Quando, por volta da meia noite,
Às 17 horas antes da primeira cidade,
Na saída do estado estrangeiro,
A rua se apresentava quase deserta,
Encontravam-se alguns rostos bonitos,
Porém, nada que descortinasse a alma,
É de dar medo,
A certeza que a distância traz,
Mas, aquele homem que a pouco
Fora deixado para traz,
Não seria esquecido, nem um pouco,
Nem ao menos no menor segundo que fosse,
Quanto mais os rostos se misturavam,
Mais a certeza lhe tomava a face,
Por fim, já não sabia o quão bonita era,
Isso havia deixado de ser importante,
Lá atrás, com ele;
Os rostos bonitos pelas ruas,
Já não pareciam homens,
O quão engraçado se apresenta o amor?
Quando nos dá certezas ao nos colocar distantes;
Parece que no coração se formam,
Paulatinamente, um rosto e com ele momentos,
E as horas a pouco vividas,
Se tornam maiores do que foram,
As poucas horas são recordadas por dias a fora,
E não se acabam as lembranças,
Os rostos fora das janelas estão indistintos,
Apenas a rua ganha foco,
A janela é fechada em gesto vago,
Um suspiro escapa pelos lábios,
Uma música é ouvida com mais atenção,
Procura-se um passageiro ao lado,
Um sobressalto vem ao coração,
Procura-se o sinto de segurança,
Verifica-se a trava,
Analisa-se o pisca, o alerta, as luzes do carro,
Tudo parece estar certo,
Os pneus rodam conforme comando,
Tudo segue-se o mais normal possível,
Porém, por dentro algo mudou,
E esta mudança é profunda,
Nada é como antes,
Talvez, não voltasse mais a ser,
A escuridão torna-se densa,
É como se não houvesse alma alguma nela,
Nenhuma voz acolhedora,
Ou ao menos reconhecível,
Tudo cai-se ao indistinto,
Apenas momentaneamente, vem um sorriso,
Uma lágrima molha o olhar,
E permanece nele, lá dentro,
Os minutos agora arrastam-se,
As horas se apresentam monstruosas,
Quanto mais se afasta mais sente,
A velocidade está palpável sob seus pés,
A marcha está fixa,
Não há estrelas ou lua,
Apenas uma estrada a frente,
É que agora, um homem se despede dela,
Agora, neste exato instante?
Não, há exatas cinco horas atrás,
O que é preciso para fazer a distância desaparecer?
De que são feitas a lua ou as estrelas?
E os lábios dele?
O sorriso com o qual emoldura a boca?
De amor, carinhos vagos e procura?
Talvez, no amanhã ele a procure...
Escuridão, estrada e música para companhia,
Borboletas eventualmente surgem,
Procuram pelas luzes e se perdem,
O carro ilumina um ponto a frente,
Não mais que isso,
Um ponto, será que é o bastante?