Quanto se foca no gosto do beijo, se desfruta as vantagens a
ele associadas,
Não se esquece facilmente as juras prometidas em noite
enluarada,
Quando contar estrelas deixa de ter primazia diante de
provar sua boca,
Quando falar de sonhos se torna desnecessário diante de tudo
que se ganha,
No outro dia, a espera pela ligação que parece se demorar em
demasia,
É desalentadora, ah, mas o sabor do beijo a acariciar a
boca, acalenta,
O dedo que se sobrepõe a boca sem que se note o gesto
saudoso,
Traz um pouco de conforto as horas incertas que transcorrem
no relógio,
Quando se volta a atenção as lembranças da noite vivenciada
com ardor,
Percebe-se o quanto valera a pena cada segundo entre beijos
e abraços,
O quadro de igualdade fica díspar, se dentro dela tudo
recorda,
Por que motivo ele estaria a aguardar, sem ligar, mandar
flores nem nada?
Apenas uma notícia sua ela esperava com a ansiedade de quem
recorda,
Não uma promessa de eu te amo, um pedido de novo encontro,
Apenas um gesto que a faça ver o quanto cada hora fora
saborosa,
Depois de se passar muito tempo recordando querer rever é
comum,
É preciso mais atenção ao fato de se desejar uma pessoa com
certo interesse,
Quando se volta a atenção as lembranças revividas em cada
instante,
A vontade de provar novamente os seus lábios vem à tona com vontade,
É difícil resistir ao desejo de se ter quem se acredita
gostar de verdade,
Poderia existir os dois lados do beijo, aquele que quer
repetir outra vez,
E aquele que gostara enquanto durara mas para o qual não há
mais interesse?
Era essa a causídica ou ele havia esquecido de anotar o seu
número,
Por outro lado, haviam tantos meios de se procurar alguém
que se queira,
Ela recordara de ter lhe falado o seu endereço, ele
verificara a placa do carro,
Poderia procura-la caso quisesse vê-la de novo, índices de desinteresse
eram refutados,
Atitudes de indiferença eram refutadas com toda a entonação necessária,
Tinham o costume de lançar em descredito o potencial da
pessoa,
Ela não era infantil a ponto de tolerar uma reprimenda
dessas,
Se para ele valera a pena da mesma forma que para ela, ele
teria que esforçar-se,
Do contrário, não ligar era mesmo a melhor atitude, não
haveriam lembranças ilesas,
Diante de sua distância o esqueceria, não haviam motivos
para prendê-la,
O sabor dos seus lábios era visto como privação de suas
necessidades básicas,
Sua boca tremulava, desejava novo encontro, recordava de
cada afagar sobre ela,
Um contraste interessante diante de tudo que procurava
acreditar,
Para colocar-se distante de tudo que havia vivido e do
telefone que não tocava,
Começava a recuar atordoada, não tão depressa a ponto de
ficar insegura,
Mas o suficiente para camuflar as memórias, tentar apagar a
noite vivida,
Apenas por que procurava por ele, e ele não estava, esperava
e ele não ligava,
O que mais faria? Chegou a temida conclusão mais fácil do
que pensava,
Porque provavelmente já havia se deparado com a verdade a
horas atrás,
Um golpe forte a atingira no peito fazendo voltar-se para a
noite de outrora,
A jogara contra o sofá, fazendo-a abraçar a si mesma em
lágrimas,
Agora uma lembrança se colocava contra ela, mas, também, a
confortava,
Não, não conseguia acreditar, se vira balbuciar entre lágrimas
sôfregas,
O que queria dizer era, por favor, lembre-se de nós depressa
e sem cautela,
A lembrança hesitara, intrigada com um fato ignorado na
noite passada,
Ela não reagira, embora seus instintos gritassem que estava
certa,
Queria arranhar seu descuido, refazer cada passo a partir do
encontro casual,
A parte mais equilibrada dentro dela, sabia que não
adiantaria em nada,
Não tinha a menor chance, estava tudo terminado para ela,
O amor profundo e singelo de uma noite não resistira a luz
do dia,
Cabe notar que a questão continha um problema comum, ainda,
Considerando ter perdido o contato com quem se apaixonara,
Persistia com sua mania descuidada de seguir com atitudes
evasivas,
Uma característica sua que requeria atenção imediata,
Todavia, tendo sido alvo de atenção não fora a bastante
apropriada,
Esse era um aspecto crucial com relação a ausência do
telefonema,
Embora com insistência se manifeste através de outras problemáticas,
Porém, através da angustia vivenciada pela dor de ser “ignorada”,
Talvez, ela aprendesse com a questão e passasse a evita-la,
Sua atitude “mesquinha” refletia uma proteção desmedida,
Mas, com a qual ela havia se acostumado sem se identificar,
Já era atitude costumeira de sua parte o que acontecera com
ela,
Mas, nunca a magoara desta forma, nunca havia mexido com
ela,
Depois de uma noite de beijos tórridos, não se quer pensar
no amanhã,
Quem pensaria quando tudo que se quer é beijar e mais nada?
Ela sentia-se completa em seus braços, sentia-se desejada,
Via-se segura em cada um dos seus afagos, não pensara em
nada,
Desejar superar a desatenção masculina era normal em sua
rotina,
Não se permitir ser rebaixada a objeto era sua pretensão
máxima,
Nunca pensara se apaixonar em uma noite qualquer, nem mesmo
lembrar
No outro dia ou qualquer outro, lembranças iriam e vinham,
por que ficariam?
Ela acreditava em sua resistência quanto a se apaixonar,
Dado o tratamento simétrico ela sobrevivera sagaz a cada
boca,
Mas, àquela fora diferente das outras, não entendia o porquê,
mas fora,
Com efeito, os beijos da noite fatídica ficaram presos a
ela,
Como se a quisessem busca-la de volta, recusando-se a
soltá-la,
Esse tipo de beijo que fica impregnado na alma tem taxa de sobrevivência
elevada,
Embora ela não tivesse conhecimento quanto a existência
dele, agora o reconhecia,
Existem também outras causas que a levavam a recordar, com
certeza,
Mas quanto ao gosto de permanecia na boca, parecia dizer
alguma coisa,
Restava ainda alguma influência de seu sabor sobre a sua
boca,
Nada que ela não pudesse resistir, tentava acreditar nisso
com força,
Mas parecia claro que, mesmo que excluísse todas as
lembranças,
Mesmo que partisse para outra noite em busca de novas bocas,
Não conseguiria superar este beijo com facilidade, algo
mudara,
Os números antes sem sentido, tinham menos ainda agora,
Porém, o fato de ela usar nome falso, mentir sobre quem era,
Não a ajudava em nada a encontrar aquela boca a qual
perdera,
Tempo perdido o tempo em que esperara pelo telefonema,
O beijo estava perdido, talvez lhe restassem outras bocas,
Todavia, tinha certeza, nenhuma outra seria como aquela,
Sua vontade de busca-lo era grande, mas por onde começaria?
Se via nas estrelas com as lembranças intensas e saborosas,
Agora estava jogada ao chão, perdia sua chance sem poder fazer nada.
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