Jorge era padrinho
Do casamento do melhor amigo,
Era um sonho comum
A realização do ato,
E não poderia ter sido mais lindo.
A celebração ocorreu
Numa chácara em terra distante,
Lá haviam cabanas
Onde os convidados dormiriam,
Um padre a deriva para o ato,
E flores,
Muitas flores.
Árvores circundavam a estrada
Com seus troncos repletos
De orquídeas variadas
Do início até o alto.
Lindas roseiras se espalhavam
Pela grama cortada,
Bancos de madeira
Com grandes mesas
Estavam espalhados pelo local,
Uma mesa central guardava
O bolo enorme,
Bombons e outros doces,
Uma ao lado mantinha-se
Com bebidas variadas.
A celebração ocorreu a noite,
Com luzes de velas,
E de postes artificiais,
Célia estava vestida de verde,
Amaro vestiu um terno rosa e preto.
Jorge esperou até o brinde,
Pegou um pedaço do bolo
Que foi oferecido
E se dirigiu para a cabana três
Onde passaria a noite.
Transcorrida a noite,
No outro dia não viu o casal,
Estranhou o fato,
Mas ficou calada,
Todo o bife foi servido normalmente,
Porém, passaram-se três dias
E o casal não apareceu.
No quarto dia,
Todos os convidados se despediram,
E deixaram suas cabanas,
Jorge procurou os pais de Amaro,
Encontrando-os indagou:
- eu não vi Amaro
Depois da celebração...
Houve algo errado?
Diogo deu um passo
Para trás,
Engoliu em seco e respondeu:
- me preocupo com este fato.
- não seria ofensivo
Se entrássemos na cabana
Deles e o procurássemos?
Pediu Jorge intransigente.
Não passava muito tempo
Sem ver Amaro,
Eram amigos de infância,
Quando escolheram onde morar,
Compraram teremos vizinhos,
Quando estavam indecisos
Entre um carro ou uma moto,
Foram juntos a concessionaria
Escolher o modelo, cor e etc.
Agora Jorge era padrinho
De casamento de Amaro,
Tinham idades parecidas,
Ele sentia falta do amigo.
- vamos Jorge,
Você é um filho para eu,
Também quero ver meu filho Amaro.
Chegando lá,
Amaro bateu três vezes
Na porta de madeira
Que não se abriu,
Pediu resposta
E não houve nenhuma.
- eu vou buscar a chave.
Disse Diogo.
- deixe comigo!
Respondeu Jorge
E se empenhou contra a porta
Com um salto e a derrubou.
Encontrou Amaro
Deitado de camisa rosa aberta
Ao lado de Rosangela,
O rosto esculpido de branco,
Os olhos abertos e vítreos.
O vestido de Rosangela
Ensopado de suor,
E uma cobertura branca
Sobre ele,
Ela estava com os seios
A mostra,
Olhos fechados.
Jorge correu para Amaro,
O pegou pelos ombros
E chacoalhou,
Não obteve resposta,
O amigo estava duro
E imóvel, não tinha pulsação.
Então, Diogo pegou Rosangela
Pelos ombros e chacoalhou,
Desferiu-lhe tapas contra o rosto:
- acorde,
Acorde,
O que houve?
Ela também estava gelada.
- Por Deus, Diogo,
Eles morreram de overdose?
Jorge gritou assustado,
Levou as mãos nas orelhas,
Como se não quisesse ouvir,
Sentou no chão desesperado,
De costas para o amigo morto:
- me recuso a ver!
Ele gritou
E esmurrou o chão.
Diogo o abraçou
No rosto,
Apertando o rosto de Jorge
Contra o seu e chorou:
- meu filho,
Meu filho morreu.
A droga,
A maldita droga o matou.
Havia um saco transparente
Ao lado de Amaro,
Ele estava rasgado
E continha pó branco.
Jorge se empertinhou,
E buscou nos bolsos
De Amaro por respostas,
Qualquer coisa que o ajudasse,
Queria aplacar a dor,
Queria descobrir o que houve.
Encontrou uma pistola,
Ambos não andavam desarmados,
Não soaria estranho pensar
Que Amaro se casou com
Uma arma na cintura,
Jorge também fez o mesmo.
