terça-feira, 8 de agosto de 2017

Certa vez, uma moça...

Esta é a história de uma garota que morava na cidade,
E trabalhava de segunda a sexta-feira para cursar a faculdade,
Das sete às dezessete horas exercia um cargo administrativo,
Das dezenove às vinte e três horas frequentava um curso de direito,

Dedicava o tempo de intervalo para alimentação,
E reforço do conteúdo recebido em aula,
Conciliar estas duas atividades lhe exigiam muita dedicação,
E o salário normativo que recebia
Era insuficiente para se vestir conforme a moda,

Mas era o bastante para custear os gastos,
Considerando a bolsa de estudos.
No trabalho era obrigada a enfrentar
As investidas de chefes e colegas,

Sob a promessa de regalias e aumento na remuneração,
A pedido de um pouco de colaboração,
Em resposta recebiam um olhar de aversão,
Pronunciado em frases que alegavam falta de audição,

No seu inconsciente ela colocava os olhos no horizonte,
E buscava ser eficiente, abrigada pela dignidade.
No que tange a faculdade, a realidade não era diferente,
A falta de dinheiro e a necessidade de sucesso
Eram recompensadas com dedicação exclusiva aos estudos,

O que a exilava das piadas, 
Mas a tornava o motivo,
A excluía das festinhas,
Por acreditar que não convinha por prejudicar o aprendizado,

Entre uma prova e outra, 
Não lhe escapava a atenção do professor,
Oferecendo o benefício de aumentar a nota e outras regalias combinadas,
Também não faltava um colega ou outro para oferecer cola,

Com os objetivos mais variados,
Tornando-a renegada e assediada dentro do próprio curso jurídico,
Mas a fome, o frio e a exclusão,
Foram insuficientes para lhe impedir a formação,

Todas estas adversidades apenas lhe reforçaram o caráter,
E a fizeram entender tantas pessoas sobrevivendo às margens da sociedade,
E tantas outras pessoas preparadas, mas sem ter oportunidade,
Como se dissessem estude a lei, mas se cale,
Apesar de fictícia esta é a história do dia-a-dia.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Rumo a Felicidade

Duas horas da madrugada,
Ela levantou os olhos da leitura,
Sentia sono, por isso se dirigiu ao quarto,
Com um sorriso carinhoso,

Imaginou que seu marido 
Já deveria estar dormindo,
Ao passar pelo corredor,
Levou uma mão ao rosto para secar uma lágrima de dor,

Ao avistar suas fotos de casal que decoravam a parede,
Pode sentir a infelicidade palpável em cada uma das imagens,
Em uma delas seus olhos estavam fechados,
E o semblante pálido e ausente,
Seu esposo jogava o braço sobre seu ombro,
Ambos nem ao menos sorriam para fazer pose,

Feito estranhos um para o outro,
Unidos pelo anel de ouro que pesava no dedo,
Marcando feito algema,
Aprisionados em si mesmos,
Como se estivessem em uma cela,

Em outra ela estava sozinha a luz do luar,
Segurava uma flor lhe acariciando o rosto,
E lágrimas lhe feriram a garganta,
Ao contemplar aquela menina de olhar assustado,

Suspirou, sentindo-se oprimida,
Aturdida diante de suas vidas,
Ao chegar ao quarto,
Se permitiu chorar abraçada ao travesseiro,

E quando o sono a tocou,
A levou para um pesadelo,
E um grito de pânico ecoou pelo cômodo,
- Amor por favor, eu estava dormindo. –
Respondeu seu esposo apático,

- Desculpa, tive um pesadelo. –
Ao lhe responder, ela virou para o lado,
E esperou a noite acabar,
Logo depois que ele saiu para o trabalho,
Decidiu dar uma oportunidade a felicidade de ambos,

Então levantou e arrumou as malas,
Na saída usou um batom vermelho para deixar um recado,
Escrevendo cada palavra em fotos variadas,
- Foi um erro, agora está resolvido!

