terça-feira, 12 de outubro de 2021

Lhe Juro Amor

O acesso por seu coração era por um desvio que não chamava a atenção,

Usei uma voz calma e compassiva, que falasse de amor,

Mas evitasse discursos como se estivesse me promovendo: a emoção,

Utilizava-a em cada gesto através do qual media cada palavra,


Sim, nenhum afago ou gesto de carinho era expresso em vão,

Muito menos minhas frases eram utilizadas para ser jogadas fora,

Repara como todas as coisas criadas por Deus projetam sombras,

Ora elas pendem para direita, outrora para a esquerda,


Porém, nunca conseguem esquivar ou esconderem-se de seu olhar,

Assim me prostrei para quem amo, de coração aberto e alma pura,

De peça a peça eu me despi do orgulho, aos seus olhos fiquei nua,

Amado foi ele desde o primeiro olhar, porem nem sempre soube,


Fiz do meu amor um sonho bom, castigo a quem sofre de solidão,

Poderia ele ser comparado a alguém que teve tudo e não soube merecer?

Se caísse ferida diante dele por ter lhe dado amor nem assim seria em vão,

O amor que é feito fagulha a um pestanejar some sem deixar rastros,


O meu não é assim, o amo em cada passo e em cada pulsar do coração,

O amor tem poder sobre tudo, que seus braços possam me agradecer,

Pois a nenhum outro seria capaz de entregar tudo o que sinto,

Feito o voar das borboletas, dos pássaros ou da folha que deixa-se,


Há nisso um sinal divino, por vezes, é melhor permitir-se guiar por outro,

Que seria da pessoa que perambula pelo caminho sozinha?

Um coração precisa de outro para pulsar, eu já sei disso,

Aprendi com ele, aquele que amo com toda a alma e mais um pouco,


E se algum dia ele afastar-se de nós dois? Ficará nele esta mensagem:

A de que ele foi amado como nenhum outro e não será esquecido,

Existem os que conhecem o amor, mas desviam-se: estes são ingratos,

Não ele ou eu, porque o que sinto será para todo o sempre: - prometemo-nos!


Respeito nosso compromisso que teve Deus por testemunha,

Não ei de trair um juramento confirmado, Deus tudo sabe, iria entristecer-se,

Depois de ter conquistado seu afago e suas juras de amor,

Que irei querer mais? Sou a pessoa mais feliz do mundo!


Meu amor é maior e tem mais poder que outras possam oferecer,

Eu irei provar isso em cada instante das nossas vidas, porque eu quero,

Adoro ver em seus olhos o quanto ele se sente e sabe que é amado,

Nisso Deus provará e caso duvide lhe mostrará que está em erro,


Eu sei que posso pisar em falso e errar de vez em quando,

Sou falha não posso negar, mas o amo e como amo!

Em cada mágoa que sentes, bem sabes que meu castigo é grande,

Sua dor é minha, sua angústia me fere sem precedentes,


O que possuis esgota-se; porém, no amor é tudo diferente,

Em cada vez que entrego, muito mais me vejo sentir por ele,

Quando digo que o amo, o juro e rogo a ele proteção para nós dois,

Há sempre um desamor que conspire contra o que sentimos,


Ele sabe disso; Deposito no que sinto toda a minha confiança,

Eu sei o quanto o amo: azar dos desamores serem ignorantes!

Rezo para que nada nos distraia, me feriria de morte perdermo-nos,

Mas cada qual recebe o que merece, ninguém é prejudicado;


Dos meus lábios eu lhe envio o mais puro amor, e dele o recebo,

Suas palavras são carícias que me arrepiam a pele,

Sua voz é como música as meus ouvidos, mexe comigo,

Me penetra até a alma e me embala, feito uma dança,


Quando vejo não sou mais que um reflexo do que sinto,

O amor não machuca ele constrói-se por si mesmo,

Em tudo que penso ou faço o vejo como prioridade,

Ele tem valor diante de mim, me derramo em sentimentos,


E ele sabe disso! Agradeço a Deus por ter ele comigo,

Nenhum outro ser saberia o quanto eu o precisava,

Nem mesmo o quanto eu seria capaz de sentir por alguém,

E lhe concedo meu coração agora e sem que tarde, uma família,


O amor sentido é o mesmo que é oferecido,

A jura é feita no decorrer da carícia que percorre o corpo,

A promessa feita por lábios que beijam a boca apaixonada

É a mesma que será cumprida pela ternura de quem a entrega,

Lhe juro amor nem tenho para nós outros planos,

Ei de amar pela vida inteira, 

Como era do início: no mesmo fervor será.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Fica

