domingo, 6 de julho de 2025

Império da Narcóticos

Jorge era padrinho
Do casamento do melhor amigo,
Era um sonho comum
A realização do ato,
E não poderia ter sido mais lindo.
A celebração ocorreu
Numa chácara em terra distante,
Lá haviam cabanas
Onde os convidados dormiriam,
Um padre a deriva para o ato,
E flores,
Muitas flores.
Árvores circundavam a estrada
Com seus troncos repletos
De orquídeas variadas
Do início até o alto.
Lindas roseiras se espalhavam
Pela grama cortada,
Bancos de madeira
Com grandes mesas
Estavam espalhados pelo local,
Uma mesa central guardava
O bolo enorme,
Bombons e outros doces,
Uma ao lado mantinha-se
Com bebidas variadas.
A celebração ocorreu a noite,
Com luzes de velas,
E de postes artificiais,
Célia estava vestida de verde,
Amaro vestiu um terno rosa e preto.
Jorge esperou até o brinde,
Pegou um pedaço do bolo
Que foi oferecido
E se dirigiu para a cabana três
Onde passaria a noite.
Transcorrida a noite,
No outro dia não viu o casal,
Estranhou o fato,
Mas ficou calada,
Todo o bife foi servido normalmente,
Porém, passaram-se três dias
E o casal não apareceu.
No quarto dia,
Todos os convidados se despediram,
E deixaram suas cabanas,
Jorge procurou os pais de Amaro,
Encontrando-os indagou:
- eu não vi Amaro
Depois da celebração...
Houve algo errado?
Diogo deu um passo
Para trás,
Engoliu em seco e respondeu:
- me preocupo com este fato.
- não seria ofensivo
Se entrássemos na cabana
Deles e o procurássemos?
Pediu Jorge intransigente.
Não passava muito tempo
Sem ver Amaro,
Eram amigos de infância,
Quando escolheram onde morar,
Compraram teremos vizinhos,
Quando estavam indecisos
Entre um carro ou uma moto,
Foram juntos a concessionaria
Escolher o modelo, cor e etc.
Agora Jorge era padrinho
De casamento de Amaro,
Tinham idades parecidas,
Ele sentia falta do amigo.
- vamos Jorge,
Você é um filho para eu,
Também quero ver meu filho Amaro.
Chegando lá,
Amaro bateu três vezes
Na porta de madeira
Que não se abriu,
Pediu resposta
E não houve nenhuma.
- eu vou buscar a chave.
Disse Diogo.
- deixe comigo!
Respondeu Jorge
E se empenhou contra a porta
Com um salto e a derrubou.
Encontrou Amaro
Deitado de camisa rosa aberta
Ao lado de Rosangela,
O rosto esculpido de branco,
Os olhos abertos e vítreos.
O vestido de Rosangela
Ensopado de suor,
E uma cobertura branca
Sobre ele,
Ela estava com os seios
A mostra,
Olhos fechados.
Jorge correu para Amaro,
O pegou pelos ombros
E chacoalhou,
Não obteve resposta,
O amigo estava duro
E imóvel, não tinha pulsação.
Então, Diogo pegou Rosangela
Pelos ombros e chacoalhou,
Desferiu-lhe tapas contra o rosto:
- acorde,
Acorde,
O que houve?
Ela também estava gelada.
- Por Deus, Diogo,
Eles morreram de overdose?
Jorge gritou assustado,
Levou as mãos nas orelhas,
Como se não quisesse ouvir,
Sentou no chão desesperado,
De costas para o amigo morto:
- me recuso a ver!
Ele gritou
E esmurrou o chão.
Diogo o abraçou
No rosto,
Apertando o rosto de Jorge
Contra o seu e chorou:
- meu filho,
Meu filho morreu.
A droga,
A maldita droga o matou.
Havia um saco transparente
Ao lado de Amaro,
Ele estava rasgado
E continha pó branco.
Jorge se empertinhou,
E buscou nos bolsos
De Amaro por respostas,
Qualquer coisa que o ajudasse,
Queria aplacar a dor,
Queria descobrir o que houve.
Encontrou uma pistola,
Ambos não andavam desarmados,
Não soaria estranho pensar
Que Amaro se casou com
Uma arma na cintura,
Jorge também fez o mesmo.
Sacando a arma do amigo,
