sábado, 27 de março de 2021

Um Telefonema Que Não Veio

 


Quanto se foca no gosto do beijo, se desfruta as vantagens a ele associadas,

Não se esquece facilmente as juras prometidas em noite enluarada,

Quando contar estrelas deixa de ter primazia diante de provar sua boca,

Quando falar de sonhos se torna desnecessário diante de tudo que se ganha,

No outro dia, a espera pela ligação que parece se demorar em demasia,

É desalentadora, ah, mas o sabor do beijo a acariciar a boca, acalenta,

 

O dedo que se sobrepõe a boca sem que se note o gesto saudoso,

Traz um pouco de conforto as horas incertas que transcorrem no relógio,

Quando se volta a atenção as lembranças da noite vivenciada com ardor,

Percebe-se o quanto valera a pena cada segundo entre beijos e abraços,

O quadro de igualdade fica díspar, se dentro dela tudo recorda,

Por que motivo ele estaria a aguardar, sem ligar, mandar flores nem nada?

 

Apenas uma notícia sua ela esperava com a ansiedade de quem recorda,

Não uma promessa de eu te amo, um pedido de novo encontro,

Apenas um gesto que a faça ver o quanto cada hora fora saborosa,

Depois de se passar muito tempo recordando querer rever é comum,

É preciso mais atenção ao fato de se desejar uma pessoa com certo interesse,

Quando se volta a atenção as lembranças revividas em cada instante,

 

A vontade de provar novamente os seus lábios vem à tona com vontade,

É difícil resistir ao desejo de se ter quem se acredita gostar de verdade,

Poderia existir os dois lados do beijo, aquele que quer repetir outra vez,

E aquele que gostara enquanto durara mas para o qual não há mais interesse?

Era essa a causídica ou ele havia esquecido de anotar o seu número,

Por outro lado, haviam tantos meios de se procurar alguém que se queira,

 

Ela recordara de ter lhe falado o seu endereço, ele verificara a placa do carro,

Poderia procura-la caso quisesse vê-la de novo, índices de desinteresse eram refutados,

Atitudes de indiferença eram refutadas com toda a entonação necessária,

Tinham o costume de lançar em descredito o potencial da pessoa,

Ela não era infantil a ponto de tolerar uma reprimenda dessas,

Se para ele valera a pena da mesma forma que para ela, ele teria que esforçar-se,

 

Do contrário, não ligar era mesmo a melhor atitude, não haveriam lembranças ilesas,

Diante de sua distância o esqueceria, não haviam motivos para prendê-la,

O sabor dos seus lábios era visto como privação de suas necessidades básicas,

Sua boca tremulava, desejava novo encontro, recordava de cada afagar sobre ela,

Um contraste interessante diante de tudo que procurava acreditar,

Para colocar-se distante de tudo que havia vivido e do telefone que não tocava,

 

Começava a recuar atordoada, não tão depressa a ponto de ficar insegura,

Mas o suficiente para camuflar as memórias, tentar apagar a noite vivida,

Apenas por que procurava por ele, e ele não estava, esperava e ele não ligava,

O que mais faria? Chegou a temida conclusão mais fácil do que pensava,

Porque provavelmente já havia se deparado com a verdade a horas atrás,

Um golpe forte a atingira no peito fazendo voltar-se para a noite de outrora,

 

A jogara contra o sofá, fazendo-a abraçar a si mesma em lágrimas,

Agora uma lembrança se colocava contra ela, mas, também, a confortava,

Não, não conseguia acreditar, se vira balbuciar entre lágrimas sôfregas,

O que queria dizer era, por favor, lembre-se de nós depressa e sem cautela,

A lembrança hesitara, intrigada com um fato ignorado na noite passada,

Ela não reagira, embora seus instintos gritassem que estava certa,

 

Queria arranhar seu descuido, refazer cada passo a partir do encontro casual,

A parte mais equilibrada dentro dela, sabia que não adiantaria em nada,

Não tinha a menor chance, estava tudo terminado para ela,

O amor profundo e singelo de uma noite não resistira a luz do dia,

Cabe notar que a questão continha um problema comum, ainda,

Considerando ter perdido o contato com quem se apaixonara,

 

Persistia com sua mania descuidada de seguir com atitudes evasivas,

Uma característica sua que requeria atenção imediata,

Todavia, tendo sido alvo de atenção não fora a bastante apropriada,

Esse era um aspecto crucial com relação a ausência do telefonema,

Embora com insistência se manifeste através de outras problemáticas,

Porém, através da angustia vivenciada pela dor de ser “ignorada”,

 

Talvez, ela aprendesse com a questão e passasse a evita-la,

Sua atitude “mesquinha” refletia uma proteção desmedida,

Mas, com a qual ela havia se acostumado sem se identificar,

Já era atitude costumeira de sua parte o que acontecera com ela,

Mas, nunca a magoara desta forma, nunca havia mexido com ela,

Depois de uma noite de beijos tórridos, não se quer pensar no amanhã,

 

Quem pensaria quando tudo que se quer é beijar e mais nada?

Ela sentia-se completa em seus braços, sentia-se desejada,

Via-se segura em cada um dos seus afagos, não pensara em nada,

Desejar superar a desatenção masculina era normal em sua rotina,

Não se permitir ser rebaixada a objeto era sua pretensão máxima,

Nunca pensara se apaixonar em uma noite qualquer, nem mesmo lembrar

 

No outro dia ou qualquer outro, lembranças iriam e vinham, por que ficariam?