 


Os olhos claros que me olharam por cima da hortênsia,

Me prometiam muito mais que a proximidade do azul do céu,

A um afagar dos seus dedos uma flor azul foi removida,

Tão logo uma mão se estendeu em minha direção,


Um eu te amo eu vi ser pronunciado por seus lábios,

No doce mover da sua boca sem ruído ou outro gesto,

A importância que ele me cedia me fazia única,

Ainda dói quando me lembro o seu afastar de nós,


Recordo ter me inclinado e oferecido a minha mão em concha,

Toquei usando toda a minha força o seu braço,

Disse num sussurrar e um pulsar acelerado: meu amor fica,

Na mão em concha que eu lhe estendia continha muito,


Posso afirmar que lá estava eu inteira sem mentira alguma,

Pois antes de estendê-la levei-a ao peito e retirei-me,

Ali cabia o meu coração, pois na caixinha que sou eu,

Na qual eu o guardava já não havia mais espaço, perdia-me,


Eu estava tão repleta dele que precisava me entregar,

O erro que cometi tentei concertar com minhas lágrimas,

A dor que eu sentia eu tentei guardar sem dizer nada,

Mas o amor, este eu guardei todo naquele gesto e o ofereci,


Derramado em minhas veias, até nas lágrimas que caiam sobre mim,

Juntei toda a minha força para oferecer um último gesto,

E com ele, uma única palavra que não podia ser calada: fica, eu repetia;

No mesmo instante em que eu me inclinei eu sabia seu tamanho,


Tive ideia do quanto ele era importante e da futilidade do meu caminhar,

Aquele salto agulha que eu usava, não adiantava em nada e até feria,

No inclinar vi transbordar tudo o que eu sentia sem exageros ou clemência,

Eu o amava como nunca a nenhum outro, e ainda tentava me enganar,


Apegada a erros que eu mesma criava para pôr empecilhos,

Na busca do aproximar eu criava distância que eu definia: segura,

Ele compreendeu a mensagem e agora decidia se afastar,

Não negava as juras feitas, nem recolhia as carícias postas,


Apenas partia, dizia que achava que se aproximava a hora,

Provavelmente aquela que eu criei a nossa volta,

A hora de sofrer, os minutos em que eu me recolhia em lágrimas,

Acho que me apaixonei pela dor e não sabia mais viver sem ela,


Mas, agora inclinada, a dor fervilhava em angústia e eu cedia,

Meu coração se derramava diante dele, e dentro só havia amor,

Corriam a nossa volta as lembranças de nós dois juntos e felizes,

E elas gritavam tão alto: não vá, eu lhe peço; que eu não podia recuar,


- Fica, me vi falar, prometo tentar ser, ao menos, diferente de antes...

O primeiro fica saiu num rompante sussurro com vida própria,

O segundo estava mais ciente de sua necessidade e existência,

Mas, no terceiro, eu fechava todos os meus dedos em seu braço,


Ousava olhar em seus olhos sem conter as lágrimas e falar: fica;