Jorge se levantou,
Foi até a saída,
Subiu na porta caída
E a beijou contra a luz do dia.
- eu irei vinga-lo.
Eu vi farei sua morte, Amaro.
Então, saiu desesperado.
Pegou o carro e dirigiu até
O beco de um bairro distante
Onde ouviu boatos de que
Existia droga em abundância.
Chegando lá,
Invadiu a tiros,
Não era esperado,
Matou dez naquela casa,
Quatro crianças, duas mulheres
E homens.
Lá havia um papel
Colado na parede
Que constava nomes
E quantidades de droga
Que possuíam,
Então, tinha, acima de todos
O chefe da narcóticos.
Um bilionário do ramo têxtil,
Um sujeito que ninguém
Diria que tinha envolvimento
Neste ramo clandestino,
Chefe internacional da narcóticos,
Líder de vendas.
Jorge pegou o telefone
Do vendedor de seu estado,
Este que acabou de matar,
Raspou o cabelo,
Desferiu um golpe com a arma
Contra o rosto,
Criou um ferimento
Onde o chefe tinha uma cicatriz
E agendou encontro
Para receber a droga.
Informou ter vendido tudo,
O chefe internacional
Chegaria no mesmo dia
De helicóptero branco.
Quatro horas após a ligação,
Jorge ouviu o barulho do helicóptero
Chegando,
Empunhou as duas armas,
Uma em cada mão,
Antes que a hélice parasse
De se mover ele começou a atirar.
O homem robusto e forte
Que chegava
Não teve tempo de retornar,
Caiu perfurado por mais
De cinquenta tiros
Entre o rosto, membros
E o corpo.
Ele caiu de joelhos,
Com um pacote de pó
Branco em saco transparente
Em cada mão,
O pó voou para o céu,
E o homem ajoelhou-se no chão.
Jorge também se ajoelhou
Chorando.
Depois reuniu sua força,
Se aproximou do grande
Chefe da narcóticos,
Ele era o presidente do país
Vizinho ao Brasil.
Juntou o corpo do homem
Já sem vida
E desferiu ponta pés
E golpes com as mãos fechadas
Contra ele,
Então, reuniu gasolina
Do próprio carro,
E pôs fogo no homem
E nos outros seis capangas
Que chegaram com ele.
Amaro estava morto,
Nada o traria de volta,
Porém, Josué o chefe
Da narcóticos
Partia com ele
E não levava outros.
Adentrando na residência
De onde fez a emboscada
Contra Josué,
Encontrou uma mansão
Sem fim,
Com cinquenta cômodos,
Ao final dela,
Encontrou uma porta
Com alçapão,
Puxando-a
Se deparou com milhões
De corpos abandonados,
Haviam ali apenas os ossos.
Deveria ser este, então,
O famoso homem
Que se apresentava como
Sendo tão bom sujeito,
Oferecia trabalho,
Viciava a pessoa
E não a pagava,
Nem lhe permitia retornar
Para suas casas.
Então, o enorme império
Foi construído sobre drogas
E sujeitos escravizados viciados,
Que perdiam sua razão,
E meios de retornar a uma vida normal?
Jorge estremeceu de medo,
Há três meses ele entrou
Neste vício de usar droga,
Recebeu o convite de Amaro,
E não rejeitou,
Ele trabalhava com vendas
De carros,
Ao lado do amigo,
Então, era isto?
Eles estavam sendo enganados,
E o dono da concessionária
Era este que ele acabou de matar?
E que, anteriormente, matou Amaro
No dia de seu casamento?
Porém, o corpo de Amaro
Não foi removido para
Até este alçapão,
Ele não pertencia a está coleção,
Ele encaixava-se a outra espécie
De descarte.
De que se tratava todo este
Ramo de narcóticos?
Jorge não quis descobrir mais,
Ou não soube como,
Simplesmente, fugiu.
Foi até o velório,
Chegou a tempo de jogar
Um último maço de terra
Sobre o caixão do amigo,
Que não retornaria,
Jogou uma flor para Rosangela.
Rosangela, em que trabalhava?
Ele apenas sabia
Que ela desenhava nas horas
Vagas coisas que ela definia vestidos,
Ele nunca entendeu os desenhos
Mas Amaro os admirava.

