A preocupação me faz bem quando recebo suas flores,
Naquela hora em que estou em casa, sem fazer nada,
E alguém bate a porta com satisfação me trazendo o buquê,
Eu excito ao receber, finjo que não sei quem manda,
Faço aquele sorrisinho de será que é algum admirador?
O rapaz me olha, fica assustado e me olha indagador,
Para não deixa-lo sem resposta, abro o sorriso que você
conhece,
Agradeço a delicadeza, e peço a gentileza de que o retribua,
Então, o faço acordar em certa manhã sem que você espere,
Com aquela sesta bonita contendo flores, bombons e eu seminua,
Por que, desta vez, eu chegarei um pouquinho após isso,
Vestindo aquela roupa que você gosta e que nos faz tão bem,
Bem atrás daquele urso que lhe sugeri para presente,
E que espero que você ainda não o tenha comprado,
Amor, você sabe, agora será com ele que dividirá a cama,
Mas apenas e somente, até que eu esteja ao seu lado,
O fato de eu chegar com pouca roupa espero que admire,
Creio que a camisola é só arrebentar as tiras, improvisamos,
Você sabe bem como usar a boca, querido, seus dentes me caem
bem,
E quando se colocam sobre a minha pele, não sei o que fazer,
Entre beijos, afagos e mãos por todo o corpo eu me
desconheço,
Não sei precisar ante a urgência de ser sua até aquele
ponto,
Aquele que sinaliza aonde paramos e de onde partimos,
Entre gemidos e suspiros, você sabe, esqueço todo o resto,
Só me inteiro do que fica no ar implorando para que
continue,
Absorver a urgência de ser sua só me faz desejar mais de
você,
O amor que me leva a exaustão até me ver sôfrega em seus
braços,
Deveria ceder a emoção de encontrar conforto sem
penalidades,
Sem ter hora para acordar no outro dia e saber que não estaremos
juntos,
Abraçada a saudade como se fosse tudo que me restasse,
A espera de um tempo em que podemos nos entregar de novo,
Tendo você aqui comigo, por que cada um faz sua realidade,
Posso ter deixado você sair da minha casa, mas não do meu
peito,
Você sabe, ficam suas marcas, seus beijos sedentos sobre a
pele,
Pego uma ou duas flores do buquê, desmancho-o sem jeito,
Roço uma delas sobre meu rosto, até pousá-la sobre meus
lábios,
Absorvo o cheiro, é como se me enchesse a alma de vida,
Não é como a sentir o néctar da sua boca, mas se aproxima,
Deixo elas sobre a mesa, você sabe, em sua ausência vivo de
lembranças,
Vou até o quarto repouso a flor ao meu lado sobre a cama,
Contemplo o teto é como se alcançasse as estrelas de dia,
Não mando mensagem, quedo ao silêncio sem dizer nada,
Você me deixa em expectativa eu o deixo em modo espera,
Meus afagos estão engatilhados em estado de alerta,
Um vislumbre seu e corro para abrir a porta segurando a
rosa,
Escolho a vermelha dentre as demais cores, você gosta?
Isso agora me preocupa, escolhi outras para te presentear,
Fico dispersa a imaginar que roupa me isentar de vestir na
próxima manhã,
Agora a palavra ausência me faz bem, com você o nada toma
forma,
Ausência sua de me ver a sonhar contigo feito uma tola,
Desejar me cobrir de nada no outro dia quando for te
visitar,
Diante dessa perspectiva, um vento frio me faz sentir
desprotegida,
Acho que poderia me reprogramar e talvez, adiantar a
surpresa,
Me vejo sentada sobre o seu sofá, feliz com o sorriso em sua
cara,
As chaves, eu invento uma desculpa qualquer para obter,
O sorriso nunca deixou de fazer parte de você,
Uma sensação de paz me invade, não igual aquela em que
estamos juntos,
Mas a que antecede o gosto de ansiedade que oscila em minha
voz,
Desejando confidenciar meus planos, implorando por silêncio,
Respiro fundo para ganhar coragem, em sérias chances de
quedar ao risco iminente,
Seu eu ligar e você atender, o afago da rosa será suficiente
para me manter?
É pura tolice esperar até amanhã o que eu poderia fazer
hoje,
Todavia, atitudes previsíveis possuem resultados
específicos,
Hoje você foi um pouco diferente, gostaria de reagir a
vigor,
São apenas 14 horas que separam à tardinha da noite,
Que por sua vez, antecede o amanhecer, aguardar me parece
inconstante,
Não confio em minhas próprias forças de me colocar distante,
Por mais que jogue todas as suas rosas sobre os lenções
macios,
Mesmo que abrace o travesseiro que você usa sempre que vem,
Entre sonhos e o imaginar de vê-lo chegar em improviso,
Fecho os olhos, anseio pelo adiantar do tempo,
Quem inventou as horas não deveria conhecer o amor,
Se o conhecia, deveria tê-lo sempre ao seu lado,
Não há maneiras confiáveis de verificar isso,
Duvido de tudo que o impede de estar sempre comigo,
Chame a isso dependência, saudade ou outro nome qualquer,
Tivesse o dono do tempo provado os seus beijos,
O teria feito diferente, tenho certeza quanto a isso,
Minha preocupação se torna inconsistente quando abraço o
travesseiro,
Pego a rosa, retiro suas pétalas, não me sinto inteira,
Jogo elas sobre o rosto e as vejo repousar em mim, fecho os
olhos,
Mil beijos seus o trazem mais perto sem que o veja,
Vejo o medo se despetalar e ir para longe do meu seio,
Me sinto aquecida, em meu peito apenas o seu rosto
repousado.