Ela acreditava em sua resistência quanto a se apaixonar,

Dado o tratamento simétrico ela sobrevivera sagaz a cada boca,

Mas, àquela fora diferente das outras, não entendia o porquê, mas fora,

Com efeito, os beijos da noite fatídica ficaram presos a ela,

Como se a quisessem busca-la de volta, recusando-se a soltá-la,

 

Esse tipo de beijo que fica impregnado na alma tem taxa de sobrevivência elevada,

Embora ela não tivesse conhecimento quanto a existência dele, agora o reconhecia,

Existem também outras causas que a levavam a recordar, com certeza,

Mas quanto ao gosto de permanecia na boca, parecia dizer alguma coisa,

Restava ainda alguma influência de seu sabor sobre a sua boca,

Nada que ela não pudesse resistir, tentava acreditar nisso com força,

 

Mas parecia claro que, mesmo que excluísse todas as lembranças,

Mesmo que partisse para outra noite em busca de novas bocas,

Não conseguiria superar este beijo com facilidade, algo mudara,

Os números antes sem sentido, tinham menos ainda agora,

Porém, o fato de ela usar nome falso, mentir sobre quem era,

Não a ajudava em nada a encontrar aquela boca a qual perdera,

 

Tempo perdido o tempo em que esperara pelo telefonema,

O beijo estava perdido, talvez lhe restassem outras bocas,

Todavia, tinha certeza, nenhuma outra seria como aquela,

Sua vontade de busca-lo era grande, mas por onde começaria?

Se via nas estrelas com as lembranças intensas e saborosas,

Agora estava jogada ao chão, perdia sua chance sem poder fazer nada.

Um Adeus



Meus olhos varreram os lençóis amarrotados,

Colocando-se naquele travesseiro não tocado,

Sobrepus meu braço nele, desejei senti-lo, de novo,

Haviam pedaços de amor por todo o lado,

Derramados nas lágrimas sobre o meu travesseiro,

Ignoradas por aquele travesseiro desamassado,

 

Uma nuvem de dor cobria o céu ensolarado,

Não queria me levantar muito menos abrir a janela,

Ele havia partido, pouco tempo depois de me jurar amor,

Quanto a jura tudo certo, mas me fazer acreditar nela?

Não fez sentido algum depois de ele não ter voltado,

Depois de eu tentar ligar mil vezes e ele me ignorar,

 

Minhas tentativas de trazê-lo para o meu abraço,

Se viram fracassadas logo após ele dizer adeus,

Não no instante em que ele foi embora, com olhos incertos,

Naquela hora, eu ainda tinha esperanças, as quais se esvaíram,

Na noite passada, entre lençóis amarrotados e noite incerta,

Seu cheiro eu removi da cama e de qualquer outro lugar,

 

Menos da minha memória, lá ele permanecia vívido,

Ao lado de todas as nossas memórias dos momentos vividos,

Em muitas circunstâncias, essa perda seria facilmente vencida,

Mas, não nessa, nessa parecia que iria durar por toda a vida,

As vezes, até além dela, lembro de tê-lo prometido o eterno,

Claro que naquele momento eu estava provando os seus beijos,

 

Mas agora, mesmo distante, não consigo me dissociar do juramento,

Não é fácil superar um conflito de amor, quando a alma diz esqueça,

E o coração se recusa e se agarra as lembranças com toda a força,

Eu lhe dava toda a atenção merecida, mas como reiniciaria a minha vida?

Como esquecer de tudo que vivemos, que um dia ele dormira comigo?

Através da cortina de lagrimas que cobriam o escuro do meu olhar,

 

Eu tentava esquecer, eu buscava um motivo em que me abrigar,

Para colocar todos aqueles sonhos em tempo distante demais,

Em um lugar que eu não tivesse conhecimento mais, através das lágrimas,

Eu não conseguia ver nada além da minha dor, e seus olhos a me fitar,

Refazendo todas as promessas, falando de sonhos, jurando me amar,

Enquanto um ruído de angústia rompia os sonhos, quebrava as promessas,

 

De uma a uma, até que não restasse mais nada em que me sustentar,

Sonhos dilacerados permaneciam em minha cabeça, o amor persistia,

E me fazia lembrar, buscava-o através dos momentos que quisera guardar,

Nada mais adequado para alguém que não dormira a noite inteira,

Tentar abrir os olhos e ver que não pode enxergar nada além de lágrimas,

Tentar buscar refúgio e só conseguir recordar o quanto amava,

 

Já que se sentir bem é algo de suma importância, o que faria a partir de agora?

O índice de sonhos opera sem que se tenha controle sobre as lembranças,

E mede a perda das perspectivas envolvidas em desenlace desigual,

Para quê dizer que amava e encerrar em resultado casual,

Cada um para um lado, um coração dividido e outro esquecido de tudo,

Dos sonhos, do amor que jurara ao infinito, do sofrimento causado ao outro,

 

Havia insuficiência de amor na alma daquele que jurara o equivalente,

Havia sobrecarga de sonhos na alma daquela que crera no para sempre,

A escolha de um parâmetro que busca o sentido de tudo isso,

Estava afetada por sonhos quebrados que agora feriam com estilhaços,

Parecia que toda a minha alma havia se esmigalhado em lágrimas

E escorriam pelo rosto, apagando o sorriso e o beijo que ele se recusara,

 

A lembrança do beijo, que ao vê-lo sair através da porta eu imaginara,

Não precisava ter havido abraço para conforto, apenas um beijo de despedida,

Uma espécie diferente de conflitos me envolvia e eu não conseguia evita-la,

Um relacionamento havia suprimido meus espaços, mas agora fugira,

O que preencheria minhas horas, supriria as minhas expectativas de amor?