Sacando a arma do amigo,
Jorge se levantou,
Foi até a saída,
Subiu na porta caída
E a beijou contra a luz do dia.
- eu irei vinga-lo.
Eu vi farei sua morte, Amaro.
Então, saiu desesperado.
Pegou o carro e dirigiu até
O beco de um bairro distante
Onde ouviu boatos de que
Existia droga em abundância.
Chegando lá,
Invadiu a tiros,
Não era esperado,
Matou dez naquela casa,
Quatro crianças, duas mulheres
E homens.
Lá havia um papel
Colado na parede
Que constava nomes
E quantidades de droga
Que possuíam,
Então, tinha, acima de todos
O chefe da narcóticos.
Um bilionário do ramo têxtil,
Um sujeito que ninguém
Diria que tinha envolvimento
Neste ramo clandestino,
Chefe internacional da narcóticos,
Líder de vendas.
Jorge pegou o telefone
Do vendedor de seu estado,
Este que acabou de matar,
Raspou o cabelo,
Desferiu um golpe com a arma
Contra o rosto,
Criou um ferimento
Onde o chefe tinha uma cicatriz
E agendou encontro
Para receber a droga.
Informou ter vendido tudo,
O chefe internacional
Chegaria no mesmo dia
De helicóptero branco.
Quatro horas após a ligação,
Jorge ouviu o barulho do helicóptero
Chegando,
Empunhou as duas armas,
Uma em cada mão,
Antes que a hélice parasse
De se mover ele começou a atirar.
O homem robusto e forte
Que chegava
Não teve tempo de retornar,
Caiu perfurado por mais
De cinquenta tiros
Entre o rosto, membros
E o corpo.
Ele caiu de joelhos,
Com um pacote de pó
Branco em saco transparente
Em cada mão,
O pó voou para o céu,
E o homem ajoelhou-se no chão.
Jorge também se ajoelhou
Chorando.
Depois reuniu sua força,
Se aproximou do grande
Chefe da narcóticos,
Ele era o presidente do país
Vizinho ao Brasil.
Juntou o corpo do homem
Já sem vida
E desferiu ponta pés
E golpes com as mãos fechadas
Contra ele,
Então, reuniu gasolina
Do próprio carro,
E pôs fogo no homem
E nos outros seis capangas
Que chegaram com ele.
Amaro estava morto,
Nada o traria de volta,
Porém, Josué o chefe
Da narcóticos
Partia com ele
E não levava outros.
Adentrando na residência
De onde fez a emboscada
Contra Josué,
Encontrou uma mansão
Sem fim,
Com cinquenta cômodos,
Ao final dela,
Encontrou uma porta
Com alçapão,
Puxando-a
Se deparou com milhões
De corpos abandonados,
Haviam ali apenas os ossos.
Deveria ser este, então,
O famoso homem
Que se apresentava como
Sendo tão bom sujeito,
Oferecia trabalho,
Viciava a pessoa
E não a pagava,
Nem lhe permitia retornar
Para suas casas.
Então, o enorme império
Foi construído sobre drogas
E sujeitos escravizados viciados,
Que perdiam sua razão,
E meios de retornar a uma vida normal?
Jorge estremeceu de medo,
Há três meses ele entrou
Neste vício de usar droga,
Recebeu o convite de Amaro,
E não rejeitou,
Ele trabalhava com vendas
De carros,
Ao lado do amigo,
Então, era isto?
Eles estavam sendo enganados,
E o dono da concessionária
Era este que ele acabou de matar?
E que, anteriormente, matou Amaro
No dia de seu casamento?
Porém, o corpo de Amaro
Não foi removido para
Até este alçapão,
Ele não pertencia a está coleção,
Ele encaixava-se a outra espécie
De descarte.
De que se tratava todo este
Ramo de narcóticos?
Jorge não quis descobrir mais,
Ou não soube como,
Simplesmente, fugiu.
Foi até o velório,
Chegou a tempo de jogar
Um último maço de terra
Sobre o caixão do amigo,
Que não retornaria,
Jogou uma flor para Rosangela.
Rosangela, em que trabalhava?
Ele apenas sabia
Que ela desenhava nas horas
Vagas coisas que ela definia vestidos,
Ele nunca entendeu os desenhos
Mas Amaro os admirava.