O Amor Quando Inflama

Janaina iniciou faculdade,
Conheceu Romiro no bar,
Ele jogava sinuca,
Ela frequentava o lugar
Nas horas vagas.
Janaina dividia apartamento
Com uma amiga,
Mas, para ficar mais barato,
E assim, custear os gastos,
Iniciado o namoro com Romiro,
Soube que ele tinha apartamento
Próximo ao bairro da faculdade,
Para ir passar uns dias com ele
Foi decisão simples,
Pra sair lhe custou um pouco.
Romiro se enciumou
Com suas amizades,
Na primeira semana
Escondeu algumas roupas,
Contudo, já não segunda
Houve o que ela jamais
Imaginaria...
Na saída do banheiro,
Enquanto ela estava de toalha,
Molhada e indo para o quarto
Para pôr a roupa.
Ele surgiu
Num vulto,
A pegou pelos cabelos,
E lhe deu três socos
Contra o rosto,
Janaina gritou,
Olhou para Romiro,
Não o reconheceu,
Sentiu medo.
Ele estava com os olhos
Esbugalhados e vermelhos,
Enrolou os cabelos dela
Contra seus dedos
E a puxou até a sacada,
Lá puxou sua toalha:
- aqui esta está vaca!
Então, a empurrou contra
A murada de vidro,
E lhe deu outro golpe
Contra a coluna
A derrubando nua no chão.
Depois disso,
Ele foi até a churrasqueira
Onde assava carne,
Pegou uma madeira
Que queimava em fogo,
E veio para sua direção:
- eu sei,
Você acha que eu
Não te mereço!
Romiro gritou,
Enquanto Janice estava
Ajoelhada com as mãos
No azulejo da varanda,
Olhando o chão e cuspindo
De dor.
Não notou o que Romiro fez
Até que ele encostou
A madeira em brasa e fogo
Contra seu ombro
A fazendo se retorcer dor,
O cabelo de Janice
Ficou em chamas,
Seu rosto começou a foguear.
Ela gritou,
Levou uma mão até
O cabelo e o apagou,
Depois se rolou contra o vidro
Da murada
Tentando ficar calma
E se livrar das chamas.
- Romiro, por favor,
Você está deformando
Meu corpo!
Ela gritou.
- maldita!
Romiro disse,
E levou a madeira,
Agora em brasa
Contra o rosto dela.
Empurrando até o chão.
Janice chorou,
O empurrou com os braços,
Tentou chuta-lo
Para se afastar,
O fogo ardia dentro da pele,
Cicatrizava seu rosto
Para sempre.
Num golpe,
Conseguiu jogar
As duas pernas contra o braço
Dele que segurava a madeira,
Quando a madeira
Caiu longe
Próximo a churrasqueira
E Romiro se virou para buscá-la,
Janice conseguiu fugir,
Nua para o quarto.
Trancou a porta.
Ramiro logo chegou.
- abra a maldita porta!
Ela não se moveu.
Se enrolou no cobertor,
Escondeu o corpo
E o rosto que ardiam.
Romiro sentiu ódio.
Puxou o sofá para a frente
Da porta,
Buscou mais madeira
Com fogo e fez a labareda
Sem pensar no que haveria,
O sofá ficou em chamas,
E as chamas se estenderam
Para a porta,
Depois para dentro do quarto,
Tudo foi muito rápido,
Janice não teve tempo
Para fugir,
Romiro sim.