Havia um lugar vago em nossa cama vazia, o travesseiro denunciava isso,

 

Nos juízos sobre o amor sempre se imagina que quando se chega ao fim,

É de comum acordo, que tudo é solucionado antes do adeus ser pronunciado,

A variável que se impera no peito daquele que fica é um sentimento frio,

O de que tudo que vivera fora abandonado ao acaso, sem adeus ou ressentimento,

Apenas o fim e pronto, a escolha de sobre que memorias se apegar para resistir,

É uma escolha frívola, deve-se esquecer todos os sonhos, dizer adeus sem insistir,

 

A desvantagem de tentar resistir as lembranças que se imperam no ar,

É o fato de ter acreditado em cada uma das suas palavras,

Ter se apegado em cada promessa, feito e agido de acordo a ela,

Se as lágrimas fossem tudo o que sua ausência acarreta na alma,

Tudo certo, eu choraria o bastante e tudo passaria com a água,

O problema circunda aquele espaço vazio e incerto sobre a cama,

 

As lágrimas poderiam ser, em grande medida, suprimidas,

Mas as promessas, as juras em cada olhar, como esquecê-las?

Se o amor arruína a vida? É certo que não, mas quanto aos sonhos,

Estes sempre podem ser suprimidos, a cama de lençóis sujos de choro,

Não deveria ser o local mais adequado para pensar sobre isso,

Mas o sol estava nascendo, logo as secariam como se nunca tivessem existido,

 

Esperava apenas que apagasse-as ou quando se pusesse à tardinha,

Que levasse consigo as lembranças, sem ele, de que me valeriam?

Sucumbir a morte prematura, morrer de amor por lembra-lo a toda hora?

Olhara ao meu redor, não estava a procura de nada, apenas sentia-me exposta,

Não encontrara nenhum rosto, nem um olhar arrependido, nada,

Um toque no celular, meu olhar brilhara, quem seria a esta hora?

Minhas lágrimas perdiam feio, a esperança me removia da cama...

sexta-feira, 26 de março de 2021

Um Celular (Des)Quebrado e Um Beijo (Des)feito


Deve ter presumido que conseguiria me esquecer,

Deve ter imaginado que encontraria as chaves,

Mas antes que pudesse alcança-las eu a encontrei,

E em um compartimento secreto a guardei,

Ele havia se apaixonado por mim, e eu por ele,

Agora desejava me esquecer assim? Azar o dele!

 

Sua tentativa de partir por aquela porta sem dizer nada,

Foi prejudicada pelo beijo que eu entreguei a sua boca,

Pelo abraço apertado com o qual o envolvi atônita,

Não que eu tenha dispendido tanto esforço para segurá-lo,

Usei a técnica mais importante que eu conhecia,

Sem artifícios ou meios ardis, o disse que o amava tanto

 

E com intenso sentimento que o fiz chorar ali mesmo,

O homem que segundos atrás ameaçava me deixar,

Se via tremulo e satisfeito ancorado ao meu peito,

Eu arfava de alegria, havia conquistado o amor da minha vida,

Não tentaria perde-lo, não o permitiria partir dali mesmo,

Faria tudo que estivesse ao meu alcance para ele ficar,

 

Mesmo que tivesse que fazer uso de políticas antimercado,

Usei meu vestido mais bonito, o batom no mesmo tom dos lábios,

A calcinha a removi guardando no bolso do seu casaco,

O batom deixei que ele retirasse por entre os beijos apaixonados,

Com uma profunda desconfiança sobre como reagir ao fato,

Percebi que os índices sobre sua satisfação com relação a nós,

 

Me pareciam perfeitamente bons quanto mais eu intensificava

As carícias e ele retribuía com a mesma urgência que eu sentia,

Recordo de ter me movido com tempo o bastante para evitar

Que ele percebesse que meus afagos já não eram a esmo,

Mas sim estratégicos, pretendiam ganha-lo por inteiro,

Fazê-lo meu, por muito mais que uma noite de amor,

 

Embora valha a pena ressaltar que as vezes ele se distanciava,

Apenas o suficiente para recuperar o ar e retornar para a minha boca,

Como eu permitiria que partisse para longe de mim o amor da minha vida?

Nunca, nem tentaria agir dessa forma, eu não era nem um pouco louca,

Apenas insaciável quanto a necessidade por suas carícias, não nego o fato,

No que se trata de provar dos seus afagos, sou exigente mesmo, me supero,

 

Quanto mais recebo mais desejo, e ele também, ele sabe disso,

Mas, naquele instante errôneo, eis que falei o que não deveria ter dito,

Não lembro ao certo o que foi, mas recordo de ele ameaçar sair,

Recordo com triste propriedade de ele ameaçar levantar e partir,

Com lágrimas tristes em meus olhos chorosos o pedi para ficar mais um pouco,

Levantei, fui até a cozinha, sem esquecer de levar comigo as chaves do carro,

 

O som da sua voz em minha cabeça dizendo que me amava me fez decidir,

Não o permitiria ir embora, não sem saber o quanto era grande o meu sentir,

Não cedi um único instante, não quedei segundo algum a insegurança,

Ele permanecera no sofá, sem falar nada, parecia repensar sobre a conversa,

Eu procurava alternativas, formas de fazê-lo ficar, precisava falar alguma coisa,

Mas algo que fosse sensato o suficiente para convencê-lo sobre o quanto o amava,

 

Ele se virou sorrindo e me viu, seus olhos se iluminaram no mesmo segundo,

Ele me amava como eu a ele, e eu iria lutar por nós, queria-nos juntos,

Para que fora feito o amor senão para unir os casais apaixonados?

Já havia visto tantos amigos meus se separarem para chorar pelos cantos,

Nós seriamos diferentes deles, nos amávamos e não nos permitiríamos

Sofrer a dor de amar um amor distante calados perdidos por entre os cômodos,

 

Eu respondi ao seu sorriso jogando um beijo em sua direção,

Mirei em seus lábios mas lembro de ter acertado o coração,

A insegurança de outrora agora estava nos deixando,

As dúvidas de a pouco, se dissipavam por entre os afagos,

O rosto dele se modificava conforme eu chegava perto,

Era como se eu pudesse nos ver em sua expressão de contento,

 

Seus olhos ficaram estreitos e de repente pareciam ansiosos,

O plano não era tomar a atitude sozinha de agarra-lo em meu abraço,

Mas que importam os planos quando o amor está em jogo?