Nunca uma palavra foi tão digna de sentimento e tão real quanto esta,

Creio que nunca outra marcará de tal forma: fica, me vi repetir,

Ele se soltou numa sacudidela singela e segura,


Tomou distância segura e de longe, acho que me fitava,

Confesso que quando meus dedos se soltaram eu baixei a cabeça,

Não desejei ver o homem a quem amava partindo da minha vida,

Penso que nem todos são tão fortes e seguros desta forma,


Alguns minutos se passaram levantei o rosto para ver o horizonte,

Queria gritar a ele: destruída, então o vi em pé na minha frente,

Logo atrás do pé de hortênsia, alto e exuberante,

O homem másculo por quem me apaixonei perdidamente,


Dali de onde eu estava podia ver que ele tocava os céus sem sair do lugar,

Seus olhos claros refletiam o firmamento em seu sorriso curvado e singular,

Ele moveu a mão, eu tive um sobressalto rezei aos céus: meu amor, fica,

Queria dizer a ele, meu anjo eu tenho medo, por isso ajo como ajo,


Mas, meus lábios se moveram por vida própria estagnados naquela palavra: fica,

-Eu te amo -, os dele me responderam., seguido por - sim, vou ficar -,

- Tá, foi minha resposta, seguido por um sorriso de canto da boca,

Como aquela que concorda e nem sabe se acredita de tão feliz que está.

domingo, 10 de outubro de 2021

Eu Te Amo e Uma Jura

 

