sábado, 29 de junho de 2024

Te amo

Chão frio,

A gelar os calcanhares

E bumbum,

Bum-bum-bum.

Coração aos saltos

E frio...

Muito frio.


Pernas enlaçadas,

Cruzadas feito um xis,

Mãos desalentadas,

Rosto cabisbaixo,

Olhar triste e arredio.

“Não pode haver”.

Ter outro,

Me ver.

Sonhar alto.


Me falta suas manias,

A forma de respirar em meu pescoço,

Se encaixar no meu peito,

Tocar meus seios,

Respirar meus cabelos,

O jeito como você se encaixa perfeito.


Me vê arredia e chega,

Põe suas pernas em meio as minhas,

Estende-as de forma tão simples,

Me puxa

E tem.

Mais nada.

Solta em seu colo.


Sobre seus pés,

Me vejo a olha-lo,

Tocar seu rosto,

Sentir o brilho dos seus olhos.

Chegar aos seus lábios,

Aquecer meus dedos,

Sentir sua língua,

Beijar seu hálito.

Desgraça minha.

Salvação desta que sonha.

Sua.

Ser sua.

Felicidade.


Percorrer suas pernas,

Chegar aos joelhos,

Lá no alto agora,

De peito na sua cara,

Seios redondinhos,

Pequenos, empinadinhos,

Seus lábios seguros, entre abertos,

Estar acima nunca foi melhor,

Levar minha mão até sua nuca,

Sentir,

Lavrar seus cabelos,

Sentir cada fio,

Me deliciar em seu cheiro,

Querer e querer muito,

Puxar seu rosto entre meus seios,

Elevar a respiração,

Sentir seu calor,

E o sabor de cruzar sua orelha,

O macio, o seguro,

Os lugares por onde ficar,

Repousar um beijo em sua cabeça,

Deixar uma lágrima de lado,

Lhe achegar, tocar e cair,

Percorrer seus cabelos,

Chegar em seu rosto,

Quase beija-lo.

Sedenta.

Tão sedenta quanto cada forma minha.

Urgência e necessidade impera.


Vê-lo.

Cabelos entre meus dedos.

Olhos espertos e queridos.

Tão próximo.

Já nem discuto.

Só prometo.


Cruzar seus joelhos,

Jogar meus pés atrás de suas costas,

Esfregar minhas unhas,

Arranhar sua costura,

Tocar suas feridas,

Apertar,

Elevar um pouco mais,

Sentir cada osso,

Subir sua espinha,

Te ver de frente,

Perto,

Esperto,

Sério 

E quente.


Sei que lágrimas escorrem já,

Eu não as percebo,

Esqueço minha existência,

Me vejo completa,

Segura,

Íntegra,

Sua.

Puxo você,

Te asseguro em meus pequenos seios,

Enrijecidos e empinados

A desejar sua boca.

Como começamos eu nem mais sei,

Mas como chegaste em mim,

Lembro.

Desejo.

Espero,

Busco.

Namoro com fantasias.


Me vejo escorregar por suas coxas.

Até cair,

Cair e cair sem parar,

E bum bum-bum-bum-bum,

Encaixe maestro,

Trabalho com meu coração,

Colada a você,

Não posso descer mais rápido,

Cair tão perto do chão,

E estar tão segura,

Não me ferir ou machucar,

O frio tão próximo e duro,

Não é capaz de fazer mal,

Será trabalhoso gritar é amor?

É tão pouco para dizer,

Amedrontador se você não estiver.


Sinto cada músculo se contorcer,

E encaixar-se,

Braços fortes enlaçados,

Camiseta sendo retirada,

Zíper aberto,

Amor exposto.

E o beijo acontece,

Nunca mais esperado,

Lábios entreabertos,

Trêmulos e fechados,

A esperar,

A buscar,

A vir ao meu encontro,

Dentes roçando-se,

Músculos se reconhecendo.


Sem mais confusões,

Quase sem buscar explicações,

Testas recostam-se uma na outra.

Se firmam e afirmam-se,

Pensamentos unidos.

Corações que pulsam juntos.


Olhos se encontram,

Pertos, negros e profundos,

Cílios se encostam,

Entrecruzam,

Seguram.

Minhas pernas se enlaçam

E prendem.

Meus braços buscam.

Ser humana é o que quero ser,

Com minhas mãos eu te buscarei.

Com minha voz jurarei.

Desejo você,

Quero você,

Preciso de você,

Este seu coração me vê?

