afastam,
Preveem o frio por saber que há a estação,
Se apegam e depois fogem as aparências,
Queria, por único dia afastar a máscara,
Apenas para poder contemplar como bate este coração,
Coração que não ama, pulsa,
O que ama cavalga, galopa, se liberta!
Penso que cabe amor também ao preguiçoso,
Há de um dia ele decidir provar o sabor da boca,
E assim, sentir o que há de delicioso no beijo,
Mesmo que em sua boca emerja uma marca,
A daquela que tocou e que foi tocada,
A que se entrega por todo o amor que há nela,
Mais que aquele que fecha os olhos e se agacha,
Esconde a face para esconder o rubor,
Prova o músculo para não sentir a doçura,
Não quer gosto ou não quer sonhos?
Provavelmente, haja dentro dele a recíproca,
Motivada naquele que tolera a desculpa,
E abaixa a cabeça em aceite,
Inerte e capcioso ao deleite,
Há na penumbra algo de “sim, eu fico”,
Nas sombras beira o desejo sem o desconforto,
Descarta a contemplação do medo,
E resta, bem, resta ao casal o meio termo,
O amor extingue-se e retorna a face,
O preguiçoso afasta a face e ali não se resta,
Efeito cinzas que confortam e saem fáceis,
Há ali um descolorir sem aprofundar,
Mas ninguém dúvida de que há algo,
Contudo, tratamento de carinhos são contidos,
O preguiçoso permanece agachado,
Talvez, nem ouça a moça que diz:
“Querido, te amo e preciso muito disso”,
Próximo, talvez ele saiba que a boca que fala,
Sente-se calar e perder a fala,
A cada vez que o coração desperta,
O homem levanta-se, foge, se afasta,
Será que o preguiçoso a olha?