Não desejei olhar para ele por algum tempo,

Mas mesmo toda a mágoa que eu sentia,

Para tal fato não prestava de argumento,

Deixei escapar um suspiro de alívio em minha alma,


Assim que escutei o doce da sua voz me chamando,

Ele dizia o meu nome de forma serena e melodiosa,

Com entusiasmo disse me amar, mas não fez promessas,

Existem coisas mais fortes que prendem um homem,


E isto independe das palavras, é algo do sentir amor,

Pensei um pouco, o meu dar de ombros perdia o efeito,

Declinava sempre que tentava colocar obstáculos entre nós,

Afora a mágoa, não tinha nada em que me agarrar para me manter,


Nem sei ao certo porque discutimos,

Triste momento passageiro e sem efeito,

Posso alegar com certeza não estar em meu juízo perfeito,

Em pensamento eu remexia um cubo de gelo em minha boca,


Tentava esfriar a língua, gelar as palavras macias,

Queria encontrar ao menos uma frase feia para ser pronunciada,

Uma boa o suficiente para magoar quem mais amava,

Sabe por quê? Pelo motivo de ter me sentido ferida,


O instante em que lágrimas tomaram o meu olhar

Me fez desejar não ver mais nada a minha frente,

Cega a quem amava, lhe virei as costas sem pensar em nada,

Mas o gelo derretia e me embriagava de algo quente,


Sempre que ele falava eu cedia sem pestanejar,

Seu efeito sobre mim nunca era diferente,

Meu fechar de olhos momentâneo continha as lágrimas,

Isso bastava para esfriar os fatos, mas não para esquecer,


Não enquanto ele não passasse um braço sobre o meu ombro,

Me puxasse para o seu abraço e me colocasse de encontro a ele,

Olhando em seus olhos, recostada em seu peito,

A espera de que o seu beijo pudesse sugar o que viesse,


Fosse o gelo da dor escorregadio por minha língua,

Ou melhor: o amor que a tudo colocava panos quentes,

A jura que me mantinha abrigada a este amor

Não havia sido pronunciada em palavras,


Embora tenha sido escrita por seus lábios

De outra forma, ou seja, através de beijos e mais nada,

Pois os afagos que me percorreram através da voz aveludada

Não faziam promessas, eram frases seguras como o seu abraço,


- Fica comigo ele pedia antes de eu desejar partir,

Ensaiei um olhar frio, agora presa em seu peito másculo,

Queria tomar um drinque qualquer coisa que me desviasse,

Mas, isso apenas até eu abrir meus olhos e fita-lo,


Lembrei do incidente da briga pondo gelo entre meus lábios,

Virei o rosto para me afastar para o lado,

Tentativa inútil de não senti-lo, nem mesmo queria me esquivar,

Permaneci recostada a ele, sem saber o que ele fazia,


Mas condizente por que conforme ele agia eu o sentia,

E quanto isso significa? O suficiente para eu ficar,

Meus pensamentos desaceleravam conforme o seu pulsar,

Ele tinha um ritmo e eu o acompanhava,


Até o lacrimejar do olhar tomava outro gosto na boca,

Pensei por alguns segundos e decidi lhe dar uma amostra,

Me empurrei para trás, levantei os pés e o beijei,

Em silêncio, provando o que havia de mais profundo,


Desejei o contorno dos seus lábios entre os meus,

Senti o gosto macio da sua voz dentro da minha boca,

Eu te amo suspirei de encontro a ele e o empurrei,

Em desiquilíbrio tremular do seu corpo, um piscar de olhar


E o eu te amo lhe molhou os lábios em juras apaixonadas,

Puxei-o junto a mim, juntei em sua camisa na altura do seu peito,

Com a mão fechada e em punho, atitude de defesa ou ataque, não sabia,

Amassei-a entre os meus dedos e colei meu rosto no dele,


Com sofreguidão e intensidade pressionei meus lábios nele,

Em seu rosto, sua pele, sua boca, suguei-o com forçada serenidade,

- Eu te amo, fica comigo para sempre?!

Ouvi sua voz me responder e (agora) pedir em um tom grave,

Quase uma ordem.

sábado, 9 de outubro de 2021

Eu Te Amo Mais

 


A impressão que tive dele,

Era a de que o brilho no olhar e o sorriso na face

Diziam mais do que ele queria que expressassem,

Havia uma indagação que o denunciava,


Algo que exigia pouco mais de um par de horas,

Eu me tornava infiel a ideia,

Tudo que havia em mim lutava contra isso,

Não saberia expressar de que se tratava,


Mas guardava a certeza em mim de ser contra,

A desfaçatez compreende uma pequena armadilha,

Ele caiu em cheio, tropeçou no que acreditava,

Eu me encontrava na cama, cabeça no travesseiro,


Descoberta de ideias de reação, enrolada em um edredom,

Olhos fechados, sorriso no rosto, pensava nele,

Minha mão estava fechada, desacompanhada do que sentia,

Me esforçava mas não o compreendia,


A chave do quarto girou sem esforço, uma porta foi aberta,

Um rosto se colocou primeiro para dentro,

Seguido de um corpo desnudo e bem definido,

Me pergunto: o que seria de um homem se não tivesse coração?


Não precisei abrir meus olhos para constatar tudo isso;

Sentia seu cheiro embriagando o ar,

Aquela sua fragrância masculina impregnava e eu gostava dela,

Era desconcertante porque eu queria relaxar,


Pensar em outras coisas e ganhar distância,

Distância de constatar que eu estava seminua,

Que minha calcinha estava prestes/ implorando para ser removida,

Que o sutiã apertava contra o peito que arfava,


Um suspiro escapava dos meus pulsões num salto do meu coração,

E o dele permanecia impassível, em pé, ele me fitava;

Parado a alguns metros de distância segura de mim mesma,

Pudesse abrir a janela, puxar as cortinas e permitir a lua entrar,


Talvez um sussurro do vento levasse as ideias,

E eu pudesse ganhar distância do que sentia,

Como se pudesse levar o cheiro dele, o charme,

Mas que ainda deixasse ele, e me ofertasse a imunidade,


O mais se encaixaria, eu saberia reagir e decidir por mim mesma,

Ainda de olhos fechados, desejei ir ao banheiro,

O calor reagia contra o uso de roupas, tudo ficava desnecessário,

Nenhuma palavra foi pronunciada, parecia não haver o que falar,


Eu sabia que ele ainda me olhava, eu podia sentir seu olhar,

Era a primeira vez que eu juntava forças contra,

Meu primeiro desejo de agir de forma adversa,

Me soava feito um sonho estranho, quase feito um soluço,


Um homem perfeito, eu usaria outra palavra se tivesse encaixe,

Nenhuma outra tinha; perfeito de um jeito ligeiramente irritante,

O homem por quem me apaixonei era diferente de tudo que desejei,

Era de verdade, másculo e irritantemente atraente,


Era daqueles que faz você desejar passar uma noite ao seu lado,

E acordar todas as manhãs bem arrumada para poder beijá-lo,

Aquele que te faz preocupar-se com quem você é,

E com o que você sonha, que calcinha você prefere,


Em qual parte do seu corpo o beijo dele cai mais bem...