Entre o Amor: a dor

- já falei pra você
Parar de reclamar!
Jonas gritou entre dentes,
Pegando Janice pelos
Cabelos loiros,
Quando ela saia do quarto
E passava em frente a mesa
Da cozinha onde Jonas estava,
Em pé a espera-la.
Ele puxou uma faca
No mesmo instante
De trás de suas costas
E encostou no pescoço
De Janice.
Ela arregalou os olhos,
Fechou a boca,
Cerou os lábios
Feito uma criança
Fazendo uma promessa.
Ele levou a faca
Até sua boca
E a fez beijar.
- vou matar você
Sua vaca!
Jonas continuou
Em sussurros ao seu ouvido,
Puxando seus cabelos
Para trás,
Então, a soltou.
Janice tropeçou no azulejo
Em falso da cozinha,
E andou para frente,
Depois levou um soco
Contra suas costas
Das duas mais unidas
De Jonas e o cabo da faca
Entre o meio.
-arg.
Ela gritou,
Ele levou a faca
Por seu quadril,
E subiu até seu braço,
Cortando sua pele
Até sair sangue.
Janice se jogou
Contra o chão,
E rolou na tentativa
De encontrar a porta,
De costas para o chão,
Seu corpo parou de rolar
Quando Jonas levou
O pé contra sua barriga,
Fazendo-a esmorecer de dor.
Depois disso,
Ele se agachou
E soqueou ela nos lábios,
Que se cortaram
E jorraram sangue.
- você quer me proibir
De sair?
Jonas gritou,
E levou a mão com toda
Força contra o rosto de Janice,
Batendo em sua cara
Com a frente da mão
E o lado,
Indo e voltando.
- você acha que pode
Meeee controlaaar?
Ele gritou.
Pegando ela pelo pescoço.
Janice chorou feito criança.
- por favor,
Eu prometo,
Por favor...
Ela balbuciou.
Jonas encostou a ponta
Da faca na barriga
De Janice.
- eu atoro você sua puta!
Ele falou entre dentes,
A raiva voando contra a cara
De Janice.
- por favor, Jonas,
Por fa...
Jonas levou outra vez
A mão espalmada
Contra o rosto de Janice
Deixando-a desmaiada
Sobre o azulejo da sala,
Então, saiu para fora
De casa.

Mão Armada

Denir sentiu um chute
Entre as costelas
E cambaleou de dor,
Enquanto uma mão,
Dura feito o aço,
O manteve ereto
Tateando por sua roupa.
Num ímpeto de medo,
Ele não soube
O que a mão gélida queria,
Tentou olhar para trás,
Ver quem era a pessoa,
Porém, levou um golpe
Contra as costas.
Se retorceu de dor,
Cuspiu longe algo,
Que poderia até mesmo
Ser um dente,
A dor tomou conta
De seu corpo .
Depois disso,
Um braço de ferro
Atingiu seu ombro
Com força aterradora,