domingo, 6 de agosto de 2017

Um Beijo A Mais

Te amo para sempre e um beijo a mais,
Assina a sempre sua.
Com letras metálicas aveludadas
Ela encerrou a carta,

Escrita em papel requintado,
E com tinta perfumada,
Com um beijo de batom marcou o fechamento,
Com lágrimas saudosas borrou a última linha,

Um pouco antes de fechar os olhos
E levar a carta ao peito,
Com um pedido rouco ao universo,
De conseguir demonstrar seus sentimentos,

Em cada palavra delicada
De sua escrita emocionada,
Onde tentou expressar a alma,
Como se desse vida aos seus escritos,
Recordando seus momentos mais bonitos,

Como um forma de demonstrar
Que em sua memória
Ainda guardava sua história apaixonada,
Tão etérea quanto um talismã,
Tão vívida quanto se estivesse desenhada,

Como um singelo gesto atencioso,
Pegou a flor que havia ganhado
Em seu primeiro encontro
E repousou entre a lágrima e o beijo,

Antes de lacrar o envelope
E encaminhar ao destinatário,
Sete dias depois,
Já era noite,
Quando uma mensagem chegou ao seu celular,
- Oi amada, pode atender a porta?

sábado, 5 de agosto de 2017

Coração Livre

Talvez um beijo de despedida,
Uma chance única para construir uma armadura psicológica,
Para levar consigo ao campo de batalha diário,
Na busca de ser mais que um número,

Mais que uma mera estatística,
Ser reconhecido como ser humano,
Então, o que fazer quando a liberdade é cerceada?
Quando a faca cala a voz na garganta?

Quando o poder corrompe o caráter?
Lutar para ter o coração livre!
Porque ficar inerte e com a cabeça alienada,
Não te livrará de ser vítima desta guerra inacabada,

E o que é o tempo, quando não se tem um propósito?
É servir a pátria com a mão no peito
E a lágrima a cegar o olhar,
E se a morte é o destino certo,

É preciso coragem para quebrar as algemas,
E ter disposição para vencer a tirania,
Porque homens não seguem títulos,
Homens vivem de sonhos,

Porque o poder de um cavalheiro,
Não está na força do seu braço,
Está na estratégia de manejar a espada,
Porque mesmo que nuvens de ameaça 
Pairem sobre nossas vidas,

Jamais podemos permitir a restrição dos nossos direitos,
E se juntos podemos formar a família humana,
Não poderá haver nada que nos retire o direito
De ser respeitado como pessoa,

Conscientes de que palavras com sangue,
Ferem a alma, mas não alimentam a carne,
Então vamos lutar para ter um coração livre?
E então, vamos lutar para ter um coração livre?!

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Abraço Protetor

Deitada em posição fetal,
Abatida por uma emoção surreal,
Me sentia uma menina,
Pequenina e desprotegida,

E lágrimas quentes percorriam minha face,
Abandonadas a própria sorte,
Enquanto sombras densas rondavam minha cabeça,
E vozes fantasmas tentavam se aproximar,

Em uma busca incansável de me machucar,
Reconhecidas pelo gosto insaciável de sangue no olhar,
Vozes sem face, faces sem vontade,
Vontades sem limite, limites sem caráter,

Com uma mão no rosto e outra no peito,
Sentia uma dor profunda rasgar a alma,
Como se o amor houvesse abandonado o meu corpo,
Deixando apenas um vazio que me consumia,
Ainda com os olhos fechados,

Fui envolvida por um toque macio,
Uma leve carícia que guardou meu cabelo atrás da orelha,
E afagou com um beijo o meu rosto,
Com um sussurrar me perguntou se eu estava assustada,

Sem esperar pela resposta,
Me abraçou envolvendo minha cintura e minhas costas,
Me permitindo repousar desamparada
No espaço entre o ombro e o pescoço,
Como se fosse desenhado para abrigar meu rosto,