Ele suspira, eu sinto sua voz feito um afago em mim,

Mesmo ele não tendo dito coisa alguma, eu o ouço dizer,

Soa feito um beijo a repousar em meus lábios e percorrer minha alma,


Desejo que não saia, então, gradeço pela janela fechada

Deste sábado de outubro em noite estrelada,

Abro os olhos sem calma; ele que está lá, se aproxima,

Ele é quem eu amo, eu tinha um começo de ideia sobre isso,


Mas, por mais que o tempo passe eu ainda não pude ser tão profunda,

Me esforço em decifrar o quanto sinto, mas mais eu sinto e mais amo,

Volto-me para assuntos banais, pareço estar fugindo disso,

Se a vida é assim tão fugaz, ainda assim não poderia sentir menos.


A Lhe Esperar

 

Seu olhar impertinente se coloca sobre mim,

Faz com que minhas palavras fujam da boca,

Engolidas em seco com minha falta de jeito,

Termino por não fazer nada, o deixo aguardar,


No silêncio do suspiro apaixonado que seguro, penso:

Será que ele conhece a força do seu magnetismo?

Sabe a influência que exerce sobre os meus atos?

Conquista tudo que deseja e eu gosto disso,


Faço um sinal para que ele permaneça em silêncio,

Já basta a força do seu olhar para me fazer estremecer,

Somado as suas palavras, o timbre da sua voz,

O carinho que ele coloca em cada frase - não sei reagir -,


Me sinto uma tola cambaleante em seu fascínio,

Vejo abrir-se um vão entre cada sílaba, não consigo juntá-las,

Caio nesta estrada sem conseguir definir meus atos,

Queria poder pronunciar mil vezes mil Eu te Amos,


Quem dera pudesse fazer um resumo de tudo que sinto,

E mais, dizê-lo! Minha voz fica rouca, estremece,

Desce em queda livre por minha garganta e não volta.

É certo que odeio esta minha falta de atitude,


Mas ele permanece imune ao seu próprio efeito,

Se protesta é quando me afogo no meu mar de palavras,

Caso me falta o ar ou se algo me fere, ele sempre está lá,

Minhas palavras gostam de vir em ondas uma atrás da outra,


Disparo todas elas de uma vez e desejo que me entenda,

No espaço destas ondas é onde meus passos se perdem,

Necessito da sua mão entrelaçada na minha para me amparar,

Isso se deve ao fato de que, às vezes, elas vêm com muita força,


Produzem efeito reverso, revestem-se de sentimentos e reagem,

Mas ao invés de me fazer ir em frente, me puxam para trás,

Assim mesmo, quando não tenho mais que a sua voz, é suficiente;

Pois, quando abro a boca mil vezes, apenas para fechar sem dizer nada,


Ele não rejeita, se corto o cabelo deste ou daquele modo: apoia;

Minha emoção ir-refreada encontra abrigo em sua força,

Ele me contém em seu abraço, conhece tudo de mim,

Obs:. Contém: ato de guardar com cuidado e zelo; ato de possuir para si;


Seu olhar penetra o invólucro em que eu me escondo,

Ao lado dele, eu começo a ter ideia do meu próprio valor,

Minha maior intenção é penetrar nele afundo,

Conhecer sua alma e me abrigar nela, conforme faz me sentir agora,


Mas, ante a falta de palavras o receio se instaura,

Naquele vazio que a solidão construiu em meu peito,

É lá que ele está reconstruindo, ele é muito maior que a dor que já senti,

Tenho medo de perde-lo, estou certa por pensar assim?


