domingo, 14 de agosto de 2022

Amor Preguiçoso

 


O preguiçoso não procura a boca,

Ele abraça a nuca e toca o pescoço,

Se isso basta?

Bem, é um começo;


Os propósitos dos apaixonados

Não mergulham em águas rasas,

Não sei ao certo o motivo,

Mas parecem gostar da ousadia,


Respirar o ar do desafio,

Mesmo que a tentativa seja falha,

Vale o sentimento,

E o gosto que fica na alma,


Sobre o discernimento?

Ele é tudo que fica à tona,

O orgulho, a dor estes fazem parte do destino,

Mas a razão, vem e volta,


Há beijos que soam menos desleais...

Estes preguiçosos parecem planejar,

Engraçado, quem há de duvidar?

Purifico os meus lábios,


Estou livre de cair aos seus pés, apaixonado?

Sob pesos adulterados e medidas falsificadas,

É difícil precisar, confesso,

Há aquele que afirma e depois detesta?


Aqui entram as juras e após as lágrimas,

Sonhos quebrados e pecados rompidos,

Triste dor que nem o coração aprova,

Então, os preguiçosos são os que amam a mentira?


Enganar o coração e ser, assim enganado,

Prefiro o sofrer da decepção à viver a conversa,

Daquele que fala, fala, mas por trás detesta...

Na miséria das falsas juras apaixonadas,


Os corações se amontoam uns aos outros,

Antes do fim do beijo já se afastam,

Preveem o frio por saber que há a estação,

Se apegam e depois fogem as aparências,


Queria, por único dia afastar a máscara,

Apenas para poder contemplar como bate este coração,

Coração que não ama, pulsa,

O que ama cavalga, galopa, se liberta!


Penso que cabe amor também ao preguiçoso,

Há de um dia ele decidir provar o sabor da boca,

E assim, sentir o que há de delicioso no beijo,

Mesmo que em sua boca emerja uma marca,


A daquela que tocou e que foi tocada,

A que se entrega por todo o amor que há nela,

Mais que aquele que fecha os olhos e se agacha,

Esconde a face para esconder o rubor,


Prova o músculo para não sentir a doçura,

Não quer gosto ou não quer sonhos?

Provavelmente, haja dentro dele a recíproca,

Motivada naquele que tolera a desculpa,


E abaixa a cabeça em aceite,

Inerte e capcioso ao deleite,

Há na penumbra algo de “sim, eu fico”,

Nas sombras beira o desejo sem o desconforto,


Descarta a contemplação do medo,

E resta, bem, resta ao casal o meio termo,

O amor extingue-se e retorna a face,

O preguiçoso afasta a face e ali não se resta,


Efeito cinzas que confortam e saem fáceis,

Há ali um descolorir sem aprofundar,

Mas ninguém dúvida de que há algo,

Contudo, tratamento de carinhos são contidos,


O preguiçoso permanece agachado,

Talvez, nem ouça a moça que diz:

“Querido, te amo e preciso muito disso”,

Próximo, talvez ele saiba que a boca que fala,


Sente-se calar e perder a fala,

A cada vez que o coração desperta,

O homem levanta-se, foge, se afasta,

Será que o preguiçoso a olha?

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