quinta-feira, 25 de março de 2021

Com Um Afago

 



Voando, a tocar o infinito com os pés no chão,

Amando a cada instante e com mais emoção,

Foi assim que me senti ao provar seus lábios macios,

Foi assim que sussurrei eu te amo ao pé do ouvido,

Ainda com os lábios molhados por seus beijos,

Ainda sôfrega ante ao carinho incontido nos afagos,

 

Seus olhos escuros desanuviavam o céu azul e límpido,

Eram como se prometessem um futuro esplêndido,

De que outra forma seria, se estava com o amor em meus braços?

De que forma me bastaria, se o amava muito mais a cada segundo?

Para minha sorte, ele deveria saber qual seria o caminho,

Qual o jeito de conter e conseguir demonstrar tanto sentimento,

 

Eu não cabia em mim, mas não conseguia mostrar tudo,

Por mais esforço que colocasse em cada afago,

Em cada roçar dos meus dedos em seu rosto,

Em cada passar dos meus lábios em seu beijo sedento,

Em cada carinho com o qual envolvia o seu corpo,

Mesmo colocando toda a força que possuía em meu abraço,

 

Não demonstrava tudo que sentia, mesmo com todo o esforço,

Não que fosse forçoso me entregar ao vigor do seu desejo,

Mas eu sentia um amor imenso e queria que ele soubesse disso,

Queria que se sentisse amado como eu estava me sentindo,

O amor parecia berrar em meu peito, eu queria mostrar isso,

Eu havia imaginado tanta coisa, mas nunca fora desse jeito,

 

Eu havia planejado o amor em cada passo do meu caminho,

Mas nunca pensei que seria assim tão intenso, tão imenso,

Havia provado carinhos de inúmeras formas, não nego,

Mas sentir seus braços fortes em torno do meu corpo,

Parecia ser o ponto máximo para o que quer que fosse,

Mas ainda haviam nossas roupas a impedir-nos, que tentassem,

 

Nossas almas estavam nuas uma para a outra,

O amor que ressoava em meu peito tocava o dele da mesma forma,

Falava alto demais para que não fosse ouvido,

Soava alto demais para permitir-se estagnar ao silêncio,

Por que o alcancei antes do que havia panejado?

Isso deve ser aquele algo que chamam destino,

 

Mas o notei se desviar um pouco, virar a cabeça,

Fechei os olhos, não quis vê-lo desviar o olhar,

Será que iria perde-lo depois de todo o sentimento?

Será que caberia o fim para um amor que amara tanto?

Afrouxei o abraço, apertei os lábios, não iria chorar, não por isso,

O amor quando é amor, é o bastante mesmo quando dura um segundo,

 

Mesmo que todo o redor se recusasse a acreditar nisso,

Mesmo quando meus próprios lábios desejavam prova-lo, de novo,

Senti como se as mãos que haviam assegurado o meu corpo,

Agora me ferissem por trás, iria chorar, não haveria jeito,

Mas, então, suas mãos pararam sobre o meu rosto,

Tentei me esquivar, será que ele me faria abrir os olhos?

 

Encara-lo, apenas para o ouvir dizer tudo que não queria ouvir?

Ouvir da boca que beijei que agora cada um seguiria destino diferente,

Que mesmo eu o tendo amado, não bastava todo o meu sentir?

Todavia, notei que uma de suas mãos continuava a me enternecer,

Uma me segurava com força pelas costas, enquanto a outra me afagava,

Ele parecia estar se preparando para algo, logo ele falaria,

 

Daria fim as minhas expectativas, colocaria um vírgula

Ou acrescentaria um final aos meus sonhos de amor,

Parecia ter presumido todo o teor do que eu pensava,

Eu o havia entregado a minha alma no segundo anterior,

Agora, não adiantaria tentar voltar atrás e buscar negar,

Acho que cheguei a dizer que o amava em seu ouvido,

 

Não consegui resistir, o sentimento foi muito intenso,

Mesmo agora, quando tudo parecia ruir ao meu entorno,

Eu o amava como nunca amaria qualquer outro,

Mesmo que meus olhos nunca mais o vissem,

Mesmo que meu abraço nunca mais o sentissem,

Mesmo que condenasse a morte cada um dos meus beijos,

 

Mesmo que faltasse espaço de tanta dor em meu peito,

Mesmo que as palavras cambaleassem em pranto,

Não o esqueceria, nem um único momento, não haveria outro,

Apertei-o contra o meu peito queria que ouvisse o meu amor,

Queria que saísse daquela inercia e me dissesse algo,

Por Deus, aquele silêncio me sufocava eu queimava por dentro,

 

Somente a doçura dos seus beijos poderia aplacar a dor,

Aquela angustia que parecia percorrer a garganta

E silenciar minha voz, perturbar com dúvidas os meus atos,

Precisava sentir seu beijo, não tinha como negar: o amava,

Ele continuava a afagar meu rosto, agora beijava meus cabelos,

As dúvidas me soavam insensatas, quis despir-me delas,

 

Seu afagar me inflamava de tal forma que um afago,

Era capaz de causar uma explosão incontrolável em mim,

Todas as dúvidas do passado passavam por meu pensamento,

Parecia que eu não estava preparada para sentir assim,

Mesmo sabendo que haviam dúvidas, cravei as unhas no abraço,

Não sei ao certo se queria marca-lo, mas eu sentia tanto,

 

Acho que eu queria segurá-lo para mim, para sempre,

Como se minhas garras pudessem mantê-lo comigo,

Ele abaixou-se até beijar minha testa, depois minha face,

Chegaria aos lábios, então, eu poderia olhá-lo,

Assim que tivesse certeza de que não me deixaria,

Com o afago que percorreu meu rosto, ele chegou a minha boca...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Plantação de Pêra e Maracujá

Os pais de Pitelmario Fizeram uma linda plantação, Araram o campo, Jogaram adubo, Molharam a terra, Então, plantaram pêras...