Embora todo o cuidado tenha valia quando se trata de conquistar,

Eu não medi esforços para aconchega-lo por entre os meus braços,

Beijá-lo até vê-lo se aninhar junto aos meus cabelos, te amo me vi sussurrar,

 

Não fiz uso de mentiras, disse toda a verdade que guardava em minha alma,

Preciso de você comigo, sou frágil sem você, como um corpo sem vida,

Desde que me apaixonei nunca mais me imaginei seguir sozinha,

Você faz falta, você é importante feito o sol que dá vida ao céu do dia,

Eu sei que posso não ser o seu primeiro amor, mas em que importa isso?

Eu apenas desejo ser a única, aquela que fará a diferença em seus passos,

 

No instante em que me imaginei sem você, te juro me senti perdida,

Não soube nem o que fazer, por um instante me faltou ao ar para respirar,

Eu já estava a meio caminho de me entregar por inteira a este amor,

Não queria resistir, não queria deixar nada para depois, nem um segundo de espera,

Fora quando uma mensagem chegara ao seu celular com teor indagador,

Eu não pedi para vê-la, embora a tenha visto de relance, não disse nada,

 

Ele continuara a me beijar mas agora parecia ser tomado por uma angustia,

Eu o vi mudar sua postura, de sujeito apaixonado para algo mais controlado,

Embora tenha o amado com todo o sentimento, talvez não fosse o bastante,

Eu balancei a cabeça, me sentia confusa, um rubor me tomara a face,

Quem estaria a procura-lo, àquela hora da noite e assim tão insistente?

Cortei o beijo, sem tentar esconder nada, e o encarei por um instante,

 

Depois olhei para o seu celular, então encontrei seus dedos trêmulos,

As questões do amor nos obrigam a atitudes arriscadas e desmedidas,

Fazia pouco tempo que nos conhecíamos não sabíamos tudo um do outro,

Homens bonitos sempre guardam segredos e talvez, amantes secretas,

Um beijo de uma boca como a dele poderia levar a medidas descabidas,

Eu mais que ninguém sabia disso, não seria uma mensagem que me privaria,

 

Não enquanto eu tivesse certeza quanto ao tanto que eu sentia,

Não enquanto ele estivesse comigo a me fazer companhia,

Se a outra tivesse tanta importância ele não estaria ao meu lado,

A mensagem significaria para mim o mesmo que a ele e mais nada,

A forma que eu reagiria com relação a nós desenlaçaria este dilema,

É certo que uma dúvida mal resolvida poderia desencadear

 

Em um grande problema, como um rompimento infundado,

Assim haviam terminado a maioria dos relacionamentos

Que eu havia tomado conhecimento, mas eu não tinha escolha,

Precisava ser forte e ter domínio sobre mim mesma,

Puxei-o pelos cabelos com força, queria arranca-lo daquilo tudo,

Beijei sua boca com cruel incerteza, tentando esconder o choro,

 

Alcançaríamos um ao outro ou seguiríamos sozinhos o nosso destino,

Apenas por causa de uma mensagem romper com quem jurara amor?

Nem ao menos sabia o remetente quanto menos o teor,

Seria mesmo tão frágil tudo que eu sentia dentro do meu peito,

Que a mais tórrida dúvida evidenciada, mandaria tudo a esmo?

Não, não permitiria que fosse dessa forma, teria que fugir disso,

 

Me abriguei ao seu peito, lá parecia o lugar ideal para ficar,

O lugar onde encontraria todas as respostas para as minhas dúvidas,

Eu o amava, não precisaria dominá-lo, fazê-lo de objeto,

Enquanto tivesse sentimento o bastante para unir-nos um ao outro,

Era tarde demais para impedir nosso envolvimento,

Mesmo assim, me prendi em dúvidas por dois lamentosos minutos,

 

No primeiro, o fiz desejar ir embora para longe de nós,

No segundo, não soube o que fazer, eu parecia estar me prendendo,

Tentando encontrar motivos para nos separar um do outro,

Ao invés de encontrar alternativas para fortalecer nossos laços,

Beijei o mais terna que pude, ele respondeu com avides e ousadia,

Sorvi o seu cheiro para o meu peito, ele era doce e denso,

 

Talvez, houvesse tempo para salvar tudo o que sentíamos,

Por razões já expostas, eu o amava e tinha certeza sobre isso,

A entender que ele também sentia o mesmo, de outra forma,

Não valeria a pena tanto esforço, o telefone ressoara de novo,

Dessa vez, uma mulher surgira na tela, sem me conter, mordi sua boca,

O som da confusão ficara mais alto, ele sorrira irônico: minha irmã, respondera,

 

Me senti ereta feito uma pedra de gelo, meu olhar feria,

Meu coração pulsava insatisfeito, ele me acariciara, segundos após,

Me beijara de novo, mas não atendera ao telefonema,

Pelo contrário, o deixara tocar insistente aos meus ouvidos,

Essa questão de mulheres estranhas ligarem e não serem atendidas,

Acarretam muitos percalços, de ambos os lados: insatisfeitos,


Não é de se surpreender que eu tenha pego o celular e o destroçado,

De encontro a parede, mas isso em pensamento, na realidade apenas o beijei em silêncio,

Com certeza se recordaria de mim por muito tempo,

Quisesse me deixar não seria tão fácil, me vira nua e provara do meu corpo,

Se provar o gosto do meu beijo: vicia, eu o avisei sobre isso,

Também, recordo de ter dito que não era aconselhável para homens fracos...