Deixando Denir de joelhos.
Ele se jogou contra
A calçada,
Se levantou com um salto,
E virou-se rapidamente
Para se defender,
Levando um braço ereto
Para a frente
Buscando reprimir o golpe
E o outro deixou
Pronto para o ataque.
Levou outro golpe
De alguém
Que estava ao seu lado
Sobre a cabeça,
Era forte demais,
Quem quer que fosse,
Estava preparado
E não iria desistir de feri-lo.
- o que você quer?
Ele gritou entre cuspos.
Um revólver encostou
Em sua cintura,
Colou sobre sua roupa
E fez click,
O estalo sinalizou
Que o gatilho foi puxado,
Nada informou
Quando foi solto
E o tiro cortou fora a fora
O corpo de Denir
Que gritou ao ser rasgado
Por uma bala.
Foi um movimento errado,
Um passo em falso
Ter se localizado ali
Onde estava,
Não soube o motivo
Mas acarretaria sua morte.
- o que você quer?
Ele gritou de novo.
Um homem magro
Saltou na sua frente,
Rápido a ponto
De não ser reconhecido,
Antes de seu corpo
Repousar no chão
Ele levou um chute
Contra a barriga de Denir
Que arfou.
- me dá seu dinheiro!
Disse o homem.
Então, sua mão percorreu
A roupa de Denir
Encontrou sua carteira
No bolso da calça,
A removeu sem aviso,
Denir projetou seu pé
Para o alto
E conseguiu chutar o revólver
Para longe,
Mas a dor o impediu
De ser mais rápido.
E o rapaz magro,
A passos largos
Cruzou sua frente,
Sacou a arma da calçada,
Virou o braço contra o rosto
De Denir e atirou sem virar-se.
Desferiu três tiros,
No quarto tiro virou-se
E o encarou nos olhos,
Denir que estava agachado
Com uma mão na calçada
E a outra contra as balas,
O olhou com medo,
Conseguiu olhar dentro
Dos olhos daquele que não
Sentia medo
Ou vontade de parar.
O homem veio contra ele
Com três passadas
Levantou o pé com toda força
E atingiu Denir no queixo,
Fez saltar sangue,
Depois com uma joelhada
Acertou seu peito,
Então, baixou a arma,
Com a mão dobrada o atingiu,
Desta vez,
Gastou seus últimos dois tiros.
O corpo de Denir
Se moveu de um lado
Para o outro de dor
E medo,
Sangue voou por sua camiseta,
Depois, ele caiu sobre a calçada,
Imóvel.
O homem pegou sua carteira,
Com prazer e segurança,
A colocou no bolso e saiu
Por trás do prédio de esquina
Onde houve o incidente fatal.
Denir tinha uma carteira grossa,
Do tipo barata,
Com pouco dinheiro,
Mas, lhe custou a vida.

