Com o tempo,
Toda a dor se torna aguda,
Todo o sorriso tende a se apagar,
E o beijo teima por ser esquecido,
Com o tempo,
Até mesmo o abraço passa,
A sensação de sentir-se bem é trocada,
E um vazio faz morada,
Com o tempo,
O amor cede espaço a cólera,
Dá-se chutes ao vento,
Uivos em noite escura,
Com o tempo,
Quebra-se o perfume preferido,
Apaga-se um pouco do que houve,
Mas o sentimento teima em não ser esquecido,
Com o tempo,
Por mais bom que tenha sido,
Mesmo que uma lágrima teime,
Vê-se o voltar atrás mais distante,
Com o tempo,
O amor como acreditou que seria
Foi embora e ficou lá atrás,
Como uma espécie de brisa fria,
Com o tempo,
O orvalho que era suave sobre a face,
Teima em molhar e fazer mal,
Já não vale a pena madrugar acordada,
Com o tempo,
Se pensa em perdoar,
Aquele que jamais seria esquecido,
Dá-se o tom da dúvida a cada palavra,
Com o tempo,
O certo ganha outra estrada,
Mas, esta estrada está apagando-se na poeira,
Torna-se mais difícil ver como antes se via,
Com o tempo,
Estar onde se está é mais forçoso,
Pensa-se até mesmo em outros lábios,
Vira o rosto para o lado,
Com o tempo,
O pensamento torna-se um sufoco,
Lábios trêmulos já não se buscam,
Palavras pensam antes de serem ditas,
Com o tempo,
Vê-se na história o temor,
O que foi bom pode ganhar outro gosto,
Já não se pensa tanto em sonhos,
Com o tempo,
Dá-se a ele mais alguns dias,
Agora vê-se uma forma de saída,
Não ligar deixa de ser opção,
Com o tempo,
No entanto em meio a tudo isso,
E por causa do fator tempo,
A paixão aumenta e torna-se louca,
Com o tempo,
Não se tem medo de esquecer,
Ganha-se mais certeza quanto ao que sente,
Vê-se o amor com mais maturidade.