Quando alguém se torna muito importante dentro da gente,

Penso que sim, que seja normal me sentir deste jeito,

Imagino que ele me entenda, ele deve conhecer seus efeitos,

É devastador o jeito como me olha, nunca me vejo a mesma,


Toda a cortina em que me abrigo cai por terra, me sinto nua,

Gosto se ele gostar, porque me sinto e desejo ser apenas sua,

Não é um me anular, é um querer ser melhor para agradar,

É um não medir esforços, o problema é que nem sempre sei agir,


Por vezes, quando as palavras fogem e voltam em ondas,

Eu caio; já disse, minha sorte é que ele corre ao meu amparo,

Os olhos dele me encontram e denunciam: aprofundam-se,

Não se guardam calados, sempre tem algo a dizer,


Ele é transparente, o que tiver para dizer é falado mesmo entredentes,

Sim, acontece de discutirmos, apenas por pequenos instantes,

Busco manter meu sorriso, tento não levantar a voz,

Mas, tenho aquele problema das palavras que fogem,


Entrego a ele meu olhar furtivo, acrescento um sorriso,

A expressão dele se abre vejo o carinho transparecer na face,

-Eu te amo, meu neném - me ouço dizer com voz acalorada,

Depois da minha busca pelas palavras mais apropriadas,


Decido por decidir que mil vezes mil Eu te amos é pouco ainda,

Os olhos dele sem mantem pausados sobre mim,

Não precisam mais me buscar, mas ainda assim buscam,

- Eu sou sua -, me vejo sentir e finalmente pronunciar,


Penso em me atirar em seus braços para não sair mais,

Me vejo suspirar e sorrir com o olhar tremulo de quem ama e espera.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Um Sorriso Desenhado Em Traços Perfeitos

 

Ele tinha o lábio inferior petulante,

Docemente aberto no rosto bem definido,

Olhos assombreados em sorriso marcante,

Fitei-o desconfiada não mereci mais que o sorriso gelado,


De pernas tremulas permaneci petrificada,

Podia escolher amar mil homens não valeriam o que ele era,

Um rapaz de postura e traços arrebatadores,

Do tipo que não pede um sorriso, ele ganha por nada,


Movi a cabeça o suficiente para os cabelos caírem na face,

Desejei tentar esconder o efeito devastador dele,

A causa que faz com que suas fortalezas caíam por terra,

Que despe sua armadura sem que você queira,


Nem um movimento em minha direção ele fez,

E cá estava eu, devastada, louca, apaixonada,

A mocinha que sempre esperou o cara perfeito,

O encontrava melhor do que se tivesse feito promessa,


Um desejo oculto que se materializa melhor que o pedido,

O sonho que não ousou ser sonhado na melhor das ideias,

O rompimento da linha tênue que divisa o imaginário da realidade,

Naquele instante a linha tênue era expressa por  meus cabelos,


Sonhavam esconder meu encanto, mas nada conseguiam,

Murmurei algo incompreensível para mim mesma,

Quebrei o silêncio que amordaçava tudo o que eu sentia,

Arrisquei uma jogada de cabelo para o lado e um olhar,


Ele ainda sorria, algo em mim lhe chamava a atenção,

Talvez fosse minha alma sobressaltando o coração,

Fiz um movimento em semicírculo e fiquei estagnada,

Existem horas na vida em que parar vale mais que seguir,


Se havia uma chance única de tê-lo eu me arriscaria por ela,

Por todo o tempo que fosse possível, lutaria até o fim,

Aumentei o tom de voz somente para acrescentar:

- Te amo -, movia o celular em círculos por entre os meus dedos,


O cabelo ficou preso no meio do meu sorriso, deslizava-o,

Parecia uma carícia que me protegia e me propunha,

De um jeito sedutor que emudeceu sua voz e seu semblante,

Mas, aqueles lindos lábios petulantes muito diziam,

Mesmo quando ficavam entreabertos em indefinido silêncio;


O arfar dos meus seios naquele vestido florido me deixava contrafeita,

Eles expunham meus braços como se gritassem para ele: venha,

Servi-me de toda coragem que tinha para mordiscar o sorriso,


Convidei-o, estendendo uma mão adiante do meu corpo,

Não tencionava uma apresentação,

Tinha a impressão de que nos conhecíamos a tempos,

E tempo era o que eu não tinha, não movida por tanta emoção,


Meu corpo gritava para que ele pudesse ouvir,

Sou sua, é insuficiente o tempo para te fazer decidir?

