Entrei em meu jardim,
Havia uma flor caída
Que parecia que ria para mim,
Amei-a da mesma forma,
Cuidei dela tanto quanto antes,
Sentei em meu banco de madeira bruta,
Arranhei um pouco a perna,
Mas quem se importa?
Logo apareceria a lua e estaria cheia,
Minha noiva, minha linda noiva.
Comi cinco ou seis bergamotas,
E desejei que meu namorado estivesse perto,
Eu estava quase dormindo e ainda comia.
Mas meu coração sonhava acordado,
O dia já não lhe preenchia,
Apenas as flores que floriam, estas sim,
Voavam ao vento e chegavam aos meus pés,
Se pudessem sorrir,
Eu sei que sorriam para ele,
Um coração que ama é sempre belo,
Mas quando o objeto dos seus desejos não se encontra,
Talvez, mais ainda.
Pois quem é que irá duvidar dos sonhos?
Escutem!
Eu poderia ter falado,
Mas estava sozinha,
Vejam este coração batendo!
Parece até que chama pelo nome dele,
E eu não duvido,
Nem busco alternativas,
Caim lindas flores saiam de seus lugares,
Suas fragrâncias voam para tão longe,
Não se permitam ficarem estagnadas,
Meu homem ideal parece que já vem,
Ele não disse nada,
Mas eu o espero e vocês sabem.
Mesmo que eu fique com a cabeça encharcada de orvalho,
Ou se a lua excitar em brilhar,
Ainda assim eu o espero,
Há os que falam em eclipses e outros eventos,
Lá no céu há um tanto de incerto,
Porém, em meu coração não há.
Veja em meu cabelo,
Há umidade da noite passada,
Instante em que caístes e me viste acordada,
Não duvide: o amo!
Já tirei a touca rosa,
Me abriguei ao casaco
Mas me deixei o máximo reconhecível,
São tantos os dias em que o espero...
Um dia ele irá sentir saudade,
É o que promete.
Bem o vento sul toca arredio e frio,
Terei que me abrigar de novo,
Pôs a mão na abertura da jaqueta,
Tocou um envelope lacrado,
Sim, letra rasurada de quem passou noite insone,
-Querida, por favor, anote meu telefone,
Ali, ao seu alcance, finalmente,
Um número e ao final sem assinatura,
Devia ser ele,
Quem mais seria além daquele que ama?
O coração palpita mais forte por causa dele,
Levanta-se e deixa o banco onde está,
As mãos percorrem a jaqueta
E parecem que desenham-na,
A saudade chama não há como se esquivar,
O amado vale a espera,
Mas antes que pudesse chegar a casa,
Antes de discar o número e chamar por ele,
Uma luz forte se aproxima,
Logo ali rompendo a tardinha,
Será que seu amado havia partido?
O mal abate até mesmo bons corações,
Será que algum infortúnio terrível o abatera?
Bem, só podia ser ele a chegar e não má notícia,
Só podia. De-ve-ria!
Quase desmaia de medo e tristeza,
Procura-o e não o encontra,
Tinha consigo a certeza que saberia dele,
Na mais frágil aproximação, saberia,
Mas não soube.
Chama por seu nome,
É uma tênue alternativa...
Ninguém responde,
Parece que não há motorista...
Melhor, melhor dessa forma ela pensa...
Porém, não. Havia.
Há poucos passos viu que havia.
O coração que fez sentinela a esperar
Não foi capaz de prever que haveria,
Bate tanto que fere-se,
O manto da jaqueta não é capaz de aquecer,
A touca não faz diferença,
Até as flores que pareciam fazer juras fogem,
Que dirá este que se aproxima?
Que dirá ele?
Que estaria adoentada ou em amor?
De repente usaria o termo abandonada,
Ou esquecida, largada a própria sorte,
- Quem é este que chaga a olhos altivos?
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