 

quinta-feira, 25 de março de 2021

Com Um Afago

 



Voando, a tocar o infinito com os pés no chão,

Amando a cada instante e com mais emoção,

Foi assim que me senti ao provar seus lábios macios,

Foi assim que sussurrei eu te amo ao pé do ouvido,

Ainda com os lábios molhados por seus beijos,

Ainda sôfrega ante ao carinho incontido nos afagos,

 

Seus olhos escuros desanuviavam o céu azul e límpido,

Eram como se prometessem um futuro esplêndido,

De que outra forma seria, se estava com o amor em meus braços?

De que forma me bastaria, se o amava muito mais a cada segundo?

Para minha sorte, ele deveria saber qual seria o caminho,

Qual o jeito de conter e conseguir demonstrar tanto sentimento,

 

Eu não cabia em mim, mas não conseguia mostrar tudo,

Por mais esforço que colocasse em cada afago,

Em cada roçar dos meus dedos em seu rosto,

Em cada passar dos meus lábios em seu beijo sedento,

Em cada carinho com o qual envolvia o seu corpo,

Mesmo colocando toda a força que possuía em meu abraço,

 

Não demonstrava tudo que sentia, mesmo com todo o esforço,

Não que fosse forçoso me entregar ao vigor do seu desejo,

Mas eu sentia um amor imenso e queria que ele soubesse disso,

Queria que se sentisse amado como eu estava me sentindo,

O amor parecia berrar em meu peito, eu queria mostrar isso,

Eu havia imaginado tanta coisa, mas nunca fora desse jeito,

 

Eu havia planejado o amor em cada passo do meu caminho,

Mas nunca pensei que seria assim tão intenso, tão imenso,

Havia provado carinhos de inúmeras formas, não nego,

Mas sentir seus braços fortes em torno do meu corpo,

Parecia ser o ponto máximo para o que quer que fosse,

Mas ainda haviam nossas roupas a impedir-nos, que tentassem,

 

Nossas almas estavam nuas uma para a outra,

O amor que ressoava em meu peito tocava o dele da mesma forma,

Falava alto demais para que não fosse ouvido,

Soava alto demais para permitir-se estagnar ao silêncio,

Por que o alcancei antes do que havia panejado?

Isso deve ser aquele algo que chamam destino,

 

Mas o notei se desviar um pouco, virar a cabeça,

Fechei os olhos, não quis vê-lo desviar o olhar,

Será que iria perde-lo depois de todo o sentimento?

Será que caberia o fim para um amor que amara tanto?

Afrouxei o abraço, apertei os lábios, não iria chorar, não por isso,

O amor quando é amor, é o bastante mesmo quando dura um segundo,

 

Mesmo que todo o redor se recusasse a acreditar nisso,

Mesmo quando meus próprios lábios desejavam prova-lo, de novo,

Senti como se as mãos que haviam assegurado o meu corpo,

Agora me ferissem por trás, iria chorar, não haveria jeito,

Mas, então, suas mãos pararam sobre o meu rosto,

Tentei me esquivar, será que ele me faria abrir os olhos?

 

Encara-lo, apenas para o ouvir dizer tudo que não queria ouvir?

Ouvir da boca que beijei que agora cada um seguiria destino diferente,

Que mesmo eu o tendo amado, não bastava todo o meu sentir?

Todavia, notei que uma de suas mãos continuava a me enternecer,

Uma me segurava com força pelas costas, enquanto a outra me afagava,

Ele parecia estar se preparando para algo, logo ele falaria,

 

Daria fim as minhas expectativas, colocaria um vírgula

Ou acrescentaria um final aos meus sonhos de amor,

Parecia ter presumido todo o teor do que eu pensava,

Eu o havia entregado a minha alma no segundo anterior,

Agora, não adiantaria tentar voltar atrás e buscar negar,

Acho que cheguei a dizer que o amava em seu ouvido,

 

Não consegui resistir, o sentimento foi muito intenso,

Mesmo agora, quando tudo parecia ruir ao meu entorno,

Eu o amava como nunca amaria qualquer outro,

Mesmo que meus olhos nunca mais o vissem,

Mesmo que meu abraço nunca mais o sentissem,

Mesmo que condenasse a morte cada um dos meus beijos,

 

Mesmo que faltasse espaço de tanta dor em meu peito,

Mesmo que as palavras cambaleassem em pranto,

Não o esqueceria, nem um único momento, não haveria outro,

Apertei-o contra o meu peito queria que ouvisse o meu amor,

Queria que saísse daquela inercia e me dissesse algo,

Por Deus, aquele silêncio me sufocava eu queimava por dentro,

 

Somente a doçura dos seus beijos poderia aplacar a dor,

Aquela angustia que parecia percorrer a garganta

E silenciar minha voz, perturbar com dúvidas os meus atos,

Precisava sentir seu beijo, não tinha como negar: o amava,

Ele continuava a afagar meu rosto, agora beijava meus cabelos,

As dúvidas me soavam insensatas, quis despir-me delas,

 

Seu afagar me inflamava de tal forma que um afago,

Era capaz de causar uma explosão incontrolável em mim,

Todas as dúvidas do passado passavam por meu pensamento,

Parecia que eu não estava preparada para sentir assim,

Mesmo sabendo que haviam dúvidas, cravei as unhas no abraço,

Não sei ao certo se queria marca-lo, mas eu sentia tanto,

 

Acho que eu queria segurá-lo para mim, para sempre,

Como se minhas garras pudessem mantê-lo comigo,

Ele abaixou-se até beijar minha testa, depois minha face,

Chegaria aos lábios, então, eu poderia olhá-lo,

Assim que tivesse certeza de que não me deixaria,

Com o afago que percorreu meu rosto, ele chegou a minha boca...

Um Suspiro, Um Beijo e Um Eu Te Amo


Não precisa me beijar se não quiser,

Longe de mim te forçar a algo que não queira,

É certo que eu te amo como nunca a cada instante,

Sempre um pouco a mais do que segundos atrás,

Mas, querido me entenda: você não precisa

Me amar da exata forma como o ama a minha alma,

 

Como minhas carícias o amam, como minha boca o deseja,

Entenda que o aceito da forma que você é,

Perceba que não quero que seja diferente daquele por quem

Me apaixonei à primeira vista, o qual amo a cada dia mais,

É certo que cometemos erros, você errou e eu errei também,

Por que teria que te cobrar a perfeição a qual nunca tive?