Ousei um suspiro, queria ordenar meus pensamentos,

Quando o tempo é escasso não tolera-se os erros,


No que refere-se ao coração errar dói em efeito desumano,

Endireitei a coluna em postura ereta, ambos frente-a-frente,

Joguei levemente os ombros em forçada indiferença,

Me vi nua, ele parecia penetrar minha alma,


Mas, não me sentia exposta, ao contrário estava segura,

Um sorriso impassível me arrematava,

Atônita com seu efeito eu emendei a frase deixada para trás,

- Parabéns! – Naquela hora eu comemorava esta data,

Não por pouco motivo – conhecia o homem que amaria por toda a vida.


quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Eu te amo - Entrededos

Peguei a carta entre os meus dedos abertos,

O vão por onde o deixei partir agora fazia sentido,

Deslizei a mão uma vez por suas linhas,

Sem arriscar olhar o que diziam, já a havia lido,


Sabia identificar cada palavra que parecia gritar,

Mantinha meus olhos fechados,

Quisera eu, pudesse me acordar deste sonho,

Onde o busco sem cessar, mas não encontro,


Contudo, as doces palavras nada diziam além de lembranças,

Falavam de um sonho bonito e acrescentavam um fim ao que vivemos,

Quisesse dizer algo, não poderia minha voz estava embargada,

A dor de sua partida me feria a alma,


Uma chuva de lembranças vinha à tona por meus olhos,

Balbuciei algo sem contê-las que em lágrimas escorriam,

Mesmo os olhos cerrados não eram capazes de freá-las,

Desciam por meu rosto, apagavam o sorriso,


Molhavam o papel e com ele avivavam as palavras trêmulas,

Elas dobravam seu tamanho, amargas a afogar-se no mar de dor,

Tivesse eu, visto-as, talvez pudesse salvá-las,

Mas lhe digo, meus olhos não foram capazes de abrirem-se,


A dor era tamanha que me consumia por inteira,

Trouxe a carta ao peito, recostei-a em meu coração,

Ele palpitou descompassado, disse algo que eu não entendi,

Mantive minha mão onde estava desde o início,


Meus dedos pareciam pregados nela, não se moviam por nada,

As palavras escorriam e pulavam da carta,

Ganhavam vida esmurrando-me com lembranças,

Tivesse eu esquecido, o que poderia restar de mim?


É possível esquecer alguém que se ama com toda a alma?

As últimas frases pareciam estar ficando prejudicadas,

A caligrafia borrada impedia de ver seu conteúdo,

Mas ele estava vívido em mim, falava de quando partira,


Do instante em que decidira dar um fim a tudo que vivemos,

Embora eu não a pudesse ler eu reconhecia sua letra,

Mantinha os olhos fechados, até que soluços me romperam,

Dilacerada dor em mil fragmentos se mortificava – as lágrimas -,


Morria ela enquanto apagava a letra de uma lembrança,

Poderia morrer naquela hora e não sentiria dor maior que outrora,

Pior que vê-lo desentrelaçar nossos dedos para abrir a porta,

Apenas para depois fechá-la contra os meus sentimentos,


Não iria acontecer, perder quem se ama por meio de uma carta,

Nada mais que pouca coisa dita, muita escrita e única atitude:

- Pam, pam -  um bater de porta, um adeus pronunciado em silêncio,

Um olhar que não cruzaria com o meu, dois corações partidos,


Com apenas uma frase eu costumava mudar tudo ao redor,

- Eu te amo, meu amor não vá -, mas desta vez não bastou,

Toda a minha força agarrada aos seus dedos, não ajudou,

Ele abriu a mão, ergueu seus dedos, depois removeu dos meus,


Virou o rosto para a frente em gesto decidido,

Deixou o braço para trás e depois o puxou, sem falar nada,

Não ousou um último olhar, apenas se afastou seguro,

Acho que eu quis morrer, acho que ele sabia disso,


Penso que esta carta signifique algo além de tudo isso,

Com um arfar no peito, um suspiro que vinha de dentro

Me fez soltar a carta, afastá-la por um único segundo,

Levei a mão ao rosto, sequei as lágrimas doloridas,


Quando pude abrir os olhos avistei minha mão manchada,

Os dedos onde eu mantive a carta a todo custo comigo

Continham palavras como se fossem tatuadas,

Sílabas se formavam conforme eu os juntava,


A tinta que escorreu da carta havia penetrado em mim,

- Eu te amo, e alguma coisa rabiscada eu pude ler entrededos,

Decidi procura-lo e para a dor que me consumia buscar um fim.

A colina

Sentadas. Lado a lado. Mãe e filha. O sol partia na coluna Em frente aonde Estavam sentadas, Ambas abraçadas. Pensativas....