Não houve hesitação alguma,
Contudo ela perdeu tempo procurando,
Buscando com o olhar alguma coisa,
Se agarrando a um último fio de esperança,
Como se houvesse algo a encontrar em seu rosto,
Um vestígio, uma lágrima ou sentimento,
É tudo... uma questão de escolha?
Crença ou doutrina?
Há em seu rosto alguma segurança,
Posso ver isso e não outra coisa,
Porém, é assustador notar o bem que lhe faz
Me deixar sozinha,
O abandono parece lhe cair bem,
Disposição para me ferir,
Vejo isso nele tão bem,
Queria que isso ao menos me fizesse sorrir,
Mas é tudo cruel demais para eu poder mentir,
Chega, me toca, e depois vira as costas,
Acho que nem reconheço seu olhar,
Tão fácil seria lhe confundir com outra pessoa,
Por Deus mas como ele sabe o que faz!
É tudo tão metódico,
É quase uma questão de rotina,
E quando podia me dar um segundo de carinho,
Uma atenção ou gentileza ele se afasta,
Vai embora e fica a espreita,
Se satisfaz,
Vai até e apenas aonde o satisfaz!
Isso o exclui da minha vida,
No entanto me vê e me busca,
Quando pode olhar para mim ele olha,
Gostaria tanto de poder saber o que precisa,
Sinto mas não possuo isto que lhe completa,
Me vê com seu porte seguro e robusto,
-Coitado do cara gordo!
Eu penso e sem querer falo.
Não se contém e me toca forte,
Sinto quase meu estalar de ossos,
Me vejo em fiapos ante a sua proximidade,
-Já não o quero!
Grito, entre berros e farrapos.
Vejo tudo desmoronar,
Seu semblante, seu olhar, sua altivez.
Não, eu não sou aquela que o faz bem.
-Se me fizer mal, você perde seu emprego!
Baixo meu olhar até meus dedos,
É tudo tão simples,
Que parece questão de escolha.
Um sujeito a mercê.
Ele não consegue mais que isso.
Já não é homem para se libertar,
De mim, de suas crenças, suas atitudes.
Acorrentado sem perceber.
Se seu trabalho está ao meu alcance,
Sinto que é como se não o fizesse tão bem,
Desejo lhe tirar seu sustento,
Penso se em que ele gasta me faz mal.
-Sem ganho ou contas pagas,
Pense bem no que faz!
Repito carregada de certezas,
Contudo não possuo nenhuma.
Me esforço o bastante,
Mas não sinto que seja possível.
Me busca mas não gosta do que vê.
Me quer com certa insuficiência,
O exigente!
O porte físico não reproduz personalidade...
Analisa tanto cada palmo do meu rosto,
E eu já não o vejo comigo.
O distante!
Não tenho forças o bastante,
Desisto de lutar,
Então, por que ainda busco seu olhar?
O que há nele que me faz tão próxima,
O coloca tão entre meus dedos,
Disponível e indulgente,
Ele não é mais que uma miragem.
Preso a uma promessa,
Que nunca teve território,
Um falseado de segurança,
A mantê-lo perto, sempre muito perto.
Talvez a dor de um olhar possa romper os músculos,
Demonstrar o que não parece esconder,
Quem sabe tudo seja uma questão de enrijecer,
Sinto que não sou mais que um rosto tremulo.
O tempo provoca estes sentimentos,
Contudo a ideia de alcance,
Ela é a mais falseada,
Penso se alguma vez ele realmente esteve comigo.
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