Segura em seu abraço metálico,
Que se fechava em escudo para me abrigar,
Senti meu coração tomar a forma da batida do seu pulsar,
E feito uma estrela perdida,
Me encontrei na ternura da sua fala,

E vi todas as sombras se dissiparem 
Na delicadeza dos seus olhos verdes,
Mas feito o cenário de um filme,
Pouco a pouco sua imagem foi sumindo,
A um passo de provar o sabor dos seus lábios,
Acordei e percebi se tratar de um sonho.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Amor Verdadeiro

Em um daqueles dias preguiçosos,
Em que o próprio Sol se esconde,
A brincar por entre as nuvens,
Com um vagar lânguido de olhos,

Me deparei com o bem mais precioso,
Feito um verso retirado da página de um livro,
Encontrei o amor verdadeiro,
E feito uma moça que tira a sorte
Ao contar as pétalas da flor bem me quer,

Senti sua fala ressoar na parte mais profunda do meu coração,
E ao cruzar com seu olhar, senti os pés fora do chão,
Um sorriso moldou seus lábios
E um brilho metálico tocou seus olhos,

Com a confiança de uma mulher apaixonada,
Segui ao seu encontro como se estivesse hipnotizada,
E feito um prenúncio proveniente do céu,
O Sol apareceu se despindo do seu véu,

E o dia iluminou,
Irradiando um calor como o do seu corpo acolhedor,
Se eu conseguisse desviar o olhar,
Talvez até pudesse me encantar,

Mas naquele instante não havia nada mais perfeito,
Que o homem másculo que eu tinha diante dos meus olhos,
Com um gesto resoluto esbarrei em seu braço,
E senti os lábios trêmulos pela intensidade do contato,

Sem desviar o olhar, com um gesto instintivo,
Acariciei minha pele onde havia lhe encostado,
Em uma atitude para manter o calor,
E que denunciava a intensidade do meu amor,
Com um passo a frente, ele acariciou minha face,
E moldou meus lábios com seus beijos apaixonados.

Para Sempre

Espectros sussurrantes, rostos sem face,
Camuflados na escuridão,
Acorrentados ao reflexo das luzes,
Sobrevivendo da sucção de almas e corações,

Fantasmas sem vida, perambulantes na noite,
Derramando lágrimas por viver de açoite,
Vozes perdidas, vontades corrompidas,
Procurando uma lacuna em minha mente,
Para edificar o inseguro,
Cedendo suas vidas as vozes mórbidas do cemitério,

Neste desalento, perdida no vazio frio do sofrimento,
Reconheci um cheiro que acelerou minha pulsação,
E vi as vozes fantasmagóricas se calarem aos meus ouvidos,
Emudecidas pelas batidas vigorosas do seu coração,

Assustadas com seus passos fortes,
Momentos antes de você se posicionar a minha frente,
Com seus traços tão perfeitos e estonteantes,
Irradiando chamas de ternura sobre minha pele,

Trazia um sorriso terno a iluminar dos olhos aos lábios,
E ao receber meu sorriso de contento,
Estendeu seus braços afetuosos e me puxou para o seu peito,
Fazendo meus medos se dissolverem,
No amor dos seus lábios ao tocar minha face,

Como um escudo metálico a proteger meu corpo,
E acalentar minha alma,
Mas mesmo agora, porém, um pouco mais distante,
Ainda podia sentir as falas fantasmagóricas a nos vigiar,
A espreita, buscando um meio de nos separar,
Feito um conto de fadas em que o sofrimento antecede o para sempre,

Prendi a respiração, em uma atitude infrutífera de acalmar o coração,
E sem conseguir resistir, olhei intensamente em seus olhos,
E suavemente acariciei da sua face direita
Até a linha que contorna seus lábios,
E delicadamente me entreguei ao sabor dos seus beijos,
E com o desejo mais pulsante, avistei em seus olhos o para sempre.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...