sábado, 20 de abril de 2024

Sinto Muito

Então,
Lhe digo mais uma vez:
“Sinto muito”,
Sinto muito te ouvir pouco,
Aguentar tanto desgosto,
E fazer-me de calado.

Sinto muito,
Ter lhe falado pouco,
Não entender tudo que diz,
Não lhe fazer feliz
A toda hora.

Sinto muito
Se junto a jaqueta
E vou-me embora,
Não ficar me é vazio,
Suas questões exigem esforço,
Cada lembrança
Me ganha com desconfiança 
E tristeza extraordinária.

Sinto muito.
Parece haver um código de abertura,
Este laço que é aberto
Desamarra coisas demais,
Me sinto pouco preparado,
Queria poder ignorar,
Escolher a hora para tomar conhecimento,
Mas eu consigo...
Me fale.!

Sinto muito.
Estou aqui tão homem
Quanto um pouco amarado,
Mas posso dar novo desenlace,
Recuperar os erros,
Contagiado por ódio pestilento,
Seu sofrimento me causa tormento.

Sinto muito.
Sinto por nosso desalento,
Sinto por todo meu sentimento.
Surte pouco efeito,
Blasfemo a toda voz,
Eles parecem ignorar suas culpas
E esquecer seus pontos de apoio.
Eu mais os reconheço.

Sinto muito.
Sinto por cada dor,
Por seus olhos chorosos,
Abandono de propriedade,
De seu culto ao corpo,
Ser mais como uma escultura
De aço e pólvora,
Prestes a explodir
E levar tudo consigo mesma.

Sinto muito.
Teu estilo mulher arma,
Me guia a blasfemar muito,
Xingo tudo que já existiu,
Até por te-la visto carregar uma arma,
Municiar ou tentar entende-la.
Caem pessoas as pencas
A cada lembrança dolorida sua,
Você não se cansa,
Nem pergunta por quê sinto muito.
Mas eu lhe falo.

Sinto muito.
E minha mente está cheia de ideias,
Ideias que foram jogadas ali dentro.
Tento educa-las,
Parece mais fácil com ideias novas,
Há algumas tão antigas
Que possuem vida própria.

Sinto muito
Se sou curto para te responder,
Sinto muito se acredito 
E odeio cada patife
Que lhe ofereceu apoio
Apenas para te fazer sofrer.
Você faz bem aos que estão perto,
Se esmera para que todos fiquem bem,
Este é meu motivo de orgulho,
Este é o meu porquê.

Sinto muito.
Muito medo.
Tanto que fico trêmulo,
Me coloco a perigo,
Digo "enfrento",
A verdade maior:
"Nem reconheço".

Sinto muito.
Te vê-la no alto,
Desamparada e escondida de lado,
Pernas cruzadas,
Com falsa ideia de ignorância,
Suor escorrendo,
Molhando a roupa,
Sinto muito.
Sinto muito mais,
Por gostar de vê-la colada
E rente ao seu corpo.

Sinto muito.
Sinto quase ódio 
Por quere-la despida,
Você a mulher sofredora,
Eu o cara que quer te-la,
Vê-la nua,
Despida de ideias tristonhas,
Protegida.

Sinto muito,
Sinto mesmo,
Por você estar aí
Com seu ar arredio,
Pernas fechadas,
Suor e sangue frio,
Queria protege-la.
É isso.
Aí me desperta perigo.
Estar aí não tem um motivo.

Sinto muito.
Sinto por você achar
Que seu suor
É capaz de proporcionar perigo,
Que seu cheiro atrai,
Mesmo que você rejeite.

Sinto muito.
Sinto pela forma
Como te abordam,
Sinto pelo que lhe falam,
Sinto por quere-la tanto.

Sinto muito.
Sinto por você me ver 
Como uma espécie de exemplo,
Ou de "cara forte".
Sinto muito por seu apego,
Por me ver como desinibido,
Acreditar que tenho coragem 
Para falar de tudo que sinto.

Sinto muito.
Sinto por você crer que nunca erro,
Que me livrei de todos os desalentos,
Que tive feliz passado,
Que soube reagir ao seu lado,
Que tudo que você falou,
E até provou,
Não foi novo o bastante 
Para me deixar atordoado.

Sinto muito.
Sinto se você acredita
Que me livrei de fantasmas passados,
Que fui imune a influências,
Que não desejei futuro ao seu lado,
Que eu sabia usar arma,
Dar um soco na cara,
Ou correr feito um doido,
Ou que era o bastante 
Para defender eu próprio,
Eu vi isso mais tarde,
Quando descobri como fazer tudo.
Por você.
Por me ver apaixonado. 🥰

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Silêncio

Chego em casa,
Solto a bolsa sobre o sofá,
Ligo o chuveiro,
Deixo a água fazer barulho,
Há ali uma ausência,
Porém tudo está no lugar,
Silêncio constrangedor 
Que chega a expressar:
Lugar certo.

Tudo é silêncio 
E água que desce pelo ralo,
Calor e neblina do chuveiro,
Ele parece adormecido,
Prefiro deixar como está,
O cabelo negro 
Cai sobre o travesseiro,
Meu cão parece chorar 
Próximo da rua.

Eu lembro de fechar o portão,
Olhar todo o lugar,
E me voltar para dentro de casa,
Cuidando da parede ao chão,
Há na parede pequenos buracos,
Penso de me certificar 
Se fui alvo de tiros.
Me recolho.
Trago o cão comigo.

Meu pequeno guarda
Não está seguro,
A vigília armada,
Falhou feio.
Meu esposo permanece adormecido,
Um sossego lhe acoberta,
E agora um acolchoado macio.
Suas mãos ficam guardadas na coberta.
Eu vou para o chuveiro.

Gritos ao longe,
Nítidos e assustadores
Me tiram dos pensamentos,
E me dirigem para a rua próxima,
Eu permaneço onde estou,
Com a água percorrendo meu corpo,
Trêmulo, quente e molhado.

Acendo uma vela desnecessária 
No banheiro,
Apenas para vê-la sofrega
Pela neblina úmida,
Me dirijo a cama,
Sem sono,
Abraço o que amo
E fico.

Alguns barulhos se aproximam,
Telhas parecem ser quebradas 
E muros escalados,
Sujeira para limpar
No dia seguinte 
Eu penso comigo.
Nada mais que isso.
Estou segura.
Estamos seguros.
Busco a chuva 
E o sono.

Um rosto singular 
Parece ser reconhecido 
Em sua busca silenciosa,
Abro os olhos em espanto,
Vejo que era apenas um sonho,
Adormeci sem perceber,
E vi uma espécie de miragem,
Apenas isso.
Abraço meu esposo.
Não há agressor algum
Invisível ou visível.
Não há nada além dos barulhos,
Aliás há apenas silêncio,
Um silêncio constrangedor 
E provocativo.
Apenas isso.

Logo acima
Ouço falar de uma espécie de altar,
Onde queimam velas e incensos,
E fazem pedidos aos mortos,
Lá entram apenas os vivos,
Não sei nada sobre os que saem,
Mas os que entram são peculiares,
Com traços característicos,
Olham de lado,
Evitam contato...
Não sei de quê religião falam,
Que anjos ou santos crêem,
Ou que bíblia lêem.
Mas há ali um altar,
Neste altar rodeiam-no gente,
Pessoas de características peculiares...


A Plantação de Pêra e Maracujá

Os pais de Pitelmario Fizeram uma linda plantação, Araram o campo, Jogaram adubo, Molharam a terra, Então, plantaram pêras...