sábado, 9 de setembro de 2023

O Vento

 

Vento tem força?

Ah, o vento possui um rosto?

Teria,

Contudo,


Poderia não ser capaz.

Ah, Deus, mas é tão terrível,

Tanto me toca

E tão pouco posso saber,


Ah, quem me dera possuí-la,

Desejar não ser tanto de você,

Fugir já sei não consigo,

Só mesmo o vento para entender.


Ele talvez, algum dia dissesse,

-Querida, se não for minha nem ouse dormir...

Parecia saber do que falava,

Meu sono não é intranquilo,


Porém, sobre os sonhos nem tento contar,

São escuros e vazios,

E quando tomam conta me enlouquecem,

Me vejo cair de mim,


Voar aos pedaços,

De pouco a pouco me perder,

Mas como poderia caro vento,

Se como você sabe,


Não pertenço a outro apenas você,

E ainda ele me apresenta um rosto,

-Querida, entenda, venho de outro.

“Então, ele não sente minha falta.”


Eu tento pensar,

Mas ele é mais rápido:

-Querida, você não conhece essas terras!

Como eu não poderia?


As ideias me veem,

Se tais terras são apenas minhas?!

Sua mão direita me pega na testa,

Ele sabe me manter,


A esquerda em posição ereta e forte,

Desenha uma espécie de certo sobre meu ventre,

-Ora, vento possui agora vontade!

Eu penso e quero sorrir,


Não lhe basta a força,

Desejou ainda um rosto,

Agora quer um nome ou mais- reconhecimento!

O sorriso nem vem se esvai,


Minha pele não é mais minha,

Sinto que fica para trás,

Me vejo quebrar,

Inerte e intacta e aos pedaços,


Me vejo quedar,

Mas como posso?

Aqui deitada e a me perder aos poucos,

Já não sinto meus ossos,


Já não tenho os mesmos sonhos,

Por que desejei dormir depois de tê-lo?

-A quem?

O vento!


O vento é como uma coisa que leva,

O tempo não,

O tempo enterra,

Lá se vai ou não,


Mantive a janela aberta contudo a porta fechada,

Mas ele é capaz de sair por onde entra,

Tanto quanto poderia ficar,

Acho que me pertence,


Tanto mais que eu a ele.

Ele sabe disso,

Ele quer isso,

O vento!


Possui agora sentimento,

Lhe entrego minhas forças,

Meu rosto até mesmo,

Reconheço-o, mas, não posso chama-lo,


Porém, possui meus sorrisos,

É dono também dos meus sonhos?

Me vejo em enjoo,

Não, eu não posso vê-lo...


Antes a terra entre meus olhos,

Ah, Deus, que será destes sonhos insanos?


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