sábado, 9 de julho de 2022

Me, perdoe!

 


Tinha um suave aos ouvidos,

Não poderia definir beijo,

Ou promessa de algo,

Mas, de uma lembrança, era algo maior,


- Querido, me perdoe,

No momento não saberia dizer,

O motivo ou o que me move,

Mas, perdoe, por favor, perdoe!


Me olho no espelho, me vejo bonita,

Uso aquele batom vermelho,

E me indago: o que você acharia disso?

Penso se aprovaria o vestido,


Ou a forma como arrumei o cabelo,

Imagino se ficaria melhor jogado ao vento,

E me vem: seus lábios,

E mais que o gosto,


O desejo de estar perto,

Você sabe disso, mesmo que negue,

Querido, espero que me perdoe,

É só o que tenho a dizer quando vejo meu reflexo,


Afastou-se um pouco do reflexo,

Tentou buscar outra coisa para se concentrar,

Enquanto olhava-se de forma tentadora,

Sim, ela gostava do que via,


Imaginava ele a observando,

De forma reservada, sem tocá-la,

Sentia como se estivesse do seu lado,

Embora soubesse: não estava!


- Querido, me perdoe!

Ela dizia mas sem lágrimas na face,

Embora no rosto guardasse uma marca,

Marcas de noites insones,


Em que muito se pensa e pouco faz,

A ideia de distância a fazia tropeçar,

Um passo em falso e cama,

Jogada ao desalento de lençóis bem feitos,


Um beijo e um abraço e tudo aquilo,

- Querido, me perdoe, perdoe!

Um olhar é uma faísca,

Mas é nada diante da fogueira que é a saudade,


Consome por dentro em efeito atômico,

Não resta nada além do que houve,

Estava feito. Batom nos lábios,

Roupa, calçados, tudo pronto: perfeito!


Seu destino pertencia ao desconhecido,

Ela se lembrava das promessas,

Poderia passar dez mil anos por ela,

E ela ainda assim lembraria,


- Querido, perdoe, querido perdoe,

Espero que possa perdoar!

Da jura em que me prendestes não me libertei,

Ficarei nela para sempre,


Não, querido, não me vejo acorrentada,

Apenas o amo e por isso, esperarei,

Da faísca do seu olhar,

Faço a luz para guiar cada passo,


Sim, nosso amor dura para sempre,

Então querido, perdoe!

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