Pomar do Patinho

Lá na frente
Vai o patinho,
Ele muda um pezinho,
Depois o outro pezinho.
Chega na grama,
Colhe algumas
E leva até a boca,
Engole uma,
Engole outra.
Depois para,
Para catar mais grama,
Descansa e olha pra trás,
Aproveito a chance,
Corro até ele,
O pego nos braços,
Abraço forte.
Passamos o gramado,
Chegamos ao pomar,
Eu o solto no gramado,
Colho uma laranja,
Colho outra,
Colho três laranjas,
E muitas outras.
As laranjas
Do pomar do patinho
São gostosas,
Grandes e apetitosas.
Ele descansa no gramado,
Eu me sento sobre a pedra,
Descasco a laranja,
Sirvo a ele um gomo,
Me sirvo de outro,
Comemos juntos
Muitas laranjas,
Laranjas são deliciosas,
Melhor que o chá de suas flores,
Ou o chá de suas folhas?
Eu já não sei,
Mas, se o patinho me chamar
Eu vou correndo outra vez.

sábado, 5 de julho de 2025

Sessão Tia

- você está sendo diagnosticada
Por transtorno bipolar.
Disse o psiquiatra,
Olhando para o rosto
De Adora enquanto
Batia um carimbo na receita.
- o que exatamente isto é?
Adora indagou a Ricardo.
- que seu humor muda
Conforme o vento,
Num instante você está feliz,
Já no outro passa ao irritamento.
Ele respondeu,
Soltou o carimbo
E pegou a caneta azul
Para assinar sobre a folha.
- nossa,
Isto quer dizer
Que vou continuar a brigar
Com meu esposo,
Porquê há vezes em que
Não o suporto.
Ela respondeu sincera.
- pior que isso,
Significa que você
Pode estar beijando ele,
E passar deste ato
Para esbofeteá-lo
Sem aviso ou motivação...
Ele falou sério,
Deixando o nome para
Terminar depois.
- nossa,
Mas não me reconheço
Desta forma...
Adora continuou.
- você irá melhorar,
 Através de medicação
E sessões médicas,
Mas terá resultados.
O tempo passou,
As sessões trouxeram conversas
Nunca faladas em quatro paredes,
Abriu feridas
Não pronunciadas
E o remédio trouxe o sono,
Longas horas dormidas.
Certa manhã,
Após três meses de sessão
Encontra o esposo na sala,
Sentado no sofá.
-Jornas, você não foi trabalhar?
Está tão tarde,
Irá se atrasar...
Adora iniciou a falar.
- você não precisa mais
Se preocupar com isso.
Jornas disse.
Pegou as chaves do carro
E saiu.
Adora sentiu sua falta,
Logo na primeira hora de atraso,
Tentou ligar Jornas não atendeu,
Ela continuou sentindo
Sua falta,
Até que no terceiro dia
Pegou o carro e foi até
Os hospitais da cidade
Procurar por ele.
Sem êxito,
Ligou para a empresa
Onde ele trabalhava,
Soube que ele pediu
Para não passar informações
Sobre ele para ninguém,
Nem ao menos para ela,
Que era agora a ex esposa.
“divorciada?”
Ela pensou
Com o telefone ainda
Em mãos,
“Divorciada?”
 Não conseguiu entender.
Ligou para seus pais,
Fez uma vídeo chamada,
De dentro do carro mesmo,
Eles choraram,
Se sentiram entristecidos,
Eram dez anos de relacionamento,
Estavam adaptados a Jornas,
O chamavam de filho.
Desligando,
Ela retornou a ligar
Para a empresa,
Não obteve notícias.
Foi até a delegacia
E soube que não houve
Prisão de ninguém
Com o nome do esposo.
Então, restou a ela a espera.
Findou o mês,
Chegaram as dívidas,
Ela não trabalhava,
Os pais sanaram cada dever.
Com quatro meses
Sem notícias,
Acreditou que o casamento
Acabou.
Procurou a casa dos sogros,
Eles não lhe passaram
Nada de concreto,
Pareciam evita-la.
- você toma remédio de louca?
Indagou Sabina. A sogra.
- não, é para dormir apenas.
- ah, mas Jornas disse
Que você gritou com ele!
Ela falou,
Lhe alcançando uma xícara
De café quente.
- nós conversamos alto,
Sempre foi deste jeito.
-ele disse que você
Não tem remédio,
Não há cura para a loucura,
Só o internamento
Em clínicas para loucos...
Dizia Sabina.
- Olha, senhora,
Não sou louca.
Interrompeu-a,
E seus olhos ficaram
Marejados de lágrimas
E dor.
- você e esquizofrênica?
Disse Jocimar.
Mais afirmando
Que indagando.
- sogro, sou normal,
Eu apenas não consigo
Dormir e me preocupo muito,
Eu não consigo trabalho,
Isto me afeta.
- não, você alega que ouve vozes