Só penso em você,

E esta noite que passa lenta,

Nunca existiu mais feliz que agora,

Testemunha de nós,

Passa sorrindo de alegria,

Busca a lua,

Brinca por entre as estrelas…


Lábios tocam-se pele a pele,

Um roçar de língua,

Feito brisa ligeira,

Uma dor aguda,

Um quase medo de perder,

Apago solenemente.


Com meus lábios sobre os seus,

Tento apagar as palavras,

Fazer sua mente esquecer,

Esquecer o me deixar,

Querido, entenda,

Nunca...


Esquecer o se afastar,

Não.

Querido,

Não sou capaz...


Não o seja.

Lhe preciso.

Não me deixa.

Seja de tudo capaz,

Mas, por favor,

Nunca possa se afastar.


Um puxão.

Uma mão sobre o seio,

Lábios urgentes,

Paixão escorre quente,

De boca a boca,

Sedenta.

Dentro da gente,

Não haverá outra, amor.

Não terei outro.

Amo você.

Esqueça todo o restante.

As pernas dele se retesam,

Elevam-se e me prendem,

E eu tenho a certeza de que estou bem.

E bum-bum-bum-bum.

O coração bate dentro da gente.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Sem Escondidas

A menina fala em voz alta,
Usa calças,
Já sabe trabalhar,
No entanto, uma criança.
Não serei usada,
Não pretendo sofrer,
Não sei chorar,
Muito menos me arrepender.

Dona de si mesma.
Não.
Não era dona nem do que vestia.
O pai da um puxão.
Remove a calça.
Único impulso.
Único gesto.
Feito!

Puxa a criança com o braço.
Leva uma mão entre suas pernas.
Mão fechada.
Tenta engalfar os dedos,
Inútil ou útil.
Único movimento 
E dedos molhados ficam a mostra.
Sangue.
Sangue ingênuo e inocente.

Ela não era dona de si mesma.
Não era tão capaz quanto pensava.
Não sabia ser tão forte,
Não a ponto de se esconder.
Solta e livre.
Mas sangue não volta.
Nem hímem.
Escorreu por suas pernas,
Nunca seria de um homem.
Nem pertencia a ela.

Hoje muda as roupas,
Mede os gestos,
Cuida as palavras.
Acredita ser dona de si mesma.
Vê no pai outros homens,
Não vê neles novo pai.
Era hora de você menstruar,
Dizem.
Foi veneno que fizeram,
Era sangue coagulado,
Você precisava por para fora…

Ela pensa ao se mover livre
Por entre homens grandes e fortes,
Que não custam muitos movimentos 
Um rompimento de roupa,
Que não dói a eles
Demais um afastar de pernas,
Um introdução não desejada,
Uma crença de adulta desfeita…

É difícil fazer uma escolha,
Compreender a amplitude,
Defender quem não estava presente,
Ser suficiente após a origem de uma ideia.
Uma crença,
Uma razão,
Um desfecho,
Um despacho de esquina.

Hoje,
Roupa desfeita,
Cabelo em desalinho,
E desconfiança entre os olhos,
Ela sente -se mais segura para falar,
Beija de maneira moderada,
Prefere conhecer de forma íntima,
Busca profundidade para confiar,
Esconde o zíper da calça,
Põe o botão por baixo da camisa,
Usa os braços para disfarçar 
Silhueta e movimentos,
Não é que não quer ser vista,
Prefere ser cortejada, amada, buscada.

Ela não é garota que se esconde,
Não aprendeu sobre isso,
Ela é aquela que sofre,
Por conta disso,
Você hoje sabe sobre isso
E tem a oportunidade de se defender,
Oportunidade que ela não teve,
Não quer e não ousa tirar de você.
“Sangra e fere e faz doer”.
Se é por curiosidade,
Satisfeito.
Esta frase encurta muitas frases.
Muitos olhares perdidos
E buscas por caras legais,
Mas que no fundo
Não são homens.
"Busco o máximo!"
Não se satisfaz com os sem caráter,
Aqueles pouco satisfeitos,
Acha-os muito duvidosos,
Gosta daquele que preenche!
Aqueles que estão em menor número,
Mas que entendem,
Ouvem, e protegem um pouco.

"Meu pai me estuprou,
Não foi culpa dele,
Foi do meu tio que segurou".
"Relato!"
-Ha, o Renato?
Gritou o estranho.
"Não, re-la-to!".
-Quem?
"Ah, você não conhece!"
-Ta certo!
Ele tira os olhos 
Do papel em branco
E olha para ela,
Olha direto e fixo.
Depois, desvia.

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...