domingo, 17 de setembro de 2023

Sem Excitar

Não houve hesitação alguma,

Contudo ela perdeu tempo procurando,

Buscando com o olhar alguma coisa,

Se agarrando a um último fio de esperança,

Como se houvesse algo a encontrar em seu rosto,

Um vestígio, uma lágrima ou sentimento,

É tudo... uma questão de escolha?

Crença ou doutrina?

Há em seu rosto alguma segurança,

Posso ver isso e não outra coisa,

Porém, é assustador notar o bem que lhe faz

Me deixar sozinha,

O abandono parece lhe cair bem,

Disposição para me ferir,

Vejo isso nele tão bem,

Queria que isso ao menos me fizesse sorrir,

Mas é tudo cruel demais para eu poder mentir,

Chega, me toca, e depois vira as costas,

Acho que nem reconheço seu olhar,

Tão fácil seria lhe confundir com outra pessoa,

Por Deus mas como ele sabe o que faz!

É tudo tão metódico,

É quase uma questão de rotina,

E quando podia me dar um segundo de carinho,

Uma atenção ou gentileza ele se afasta,

Vai embora e fica a espreita,

Se satisfaz,

Vai até e apenas aonde o satisfaz!

Isso o exclui da minha vida,

No entanto me vê e me busca,

Quando pode olhar para mim ele olha,

Gostaria tanto de poder saber o que precisa,

Sinto mas não possuo isto que lhe completa,

Me vê com seu porte seguro e robusto,

-Coitado do cara gordo!

Eu penso e sem querer falo.

Não se contém e me toca forte,

Sinto quase meu estalar de ossos,

Me vejo em fiapos ante a sua proximidade,

-Já não o quero!

Grito, entre berros e farrapos.

Vejo tudo desmoronar,

Seu semblante, seu olhar, sua altivez.

Não, eu não sou aquela que o faz bem.

-Se me fizer mal, você perde seu emprego!

Baixo meu olhar até meus dedos,

É tudo tão simples,

Que parece questão de escolha.

Um sujeito a mercê.

Ele não consegue mais que isso.

Já não é homem para se libertar,

De mim, de suas crenças, suas atitudes.

Acorrentado sem perceber.

Se seu trabalho está ao meu alcance,

Sinto que é como se não o fizesse tão bem,

Desejo lhe tirar seu sustento,

Penso se em que ele gasta me faz mal.

-Sem ganho ou contas pagas,

Pense bem no que faz!

Repito carregada de certezas,

Contudo não possuo nenhuma.

Me esforço o bastante,

Mas não sinto que seja possível.

Me busca mas não gosta do que vê.

Me quer com certa insuficiência,

O exigente!

O porte físico não reproduz personalidade...

Analisa tanto cada palmo do meu rosto,

E eu já não o vejo comigo.

O distante!

Não tenho forças o bastante,

Desisto de lutar,

Então, por que ainda busco seu olhar?

O que há nele que me faz tão próxima,

O coloca tão entre meus dedos,

Disponível e indulgente,

Ele não é mais que uma miragem.

Preso a uma promessa,

Que nunca teve território,

Um falseado de segurança,

A mantê-lo perto, sempre muito perto.

Talvez a dor de um olhar possa romper os músculos,

Demonstrar o que não parece esconder,

Quem sabe tudo seja uma questão de enrijecer,

Sinto que não sou mais que um rosto tremulo.

O tempo provoca estes sentimentos,

Contudo a ideia de alcance,

Ela é a mais falseada,

Penso se alguma vez ele realmente esteve comigo.

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