Tinha um suave aos ouvidos,
Não poderia definir beijo,
Ou promessa de algo,
Mas, de uma lembrança, era algo maior,
- Querido, me perdoe,
No momento não saberia dizer,
O motivo ou o que me move,
Mas, perdoe, por favor, perdoe!
Me olho no espelho, me vejo bonita,
Uso aquele batom vermelho,
E me indago: o que você acharia disso?
Penso se aprovaria o vestido,
Ou a forma como arrumei o cabelo,
Imagino se ficaria melhor jogado ao vento,
E me vem: seus lábios,
E mais que o gosto,
O desejo de estar perto,
Você sabe disso, mesmo que negue,
Querido, espero que me perdoe,
É só o que tenho a dizer quando vejo meu reflexo,
Afastou-se um pouco do reflexo,
Tentou buscar outra coisa para se concentrar,
Enquanto olhava-se de forma tentadora,
Sim, ela gostava do que via,
Imaginava ele a observando,
De forma reservada, sem tocá-la,
Sentia como se estivesse do seu lado,
Embora soubesse: não estava!
- Querido, me perdoe!
Ela dizia mas sem lágrimas na face,
Embora no rosto guardasse uma marca,
Marcas de noites insones,
Em que muito se pensa e pouco faz,
A ideia de distância a fazia tropeçar,
Um passo em falso e cama,
Jogada ao desalento de lençóis bem feitos,
Um beijo e um abraço e tudo aquilo,
- Querido, me perdoe, perdoe!
Um olhar é uma faísca,
Mas é nada diante da fogueira que é a saudade,
Consome por dentro em efeito atômico,
Não resta nada além do que houve,
Estava feito. Batom nos lábios,
Roupa, calçados, tudo pronto: perfeito!
Seu destino pertencia ao desconhecido,
Ela se lembrava das promessas,
Poderia passar dez mil anos por ela,
E ela ainda assim lembraria,
- Querido, perdoe, querido perdoe,
Espero que possa perdoar!
Da jura em que me prendestes não me libertei,
Ficarei nela para sempre,
Não, querido, não me vejo acorrentada,
Apenas o amo e por isso, esperarei,
Da faísca do seu olhar,
Faço a luz para guiar cada passo,
Sim, nosso amor dura para sempre,
Então querido, perdoe!
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