 

Mas, não quero perde-lo depois do tanto que o amo,

Não quero que o nosso amor se perda por entre os erros,

Me fere de morte imaginar a boca que eu beijei com ardor,

Abrir-se em maldade contra o coração que te deseja tanto,

Não vamos nos permitir inventar motivos para nos distanciar,

Quando podemos, simplesmente, abrir os braços e nos abraçar,

 

Da mesma forma que antes, com o mesmo carinho em cada afago,

Daquele jeito apertado como uma promessa de eu te amo,

Pronunciada no silêncio de um abraço que nunca seria negado,

Como aquela jura que não dissemos em alta voz,

Embora nossos ouvidos a tenham compreendido entre os carinhos,

Naquele sussurro incompreensivo que falei ao seu ouvido,

 

Lembra que me respondera: eu também! Então, se tratava disso,

Uma promessa de amor eterno a qual nunca ninguém iria apagar,

Nem mesmo o tempo poderia rasgar da lembrança ou fazer esquecer,

Querido, eu lhe digo agora, com cada letra: eu te amo minha vida,

Deixe-me abraça-lo da mesma forma que antes apenas um instante?

Eu cheguei a cogitar ir embora, mas decidi te chamar para conversar,

 

Embora pareça que eu não tive a chance de dizer até agora,

Eu sei, me desculpa, houveram inúmeras chances, mas me esquivei,

Eu te amo, me ouça com atenção, não desejo nos ver separar,

Apesar dos erros, das incertezas, dos medos, eu te amei,

Te amo e amarei, mesmo que eu saia por aquela porta e não volte mais,

Mesmo que você saia e me deixe sozinha nesta casa, a chorar,

 

Mesmo que tudo mude, eu o amo, amarei e amaria ainda,

Eu falava depressa, como se não tivesse tempo o suficiente,

Ele sorria e afagava meus cabelos com um brilho no olhar,

Eu precisava encontrar as palavras, eu tentei planejar,

Mas na hora em que eu iria falar tudo falhava: até as palavras,

Querido, aperte mais o seu abraço e prometa não me soltar,

 

Com minhas duas mãos dobradas contra seu peito másculo,

Sinto o seu coração pulsar e então, parece que me vejo,

Querido, eu o amo como antes e como farei em cada segundo,

Você está segura comigo, ouço ele falar em tom baixo,

Parecia que as palavras também eram difíceis em sua voz,

A ideia de ser sua para sempre era irresistível a cada segundo,

 

Mas, naquele instante único foi ainda mais evidente,

Afrouxei o abraço, não tanto, apenas o bastante,

Para conseguir envolve-lo em meus braços com força,

Seu coração me respondeu mais uma vez, querida,

O ouvi me dizer, eu te amo, respondemos juntos,

No mesmo instante, com o mesmo sentimento na voz,

 

Eu te amo, repeti com veemência na voz sôfrega,

Lembrando sobre o quanto me senti vulnerável,

O quanto me doera a ideia de nos ver nos distanciar,

Ele erguera uma sobrancelha em tom irônico,

Parecia compreender que nunca nos separaríamos,

 

Parecia rir do meu tom amedrontado ante a ideia,

Um sorriso curvou seus lábios doces e ternos,

Você acha mesmo que eu a permitiria ir embora?

É certo que não, não depois de tudo que vivemos,

A certeza que embebia cada palavra da sua boca,

Me encheu ainda mais de segurança, nos beijamos,

 

Está mentindo sobre uma coisa importante,

Tentei escolher as palavras com cuidado,

Não podemos deixar que este silêncio nos contagie,

Nele pairam tantas coisas, ai de mim que sofri com isso,

Eu senti o seu sofrimento no riso que apagou em seu semblante,

Existem muitas oportunidades quando nos esquivamos,

 

Podemos desviar de tudo, menos um do outro,

Não enquanto nos amarmos tanto assim,

Não enquanto nosso abraço for nosso porto seguro,

Eu vi tanta dor mesmo quando você tentava rir,

Você não iria querer ver a dor que avistei em seus olhos,

A cada instante em que desviava o olhar de nós dois,

 

Em cada momento em que o silêncio se imperava,

Não dissemos tanto quanto sofremos com isso,

Não foram necessárias palavras para tentar camuflar,

Mas, também, não houveram tantas para conforto,

Fiquei escondida de mim da mesma forma,

Mas, agora só desejo que me ame querido, só isso,

 

Olhei ansiosa para os seus olhos eles choravam,

Apertei-o ainda mais de encontro ao meu corpo,

Eu te amo e juro que será para todo o sempre,

Eu também, me senti morto por não ter com quem me socorrer,

Querido, esqueça isso, agora estamos seguros um no outro,

Um suspiro, um beijo e um eu te amo pronunciados juntos.



 

terça-feira, 23 de março de 2021

A Foto Sua

 

Talvez, eu não precisasse ficar perto, mas eu queria isso,

Talvez, não me bastasse ouvir sua voz, mas a desejava,

Talvez, ao menos por um instante eu me permitisse apaga-lo,

Mas, embora eu deseje isso de todo o coração não consigo,

A cada parêntese nas frases em que tento dizer algo,

Você surge, de repente, como se nunca tivesse saído de perto,

 

As lembranças de tudo que vivemos ainda residem em mim,

Talvez, você ainda recorde como eu, de tudo que fomos um para o outro,

Mas consiga resistir as memórias, me dê a formula de como agir assim,

O vejo em cada detalhe, até mesmo no brilho do olhar apagado,

No instante em que tento passar meu rímel e o vejo molhado,

No momento em que tento traceja-lo com o lápis e não consigo,

 

Nem ao menos consigo disfarçar tudo que sinto, tudo que lembro,

Você consegue e nem parece fazer esforço, eu o procuro: não o encontro,

Quando me deparo com minha imagem no espelho, o vejo,

Você nunca saiu de mim, embora em você eu nem tenha entrado,

Olhei para o meu reflexo intrigada, eu ainda revivia cada segundo,

O que você acharia quando me visse realizar todos os nossos sonhos?