E que elas te mandam fazer coisas
E nestes espasmos
Você é capaz de tudo.
Dizia Jocimar.
Então, se virou de frente para ela,
Pois estava sentado
Em uma cadeira de madeira
Sobre o gramado
Ao seu lado,
De lado para ela,
Ao lado de sua esposa,
Ambas de frente uma para
A outra.
Se virando seriamente
Lhe disse:
- você pode mata-lo.
Você não responde
Por você,
É capaz de toda loucura.
Adora tremeu de medo.
Pegou a chave do carro
De sobre suas pernas,
Levantou da cadeira,
E correu para o carro.
No carro,
Teve um ataque de tremor,
E espasmos no olho direito.
Ao fazer nova sessão psiquiatra,
O médico solucionou
Indicando outro medicamento,
Agora Adora tomava Respiridona
Para dormir,
E Lítio para acordar,
Estava dopada,
Completamente dopada.
Com medo dos atrasados
De Adora com respeito a alimentação
Seus pais optaram
Por trazê-la morar com eles,
Alugaram a casa dela.
Foi mais simples,
Porém, o medicamento
A impedia de engravidar,
O que foi de auxílio,
Pois os primeiros candidatos
A namorados eram um
Pior que o outro.
Eles não entendiam
Sua doença,
Sentiram medo
E a reprimiam.
Dois anos
Sem conviver com um
Único homem,
A levou a buscar por um namorado.
A forma como seu ex esposo
A abandonou a deixou ressabiada.
No entanto, conheceu
Um rapaz através do Facebook,
Marcou encontro
Com ele numa casa de shows
E dança.
Levou a irmã junto,
Teve medo,
Em dois anos
Seria seu primeiro
Contato com alguém
Do sexo masculino,
O remédio a deixava insegura,
Intimidada.
Lá o rapaz gostou da irmã,
Ele achou Adriana desinibida,
No entanto, Adriana
Estava de namoro sério,
E não queria deixar Jaimundo,
Porém, Laencros não acreditou.
Transcorrido todo o imprevisto,
Ele manteve contato
Com Adora,
Conversava por horas,
Então, marcou encontro
Em sua casa.
Fizeram sexo,
Dormiram juntos.
Um ano de relacionamento,
Laencros desejou ter filhos,
Pediu Adora em casamento,
Data marcada,
E ela soube que não poderia
Engravidar,
O remédio continha em sua fórmula,
Agentes impeditivos da gravidez,
E se ela abandonasse
O medicamento poderia ter cruzes
Histéricas,
Ou tentar se matar,
Conforme ela confidenciou
Algumas vezes
Que já foi seu desejo.
Laencros não compreendeu,
Andressa era mãe,
Sob qualquer pretexto
Engravidava,
Tinha problemas com está
Sua facilidade para a maternidade.
Não tardou,
Andressa veio visitá-la
E Laencros quase a beijou
Na entrada da porta,
Contudo, Adora viu.
Andressa, irritou-se
Neste período com o esposo
Jaimundo e o abandonou,
Adora ficou entristecida,
Passou a beber bebida alcoólica,
Junto com os remédios.
Marcou, então, uma saída
Até a casa de shows com Andressa,
Sem Laencros,
Vez que era ainda o namorado,
E sem Jaimundo, pois Andressa
Não o quis junto.
Lá, Adora quis beijar
Um novo rapaz,
E Andressa chegou
No mesmo instante,
Interrompendo-a,
Adora estapeou a irmã,
Em meio a música,
A casa de shows lotada,
Ela a derrubou no chão
Com um tapa no rosto.
Depois, ajeitou a bolsa
No ombro e saiu irritada.
Abandonou Laencros,
No entanto, os outros
Rapazes que o substituíram
Não agiam diferente,
 Andressa era linda,
E eles tinham apetite
Pela conquista.
Andressa, moça liberta
De amarras de pensamento,
Beijou e transou com inúmeros
Homens,
E Adora optava por rejeitar estes,
Ela entendia que ex garotos
Da irmã,
Também, não seriam bons
Homens com ela,
Vez que não foram para a outra.
Mas, se relacionar
Se tornou difícil.
- sim, fiquei com Andressa
Ainda no ginásio.
Disse João Ariberto.
- não fiquei,
Mas adoraria,
Andressa é linda!
Falou Henrique.
- Andressa? Ah,
Todos que conheço
Já ficaram com ela,
Acho que eu também.
Respondeu Roberto.
Adora se cansou.
Fechou a porta de casa
Para eles,
Optou por passar
Mais um tempo sozinha.
Andressa engravidou
De Junciro.
Terceiro filho,
Oitavo marido
Dos seus trinta e um anos.
Adora aos trinta
Preferiu ser boa tia,
E amada madrinha,
Deixou a maternidade
Para mais tarde,
Quando poderia
Deixar as sessões
E o remédio.

