Um persistente vento norte soprava forte,
Anunciava a mudança nos alicerces,
Avistava-se a tempestade,
Sabe-se,
O tempo passa e nem sempre resiste a saudade,
Erramos ao dizer que a noite cai,
Ou que as estrelas fogem,
Porque estrelas não brilham mais ou menos,
Elas simplesmente existem,
Assim como o beijo,
Mais intenso ou menos,
Porém, permanente.
Deveríamos dizer que a noite sobe,
Então coisas se fundem e outras se dilaceram,
Vem do alicerce a obscuridade...
Eu fixo meus pés no chão,
Sei que meu amor seria capaz de aguentar,
Mas vejo ele se aproximando ao longe,
Temo e penso que o dele não.
Os efeitos luminosos do crepúsculo
Recortam as partes como em moldes,
Parece que querem, de alguma forma – registrá-lo,
Penso se ele tem medo de ser esquecido,
Nesta hora não penso se eu tenho.
Contornos de suas roupas ficavam nítidos,
Eu sentia como se pudesse absorvê-lo,
Ele tinha bom gosto e: como é belo!
Distinguir o efeito do horizonte ao dele,
Realmente se tornava difícil,
Ele faz o tipo que se assemelha aos sonhos,
Parece mais parte integrante deles.
Eu acredito nisso,
E quanto mais ele se aproxima
Mais eu esqueço de qualquer pensamento,
Fica sempre a sensação do aproximar...
O cheiro quente e intenso,
O suor escorregando a pele,
Parece que percorre cada parte dela,
Mas mesmo ele um dia desiste,
Eu não,
Eu gosto muito de conhece-lo,
Admirá-lo e amá-lo.
Penso que amar ele me faz bem,
Impossível não sonhar ante um amor jovem.
A noite, o vento norte e a tempestade se misturam,
Quase que ele se torna indistinto,
A escuridão feito uma máscara toma seu rosto,
Mas não esconde o brilho do seu olhar,
Seja como for eu o reconheço,
Sua silhueta se confunde e se funde a minha alma,
Ela não permanece onde está,
Penso que odeia a distância,
Mas quanto mais se aproxima,
Mais ele se distingue de dentro de mim,
É um não estar lá e estar aqui,
Estar aqui e não tão dentro de mim,
Dizem as bocas:
-Por quê quando você o beija ergue um pé?
Eu rio incontida
“Porquê quero dizer que meu pé é mais bonito que o beijo dele”.
Elas, as bocas, baixam seus olhares,
E buscam um alicerce,
Parece que não ouvem o que querem,
-Ah, você também acha que quando uma mulher
Oferece a mão,
Na verdade é o pé?
Eu indago aquela que chega ao meu lado
E me estende sua mão longilínea,
Curvilínea e espessamente junta.
Ela faz um gesto com o olhar,
Porquê o olhar de toda a mulher fala,
E levanta sua mão até meu peito.
Eu levo minha mão até a sua e a aceito.
- Você também precisa fechar dois dedos de sua mão
Para demonstrar que é uma mão na hora de
Oferecer cumprimento?
É que, meus outros três dedos ficam estendidos...
(Eretos, finos, seguros, frágeis, fe-me-ni-nos...)
Desisto do assunto antes do término,
Há uma tempestade e um vulto que se distingue,
Eu gosto disso.
Rio quase descompassada,
Efeito álcool que cheira à boca
E já reaje.
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