 

Você uma vez me disse, em voz suave e familiar, como se fosse durar para sempre,

Eu a amo, nunca esqueça o quanto! – então saiu, partiu para longe de nós,

Eu não encontro amor em seus atos, me desculpa amor, aquilo me soou em nulidade,

Mas eu me apeguei a frase bem-feita, acreditei em nós e ainda o amo em cada segundo,

Tenho medido o tempo com base em nossos beijos, sobrara pouco, logo o sol irá se pôr,

A noite à espera do sono, eu penso em nossos carinhos isso me manterá até o amanhecer,

 

Mesmo existindo uma boa distância entre nós, eu me recuso a esquecer,

Não sei quanto a você, mais eu ainda o recordo em cada segundo, da mesma forma que antes,

Sei que é insuficiente dizer que nunca o esqueci, mas ainda respiro você,

Sinto o seu cheiro por entre os percalços do meu caminho, o vejo em minha face,

Não sei se o tempo cruza pelas pessoas da mesma forma, mas eu mudei um pouco,

A boca que o beijava sôfrega, hoje tremula insegurança, mas isso se deve a idade,

 

As vezes, parece que o vejo por entre as pessoas quando passo pela rua,

Aquela rua, em que nos encontramos, a mesma do primeiro encontro,

Deve ser por isso, que gosto tanto de perambular por aí sozinha,

Todavia, antes eu também agia da mesma maneira, foi assim que o conheci,

Outro dia, roubaram minha bolsa, eu me ajoelhei em plena calçada,

Ela não tinha tanto valor, mas guardava nossa primeira foto,

 

Não aquela que tiramos juntos, a outra, a que você me presenteara,

Lembra daquele dia, quando mexi em sua carteira e a encontrei?

Me recordo que você não gostava dela, mas eu sim, então você me dera ela,

Eu só tinha aquela, não havia tirado cópia nenhuma, mas nunca mais tive notícias dela,

Talvez, a partir de agora eu passe com menos regularidade por aquela rua,

Espero que não se importe, eu nunca mais o vi por lá, mas nos recordava...

 

E como você sabe, isso sempre fora o bastante para mantê-lo comigo,

É certo que essa atitude de desviar o caminho não ocorrera de forma brusca,

Mas, não se assuste tanto, se as notícias que chegarem a você,

Contenham teor diferente do anterior, não pense que o esqueci nunca,

Você sabe, eu não seria capaz disso, nenhum pouco, o amo como antes,

As vezes, eu cumprimento algumas pessoas que estão ali naquele lugar,

 

Não, não se preocupe, nunca indaguei diretamente sobre você,

Eu não seria invasiva com relação a sua privacidade, mas tenho curiosidade:

Você está bem? Recordo que um dia esquecera sua jaqueta lá em casa,

Eu a guardei, ela possui seu cheiro ainda, não entendo como pode isso,

Seria ofensivo se eu perguntasse a alguém se a reconhecem? O que acha?

Bem, deve fazer algum tempo que nós perdemos o contato um com o outro,

 

Mas, eu possuo os seus beijos, os carinhos, a jaqueta, desculpa é que é tanta coisa,

Sinto como se você nunca tivesse se distanciado das nossas promessas,

A cada instante, como eu disse, eu recordo de um momento nosso,

O mantenho comigo, não cheguei ainda a sentir sua ausência,

Apenas as vezes, uma lágrima escorre por meu rosto inseguro,

Parece que ele teme algo, mas o tempo não entende dessa forma,

 

Sempre tem algo a lembrar sobre nós dois, ali onde aquela flor desabrocha,

Eu nos imaginei beijando de novo, apenas mais uma vez, não se importe,

Não significa que as lembranças sejam insuficientes, mas ela lembrava sua boca,

Talvez fosse a cor, o cheiro, ou a possibilidade de emergir de algum lugar,

Com relação as outras que vieram depois, eu não imaginei nada, mas aquela...

Me chamara a atenção, desejei colhe-la, a quis junto a mim sem saber porque,

 

Foi a primeira vez que inventei algo relacionado a nós, será a última,

Se este fato chegar ao seu conhecimento, não coloque em dúvida o que vivemos,

O amo, a cada segundo, com a mesma intensidade de outrora,

De uma forma profunda e única como nenhuma outra pessoa o fará,

Foi assim que me senti em seu abraço como iria tentar apagar o que houve?

Como rejeitar as memorias, coloca-las em tempo passado,

 

Acreditando que assim o deixaria distante, você permanece comigo em cada instante,

Não se sinta mal se ao passar por aqui, talvez chegue a lembrar de mim,

Como eu disse, não reviverei este caminho por todos os dias da minha vida,

Algum dia, terei que me direcionar para algum outro lugar, logo, logo farei isso,

Parece que ainda vejo o seu sorriso, tenho treinado mudar o caminho,

Não se preocupe, não serão permanentes em mim - os efeitos disso tudo,

 

Às vezes, quando cruzo por aqui sinto que sou invisível, ninguém me nota,

Pareço uma pedra que faz parte dessa calçada quente a tardinha,

Suave em noite fria, eu sei que você não tem conhecimento sobre o fato,

Ah, mas aquela foto sua, me faz falta, não a encontro em nenhum lugar,

Eu me recordo que você não gostava tanto dela, você recorda aquele dia?

