domingo, 18 de setembro de 2022

...Lembranças

 


Pensou no sabor daquele beijo

E aquele heroico modo em que o conquistou,

No tempo em que levou para consumi-lo,

Saborear cada gesto e gosto seu,


No tempo em que estava sozinho

Não parecia que as coisas se desenrolassem assim,

Não. Não teria como estar apaixonado,

Mas, preferiria, agora, estar em Berlim.


O ar, de apenas 100 metros de distância

Ali, dentro daquelas grossas paredes de gesso,

Imploravam para estar noutro lugar,

Mas, ele não faria o esforço,


Ergueu o copo, sorveu o líquido,

Esticara-se mais na poltrona – imóvel.

Explodira uma guerra na praça de São Pedro,

Mas, dentro dele aquilo tudo não fazia diferença,


Uma cálida expectativa, porém, descria,

E assim percorria por seu corpo,

Poderia jurar que implorava pelo beijo dela,

Embora, talvez, guarde a expectativa apenas para lembrança,


O mundo lá fora não estava nada sereno,

Mas, ali dentro fazia apenas o frio;

Era a tradição ligar mais tarde,

Porém, ele não fazia parte disso,


Não queria que a boa percepção se apagasse,

Que a imagem criada na primeira vez se dissolvesse,

Feito lamparinas cheias de óleo,

Daquelas que prometem queimar para sempre,


O beijo que houve entre eles, não seria apagado,

Ao menos não até a meia-noite,

Porém, depois que fechasse os olhos,

Bem, neste instante, não haveriam garantias.


Sorvia o líquido como se a entornar beijos,

Como se tivesse provado a boca dela mais de uma vez,

Como se a tivesse tocado por uma vida,

Um beijo bem dado é o bastante!


A mistura entre bebida e lembranças

Produz um gosto de, gostaria de vê-la...

Velas, lamparinas e beijos,

A sensação da bebida na boca era boa,


Gotas de sonhos o invadiam através do líquido,

Pensar nela ajudava, mas apenas um pouco,

Trazia-a em suas veias,

O beijo, embora único, foi mais que isso.


Que havia encarnecido antes do tempo

Por meio do tempo e de, um pouco de descrença,

Poderia admitir agora,

Que vivera nela de modo afivelado,


Sim, fez tudo que pode para mantê-la,

Seus cabelos caíam sobre o peito dele,

Deixaram ali um cheiro que não seria esquecido,

Podia ainda cheirar sua pele,


E nela estava um pouco dela...

O perfume assombreado pelos dias,

Parecia querer penetrar mais fundo,

Quem sabe, desejasse fazer morada,


Montar barraca, definir um campo,

Tomar partido de uma parte sua;

Após os vinte anos beijos não são como antes,

Ao menos pelo que pudesse recordar,


Após lábios deixarem sua face roseada,

Tudo muda de perspectiva.

Um rosto sorridente e simples,

Tão singelo que não se esquece facilmente,


Puro e com ar de criança,

Porém, com a atitude e simpatia únicas,

Admirável feito o ar que agora vem da França...


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