Chegava às vezes a admitir um elogio
Desejo, amor, sedução,
Não se confundem tanto,
Não até contemplar sua feição.
Pain, pain.
Ele simplesmente olha e diz,
Há assombro, medo ou loucura?
Não sei o que há em meu sorrir,
Entre lágrimas e alegria.
Queria ser sua água, vício e cobiça.
Este é o tipo de cara que inspira
Pain, pain, pain
Me vejo dizer para mim mesma,
Mas o autocontrole é coisa que se prática,
Me esforço pra não pirar,
Reconheço nisto algo de perversidade,
Quero toca-lo, senti-lo, ver tudo que pode,
Ir até onde for possível,
A solidão faz das mulheres bonitas idiotas,
Me vejo desnudar a alma e não encontrar nada,
Tiro a roupa, peça a peça e uma por uma,
Reproduzo uma foto,
Publico-me: a sua!
Pain, pain, pain.
Tenho estes aspectos e vícios,
Por vezes o espanto faz-me burra,
Noutras sou apenas a que ama
Com certa profundidade no olhar,
E a busca, a busca incessante de que falo,
E a qual ele me inspira.
Pain, pain, pain,
Me lateja a cabeça,
Me vejo pirar,
A sombra da qual ele se compunha,
Me destrói, corrói e não se sustenta,
Este sorriso e sua falta, dois lados,
Obscuros ambos.
Desejo-o em cada um de seus ângulos.
A bonita e a burra,
Com seios pequenos, empinados e embrutecidos,
Não, não sou tão esperta.
Pain, pain, pain.
Me vejo deslizar em sua busca,
Correr, me fartar de sua existência,
Dentro dele a ignorância,
Não sabe que estou a espera?
Enfermidade.
Defermidade.
Fora dele este mistério,
Imensidade,
Intensidade.
Pain, pain, pain.
Seu olhar,
Vi há dois dias, duas horas e um suspirar,
Me basto nisto,
Por hora, por hora.
Grande satisfação,
Vivo de alucinação.
Vendo-me poderia pensar:
-Ora, há nela algo de atrevida!
Me canso de ser a bonita e burra,
Quero apenas um tanto de sua companhia.
Pain, pain, pain.
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