Aos Vinte e Quatro do Quarto Período da Faculdade

Aos vinte e quatro anos,
Cursar o quarto período
Da faculdade de direito,
Não é o sonho de todos.
Mas era de Fernanda,
E ela se esmerou por isso,
Seis anos de casamento,
Lhe davam o estímulo
E o impulso de que precisava,
Para acordar às sete da manhã,
Tomar um café rápido
E correr para o ponto de ônibus.
As oito precisava estar
No centro da cidade,
Há aproximados vinte quilômetros
De seu bairro de zona rural,
Iniciava o trabalho as oito
E meia.
Seguia o curso de vender
Roupas até às onze e meia,
Depois retornava as treze e trinta
E seguia até o horário das seis,
Instante em que pegava
O lanche rápido
E se dirigia ao terminal de lotação,
Com destino a faculdade,
Localizada distante do centro,
Uma hora de viagem.
Iniciada às aulas às sete e meia,
Seguia até às dez e meia,
De lá ela pegava outro ônibus,
Seguia até o terminal,
Então, pegava outro e ia até
Sua casa,
Isto demorava em torno de
Duas horas de viagem.
Sobrava pouco tempo
Para o esposo,
Ela sonhava em ser mãe,
Contudo, os finais de semana
De bebedeira dele
Não a estimulava.
No sábado ela trabalhava
Até às cinco e meia,
Tinha apenas a noite
Para estudar,
Por as ideias em ordem,
Ler um livro para reforço
De conteúdo,
E o domingo.
Aos finais de semana
Ela gostava de estar em família,
Comer bolo na sogra,
Tirar frutas no pomar
Dos pais.
O esposo era distante
Desta rotina,
Gostava de jogatinas de baralho,
Bebidas intensas
E risos altos.
Eles tinham uma casa,
Para iniciar a construção,
Fizeram um financiamento,
Que era para ser quitado
Em questão de dois anos,
Foram-se seis anos
Empregados neste intuito,
Todos fracassados.
Um dia,
A mãe ligou pela manhã
Para Fernanda
Em seu trabalho,
Ela se esforçou para atender,
Era proibido discutir
Assuntos particulares
Naquele ambiente,
Alegavam que distraia
Das vendas e decaia o percentual produtivo da vendedora.
Fernanda soube
Que sua mãe
Queria separar-se do seu pai
E escolhia a casa dela
Para morada.
Não bastou que Fernanda
Pouco convivia com o esposo,
Agora, na casa minúscula,
Queria vir, também, a mãe.
O salário de ambos,
Fernanda e Gustavo
Era pouco,
Após vinte e quatro anos
De casamento Jacinta
Decidia por separar-se
E não entendia
Que seria um encargo
Na casa da filha.
A noite, Gustavo a trouxe,
Fernanda quase morreu
Antes a ideia,
Agora o sexo era compartilhado,
Casa gemido,
Cada metida dentro da vagina
Era ouvido no quarto ao lado
Por sua mãe,
Quem gostaria de algo
Assim relacionado?
O relacionamento se complicou,
Cada vez que Gustavo
Quis transar Fernanda se desviou,
Ela se preocupava se sua mãe
Chegaria e pegaria os dois
Em flagrante
Ou como encararia a ideia
De dar de cara com a filha
Transando?!
Era uma ideia estranha
E desestimulante,
Nunca Fernanda viu os pais
Beijarem-se ou trocarem carinhos
Em sua frente,
Não de maneira tão aberta,
Agora, ela, Fernanda,
Teria que retirar o véu
Que cobria a existência do “ato sexo”.
Não era um filho,
Como geralmente ocorre,
Também não era a mãe
Com o esposo,
Mas, mostrar-se em momentos
Íntimos para a mãe?
Lhe soava descabido.
Ela acreditava
Que não conseguiria
Mais encarar a mãe
No outro dia,
Depois de ter feito o ato,
Que frente a mãe
Lhe causou repulsa.
A mãe lhe desferiu
Um tapa na cara,
Suas unhas compridas
Lhe feriram o rosto.
Fernanda cuspiu
Contra o rosto da mãe,
A mãe empreitou na sua direção,
Pareceu querer lhe abraçar,
Fernanda a odiou,
Sem medir o ato
Levou a mão contra a face da mãe,
- você deixou meu pai sozinho
E agora eu a odeio!
Depois, pegou sua bolsa
E saiu para fora da casa minúscula,
Não quis voltar,
Odiou a casa e tudo a sua volta.
Pediu ajuda a uma colega
De trabalho,
Foi dormir na casa dela,
Deixou a mãe com o esposo,
Que convivessem,
Se aturassem o quanto pudessem,
Ela sobrecarregou-se
Da ideia de a mãe abandonar
A família,
De ela ter de atura-la
No mesmo ambiente em que vivia,
Em sua própria família.
-Tudo misturou-se Virgínia.
A família dela,
Que é meu pai,
É minha família.
Mas eu e o Gustavo
Éramos outra família,
Agora eu não entendo,
Não quero pagar o preço
De separa-los.
A amiga a abraçou
Para conter seu pranto.
- eu abdiquei de ter filhos
Por algo maior que isso,
Agora, quase no meio
Da faculdade e tudo parece
Tão pequeno...
Fernanda reclamou.
A amiga, sentada na escada interna
Da loja de roupas,
Acariciou seus cabelos.

Império da Narcóticos

Jorge era padrinho Do casamento do melhor amigo, Era um sonho comum A realização do ato, E não poderia ter sido mais lindo. ...