Pensou que era preferível a espada,
Ao invés de tocar a sua mão,
Ao menos a espada saberia como usar,
Mas, a cada toque acelerava a paixão,
O que fazer em seguida?
Confessar o amor que já sabia que sentia!
Neste instante ele baixaria a espada,
E a repousaria com a ponta no solo,
Manteria ainda ao seu poder,
Queria neste momento,
Poder apenas rasgar seus próprios lábios,
E deles extrair as palavras exatas,
Riscou o chão com ela,
Um corte pequeno, vago e fundo,
Não quis por um segundo sequer
Se afundar dentro dele,
Embora o ambiente pudesse ser outro,
Estremeceu e desejou que o fosse,
Quis fechar os olhos e piscar,
Sentiu medo de que ela desaparecesse
E que perdesse de vez o que diria,
Então, sentia a própria boca tremular,
Segurou fundo a espada ao final do risco,
Apertou suave o bastante,
Mas parecia nunca ser o suave da moça,
A mão calejada pelo heroico modo de ser,
Insegura por ter a sua frente seu alvo,
Era mais que o vigor e sentimentalismo de uma batalha,
Havia algo mais importante que o vencer,
Era ter ela ao seu lado,
Saber como tocá-la... o que dizer;
Olhou-a nos olhos,
Quisera apregoar o medo a leilão,
E lá por cada palavra que diria,
Talvez ela fosse em busca da agitação,
E lá escolheria qual palavra seria exata,
Ele nem a permitiria pagar,
Bastava o arremate,
Vendidas a moça mais importante de sua vida,
Entregues as mãos que tanto queria,
Repousadas aos ouvidos como o beijo que guardava,
Suaves a convencê-la como sempre quis,
Trouxe a espada para a perna esquerda- pendida.
Deixou-a ali por um instante,
Depois a recolocou no lugar de antes,
E remexeu-a para frente e para trás,
Seria que havia alguém cuidando eles?
Será que sabiam o que acontecia?
Odiava ser objeto de falatórios,
E ela nunca mereceria tal desfecho,
Sentia suas veias sangrar,
Pela primeira vez sentiu o sangue correr nas veias,
A cada batida do pulsar dela,
Ele parecia contar quantos segundos de vida
Ela havia vivido,
E participar deles como se sempre estivesse lá,
Tivesse sido ferido,
Não prestaria mais atenção nisso,
Mas era diferente, sentia-se curado.
Hoje, o sol daquele dia brilha lá fora,
Faz 15 anos,
E em todos estes ele nunca fez a pergunta:
- Droga, o que eu fiz da minha vida?