segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Na Cidade do Tráfico

Aos 20 anos,
Karim escolheu cursar faculdade,
De escolha própria
Escolheu ser professora,
Cursaria pedagogia.
Sem entender porquê
Cansou-se de viver atrás
Do seu pai,
Sempre escondida por entre
Os cômodos para buscá-lo
E não raras vezes
Salva-lo de seus amigos.
O pai, muito jovem,
Escolheu ser traficante de drogas.
E não menos,
Também optou pelo uso.
Karim, diversas vezes
O encontrou caído no chão
Babando espuma pela boca
E nariz
Apresentando dificuldade
Para respirar.
Os amigos de seu pai
Eram na maioria usuários,
Porém, nem sempre eram
Bons pagadores,
Quando podiam o enganavam
E não poucas vezes
Atentavam contra sua vida.
No entanto, por vinte anos
Karim foi sustentada desta maneira,
E agora com direito proveniente
De meios ilícitos adquiria sua
Inscrição universitária,
Logo seria professora
E poderia viver por outros meios,
Porém, antes deste modo de vida mudar
Seria da droga que viriam
Todos os seus sonhos e expectativas.
Os tiros que desviassem,
Os amigos que pagassem,
O tráfico que se espalhasse
Feito pólvora por todo lado,
Ela, mais que nunca,
Precisava de muitos viciados
E droga boa solta por todo canto.
Seu pai, Machado,
Sujeito de bons sentimentos,
Sempre distribuiu drogas
Da melhor qualidade
E não tolerava reduzir quantidades
Ou qualidade.
No entanto, a polícia o pegou.
- você está presa!
Um homem de farda disse,
Invadindo sua sala de casa,
E atrapalhando seu programa
De televisão favorito.
Karim pegou o controle remoto
Da televisão e baixou o volume
Depois olhou para o lado,
Baixando suas pernas de sobre
O sofá para o chão.
Um sujeito corpulento
A olhava,
Com a mão encostada
Em uma arma sobre seu
Colete balístico
Do uniforme policial federal.
- nada fiz!
Karim respondeu.
- foi encontrado um grande
Estoque de drogas na propriedade
De seu pai e você mora com ele.
Ele disse.
- nada fiz!
Ela interveio.
- você é cúmplice do delito tráfico de drogas!
Ele continuou com seu rosto
Gordo balançando cada palavra
Dentro de sua boca
Até serem jorradas sobre ela.
- presa?
Eu sou estudante universitária!
Ela falou chacoalhando a mão
Para seu peito.
- você é traficante!
Ele interveio.
- prove!
Desconheço tudo que você
Me diz,
Quem falou meu nome?
Quem ligou este crime a mim?
Irritada Karim levantou,
Correu até o policial
Pegou em seus braços
E o chacoalhou.
- cadê meu pai?
Ela gritou muito próxima dele.
O policial a virou contra
O segundo sofá,
De costas a algemou.
A segurou com truculência
E a conduziu até a viatura
A empurrando na parte
Traseira do camburão.
- chame um advogado!
Ele disse.
Enquanto a conduzia da sala
Para a escada da casa,
E de lá para o carro.
Dois policiais abriam
A porta do camburão,
Um terceiro lhe apontava
Uma arma.
- seu pai está a caminho
Da delegacia.
Na delegacia seu pai
Foi ouvido.
- minha filha nunca se envolveu
Com isso,
Faça o teste do bafômetro
Ela nunca usou drogas.
- então por quê você comercializava isto?
Inquiriu o delegado.
Um advogado estava presente,
Contratado de seu pai.
Karim foi ouvida,
Por insuficiência de provas
Foi liberada para voltar
Para casa,
No entanto, continuaria
Respondendo pelo crime.
Os bens de Machado
Foram imediatamente retidos,
Nada poderia ser movimentado,
Nem dinheiro ou bens,
A motivação era de que
Eram provenientes de meios ilícitos.
Pode-se afirmar que sua atividade
Criminosa foi rentável
Até está data,
Foi a primeira vez
Que seu pai foi detido.
Agora ele estava preso,
Aguardando para responder
Por seu crime no presídio masculino,
O advogado,
Doutor Osório,
Recebeu seus proventos
Muito antes do evento.
De anos era conveniado
Com Machado,
Então, o trancamento de seu bens
Não lhe surtiu efeitos negativos.
Porém, Karim estava com
Seu rosto impresso em páginas
De jornais,
Agora era reconhecida
Como traficante,
Sentia medo de sair nas ruas
E ser linchada por estranhos.
Seu pai era muito rico,
Tinha muitos bens,
Uma coleção de carros luxuosos,
Uma conta bancária numerosa,
Mas, ela não podia mexer
Em um único centavo,
Estava tudo suspenso
Até que comprovasse
Um meio de renda lícito
Para a família.
Ela nunca trabalhou,
O pai só adquiriu dinheiro
Por meio da venda de drogas,
Foi encontrada cinco toneladas
De drogas na residência,
E ela teria que encontrar
Em pouco tempo uma forma
De salvar seus bens
Ou cairia na miséria
Depois de passar longos anos
Presa ao lado do pai.
Osório gostou da situação,
Há cinco anos
Ele investia em se relacionar
Com Karim.
- você sabe Karim,
Eu posso defender você
E seu pai,
E isto lhe custa pouco.
Ele lhe falou
Sentado atrás de sua mesa
Dentro de seu escritório
No centro de São Paulo.
-sou o melhor advogado
Na área criminal,
Não haverá outro melhor
Para defender vocês dois.
Ele continuou.
- meu pai o pagamento muito bem.
Karim disse.
- mas eu desejo casar-me
Com você.
Dr Osório continuou
E sorriu olhando para ela.
- casamento?
Ela indagou.
- sim.
Ele respondeu.
- e o que mais?
-amor!
Ele encerrou.
- eu tive namoradinhas
E sempre as presenteei
Com o melhor que pude,
A você lhe dou uma aliança,
Não há nada maior!
Ele falou.
- doutor nunca nutrimos afeto
Um pelo outro,
Me espanta o pedido...
- espanta nada,
Você tem ficado madura
E os anos lhe fazem cada vez
Mais bonita,
Isto é o mais objetivo.
- ok. Tire meu pai de lá.
- imediatamente.
Ele respondeu.
Fez uma ligação ao juiz
Da comarca local
Que estava de plantão,
Ofereceu dinheiro a ele.
- está certo.
O juiz respondeu.
Peticionou nos autos,
Assinou e o Machado
Foi liberado e no mesmo
Instante retornou ao seu ofício.
Feliz, Karim
Voltou ao escritório.
Aceitou o noivado,
E marcou a data para casar-se.
O juiz alegou que a soltura
Se deveu porquê a droga
Nunca foi encontrada
Na posse de Machado
E o endereço informada
Pertencia a outro local
Diferente da propriedade dele.
Por tanto, não havia
Droga alguma com ele
E nada que o ligasse
A este ramo criminoso,
Todos os seus bens foram liberados.
Karim recebeu sua aliança,
Em ouro maciço
E beijou Osório
Em seus lábios,
Olhando em seus olhos,
Em público,
Na frente de diversos amigos.
Agora era noiva de um doutor,
Um especialista em direito criminal,
Respeitado em sua função
No país inteiro,
Apaixonado por ela,
Por quem ela só nutria nojo,
E até mesmo ódio.
Mas, ver seu pai livre,
E o dinheiro surgir em sua conta
Bancária era o bastante
Para mantê-la forte
E centrada no que precisava
Ser feito:
Casar-se.
Por a si própria
E a família em segurança.

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