Poxa, eu poderia esquecer o dia, não a foto, a foto nunca, talvez você a vira?

domingo, 21 de março de 2021

Um Sorriso

Um sorver de vinho para embeber os lábios,

Um sorriso falseado de quem diz menos do que deseja,

Um olhar de soslaio de quem pede algo em silêncio,

Uma frase por um suspirar melodioso entrecortada,

Um aproximar de rostos até que seus hálitos se toquem,

Um abrir de lábios seguros quanto ao que sentem,

 

Um afago a encurtar ainda mais a distância um do outro,

E o beijo aconteceu no canto da boca até tocá-la em cheio,

Ele lhe acariciou os cabelos de modo imperativo,

Ela devolveu a carícia com um acariciar no ouvido,

Sentindo a pele dele roçar na superfície do seu braço,

Era como se eles desejassem se apoderarem da alma um do outro,

 

Algum sentimento muito intenso dirigia seus gestos,

Era como se os seus destinos tivessem sido cruzados pelo acaso,

Como com qualquer outro casal, mas tivessem um motivo

Suficiente forte para mantê-los juntos, para uni-los naquele beijo,

Aquele beijo poderia ser igual a muitos outros, mas tinha algo,

Um quê em especial que o diferenciava e mexia por dentro,

 

Era difícil manter o foco em qualquer coisa que não fosse o beijo,

Aproveitar cada segundo, provar cada gosto, sentir o hálito

Acariciar o rosto, unindo suas respirações em um conjunto,

Em uma troca de sentimentos nunca confidenciados,

Aqueles que guarda-se em segredo em algum canto secreto

Dentro de nós mesmos, os que nunca ousamos confidenciar,

 

Até que em um acariciar de lábios, uma entrega de afagos,

Eles saem de dentro da gente e acariciam o rosto de outra pessoa,

Confidenciando os segredos mais íntimos no teor de um carinho,

Como uma espécie de promessa intensa e silenciosa,

Do tipo que é aceita entre as lacunas dos estalos do beijo,

No gosto que passa de uma boca para a outra, derretendo-a,

 

Enquanto a toca leva a ruína cada uma das suas defesas,

Como se a boca servisse como uma espécie de porta secreta,

Cuja entrada remete a direção da alma, desnudando-a,

Mesmo que as palavras se calem ante a urgência das carícias,

Mesmo que os olhares deixem de se cruzar por um momento,

Mantendo-se fechados, como se em um sonho,

 

Os segredos mais íntimos são revelados,

Por não desejarem ser sentenciados ao esquecimento,

Ao banimento de nunca terem direito a serem reconhecidos,

Era como se, se identificassem um nos sonhos do outro,

E eu podia notar através da reação das outras pessoas

Que elas também combinavam comigo no pensamento:

 

Aqueles dois formavam o tipo de casal que o destino

Nos reserva como um ideal a ser buscado em algum lugar,

Como um sonho que se sonha ao estar acordado,

Como uma promessa escrita nas estrelas de que as coisas se ajeitam,

Suas mãos se entrelaçavam, acreditei no amor deles,

Quem haveria de duvidar ante a urgência daquele beijo ávido?

 

A busca pela boca um do outro os fazia desejar algo mais,

A urgência com que se tocavam remetia a uma profundidade,

As mãos entrelaçadas pareciam falar mais que qualquer outra coisa,

Se seguravam uma a outra de um jeito intenso e forte,

Não parecia ser necessário que eles experimentassem tanto,

As promessas que trocavam em silêncio pareciam mexer com incertezas,

 

E eles buscavam responde-las sem se importarem com mais nada,

Eu não havia esquecido que algum dia o amor me esperaria,

É certo que não, mas diante deles essa ideia me era tão vaga,

Quanto o fato de eu ter estacionado o carro ou não na vaga certa,

Então, aquilo devia ser apenas um teste para aguçar minhas lembranças,

Algo que me fizesse desejar rememorar o passado, talvez acreditar,

 

Nem perdi meu tempo olhando a lista de contatos que possuía,

Conhecia todas as pessoas contidas na lista daquele celular,

Nenhuma delas havia me despertado interesse em algo profundo,

O trabalho havia se tornado uma rotina satisfatória, e eles vinham me negar o fato,

Um beijo que quebra com nossas expectativas deveria ser proibido,

Ao menos de ser visto a luz do dia, em plena calçada a me desviar do caminho,

 

Pensar em me entregar ao amor de novo, me embebia a boca em sonhos,

Da mesma forma em que eles brindavam ao sabor do vinho,

De maneira que me fazia vislumbrar um futuro diferente do anterior,

Um sonho projetado no abraço de um alguém, em um beijo apaixonado,

Estamos juntos? Vi a garota indagar ao rapaz de modo repentino,

Todos pareciam ficar estagnados à espera da resposta do garoto,

 

Ele não disse nada, com a carícia em que afagava o seu cabelo,

A trouxe para perto e a beijou novamente no mesmo silêncio,

Senti meus sonhos bambearem em passos firmes pelo meu caminho,

Olhei para trás, procurei por meu carro e ele estava bem colocado,

Quis esperar um pouco, pensar em algo que me desanuviasse o pensamento,

Mas havia caído em uma lacuna e as coisas não se organizavam direito,

 

Eles se moviam um de encontro ao outro, buscando-se sôfregos,

Embora soubesse que estava desperdiçando um tempo necessário,

Desejei fazer torcida por aquele amor que se desenvolvia,

Eu teria um encontro de trabalho em poucas horas,

 

Precisava me desviar de tudo que me afastasse do objetivo,

Mas olhei para ambos, e mesmo que não me vissem, lhes dei um sorriso,

Eu ainda tinha um sonho em que me agarrar, agora com mais força,

Mas havia tempo para um desejo as estrelas apagadas: um amor a toda prova.


 

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...